Marta guiando o tarasca
(miniatura medieval francesa)
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Era irmã de Maria e de Lázaro. Quando
recebia o Senhor em sua casa de Betânia, servia-o com muita solicitude. Com
suas preces, obteve a ressurreição do irmão.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de Santa Marta :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Dos Sermões
de Santo Agostinho, bispo
(Sermo 103, 1-2. 6 : PL 38, 613.615)
(Séc.V)
Felizes
os que mereceram receber a Cristo em sua casa
As palavras de nosso Senhor Jesus Cristo nos advertem que, em meio à
multiplicidade das ocupações deste mundo, devemos aspirar a um único fim.
Aspiramos porque estamos a caminho e não em morada permanente; ainda em viagem
e não na pátria definitiva; ainda no tempo do desejo e não na posse plena. Mas
devemos aspirar, sem preguiça e sem desânimo, a fim de podermos um dia chegar
ao fim.
Marta e Maria eram irmãs, não apenas irmãs de sangue, mas também pelos
sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor; ambas, em perfeita
harmonia, serviam ao Senhor corporalmente presente. Marta o recebeu como
costumam ser recebidos os peregrinos. No entanto, era a serva que recebia o seu
Senhor; uma doente que acolhia o Salvador; uma criatura que hospedava o
Criador. Recebeu o Senhor para lhe dar o alimento corporal, ela que precisava
do alimento espiritual. O Senhor quis tomar a forma de servo e, nesta condição,
ser alimentado pelos servos, por condescendência, não por necessidade. Também
foi por condescendência que se apresentou para ser alimentado. Pois tinha
assumido um corpo que lhe fazia sentir fome e sede.
Portanto, o Senhor foi recebido como hóspede, ele que veio para o que era seu, e os seus não o acolheram. Mas, a todos que o receberam, deu-lhes
capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,11-12). Adotou os servos e
os fez irmãos; remiu os cativos e os fez co-herdeiros. Que ninguém dentre vós
ouse dizer : Felizes os que mereceram receber a Cristo em sua casa! Não te
entristeças, não te lamentes por teres nascido num tempo em que já não podes
ver o Senhor corporalmente. Ele não te privou desta honra, pois afirmou : Todas as vezes que fizestes isso a um dos
menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes (Mt 25,40).
Aliás, Marta, permite-me dizer-te : Bendita sejas pelo teu bom serviço!
Buscas o descanso como recompensa pelo teu trabalho. Agora estás ocupada com
muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora sejam de
pessoas santas. Mas, quando chegares à outra pátria, acaso encontrarás
peregrinos para hospedar? encontrarás um faminto para repartires com ele o pão?
um sedento para dares de beber? um doente para visitar? um desunido para
reconciliar? um morto para sepultar?
Lá não haverá nada disso. Então o que haverá? O que Maria escolheu : lá
seremos alimentados, não alimentaremos. Lá se cumprirá com perfeição e em
plenitude o que Maria escolheu aqui : daquela mesa farta, ela recolhia as
migalhas da palavra do Senhor. Queres realmente saber o que há de acontecer lá?
É o próprio Senhor quem diz a respeito de seus servos : Em verdade eu vos digo : ele mesmo vai fazê-los sentar-se à mesa e,
passando, os servirá (Lc 12,37).
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas III’, 1453, 1455
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