* Artigo de Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá - PR
‘Era uma vez um rei que queria pescar.
Ele chamou o seu meteorologista e pediu-lhe a previsão do tempo para as
próximas horas. Este lhe assegurou que não iria chover. A noiva do monarca
vivia perto de aonde ele iria e colocou sua roupa mais elegante para
acompanhá-lo. No caminho, ele encontrou um camponês montando seu burro que viu
o rei e disse : ‘Majestade, é melhor o
senhor regressar ao palácio porque vai chover muito’.
O rei ficou pensativo e respondeu : ‘Eu tenho um meteorologista, muito bem pago,
que me disse o contrário. Vou seguir em frente’. E assim fez. Choveu
torrencialmente. O rei ficou encharcado e a noiva riu-se dele ao vê-lo naquele
estado. Furioso, o rei voltou para o palácio e despediu o meteorologista.
Em seguida, convocou o camponês e
ofereceu-lhe emprego. O camponês disse : ‘Senhor,
eu não entendo nada disso. Mas, se as orelhas do meu burro ficam caídas,
significa que vai chover’. Então, o rei contratou o burro. E assim começou
o costume de contratar burros para trabalhar junto ao poder.
Os sábios e as fábulas têm sempre um
recadinho certo na hora certa, e diante desta fábula podemos dizer : Qualquer
semelhança é mera coincidência. Mas a qualidade de burro pode ser atribuída ao
contratado como aquele que contratou. Pois a burrice está tão solta que não se
sabe bem onde ela predomina. E agora José? Estamos indo para o final do mundial
de futebol, entre glórias e festas, entre férias e feriados, gritos e
bebedeiras, acidentes e mortes, mas tudo é festa. Até quando?
Estamos sendo avisados de que festa por
festa, sem reflexão e atitudes de iniquidade resultam em consequências
desastrosas.
Tudo passa. As festas, os estádios
cheios, os nervosismos da prorrogação e pênaltis, enfim tudo terá um fim. O que
será melhor para nós e para o Brasil? Faço o paralelo da festa do futebol com
os próximos capítulos da nossa história.
Ao mesmo tempo em que tudo é verde,
amarelo, azul e branco, dando e vendendo patriotismo nunca visto, na surdina e
na mídia aparecem os salvadores da pátria amada e idolatrada.
Já estamos mergulhados em um processo
eleitoral que se mostra complicado. Tenho ouvido constantemente dúvidas como : ‘Em quem votar? Qual o melhor? Vale a pena ir
às urnas?’
Não podemos esquecer que patriotismo
vai muito além de futebol. É também depositar o voto consciente e livre nas
urnas. Confiar e acreditar, depois de uma análise criteriosa.
Não podemos esquecer-nos da palavra do
profeta Jeremias : ‘Maldito o homem que
confia no homem’ (Jer 17,5). Toda escolha tem suas consequências, por isso
no que dependerá de nós, a escolha deve ser sempre pessoal, por isso, consciente;
livre de toda influência externa, porque voto não tem preço, e sim
consequências.
Antes das
nossas decisões devemos invocar o Espírito Santo. Só o Espírito Santo é capaz de nos
mostrar claramente quem é joio e quem é trigo neste processo todo. Antes de
votar, rezemos. E depois de rezar, vamos à campo. É preciso conhecer os
candidatos, suas propostas, seus partidos, o que pensam e principalmente o que
fizeram. Esta junção de fé e ação é primordial para que façamos boas escolhas.
E cada vez mais estou convencido de que no campo da política precisamos de uma
ação imediata do Espírito Santo, para que tenhamos governos éticos, decentes e
que promovam o bem comum.
Vamos fazer a nossa parte. Que Deus
abençoe você e sua família. Seja você o trigo, o sal da terra, a luz do mundo.
Assim já teremos uma sociedade muito melhor.’
Fonte :
* Artigo na íntegra
de http ://www.news.va/pt/news/tempos-de-decisoes
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