Justino, filósofo e mártir, nasceu no
princípio do século II, em Flávia Neápolis (Nablus), na Samaria, de família
pagã. Tendo-se convertido à fé cristã, escreveu diversas obras em defesa do
cristianismo; mas se conservam apenas as duas Apologias e o Diálogo com Trifão.
Abriu uma escola de filosofia em Roma, onde mantinha debates públicos. Sofreu o
martírio, juntamente com seus companheiros, no tempo de Marco Aurélio, cerca do
ano 165.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de São Justino, mártir :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Das Atas do
martírio dos santos Justino e seus companheiros
(Cap.1-5 : cf.PG
6, 1566-1571) (Séc. II)
Abracei
a verdadeira doutrina dos cristãos
Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma,
chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a
Justino : ‘Em primeiro lugar, manifesta
tua fé nos deuses e obedece aos imperadores’. Justino respondeu : ‘Não podemos ser acusados nem presos, só pelo
fato de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador’.
Rústico indagou : ‘Que doutrinas
professas?’ E Justino : ‘Na verdade,
procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira
doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro’.
O prefeito Rústico prosseguiu : ‘E
tu aceitas esta doutrina, grande miserável?’ Respondeu Justino : ‘Sim, pois
a sigo como verdade absoluta’.
O prefeito indagou : ‘Que verdade é
esta?’ Justino explicou : ‘Adoramos o
Deus dos cristãos, a quem consideramos como único criador, desde o princípio,
artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis : adoramos também
o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero
humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples
homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a sua
infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente
anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus. Sei que eram inspirados por
Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda entre os homens’.
Rústico perguntou : ‘Então, tu és
cristão?’ Justino afirmou : ‘Sim, sou
cristão’.
O prefeito disse a Justino : ‘Ouve,tu
que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina : se fores
flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?’ Disse
Justino : ‘Espero entrar naquela morada,
se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem
santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro’.
O prefeito Rústico continuou : ‘Então,
tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição’?
Justino respondeu-lhe : ‘Não suponho, tenho a maior certeza’.
O prefeito Rústico declarou : ‘Basta,
deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é
urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses’. Justino
respondeu : ‘Ninguém de bom senso
abandona a piedade para cair na impiedade’. O prefeito Rústico insistiu : ‘Se não fizerdes o que vos foi ordenado,
sereis torturados sem compaixão’. Justino disse : ‘Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que
sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a
salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que
é universal e mais terrível que o teu’.
O mesmo também disseram os outros mártires : ‘Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos’.
O prefeito Rústico pronunciou então a sentença : ‘Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do
imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital,
segundo a norma das leis’. Glorificando a Deus, os santos mártires saíram
para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio
proclamando a fé no Salvador.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas II’, 1610, 1612
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