Nasceu em 1568 perto de Mântua, na
Lombardia (Itália), filho dos príncipes de Castiglione. Sua mãe educou-o
cristãmente e, desde cedo, manifestou grande desejo de abraçar a vida
religiosa. Renunciando ao principado em favor de seu irmão, ingressou na Companhia
de Jesus, em Roma. Durant os estudos de teologia, ocupando-se com o serviço dos
doentes nos hospitais, contraiu uma doença que o levou à morte em 1591.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de São Luís Gonzaga, Religioso :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Da Carta
escrita por São Luís Gonzaga à sua mãe.
(Acta Sanctorum, Iuni, 5,578) (Séc.XVI)
Cantarei
eternamente as misericórdias do Senhor
Ilustríssima senhora, peço que recebas a graça do Espírito Santo e a sua
perpétua consolação. Quando recebi tua carta, ainda me encontrava nesta região
dos mortos. Mas agora, espero ir em breve louvar a Deus para sempre na terra
dos vivos. Pensava mesmo que a esta hora já teria dado esse passo. Se é
caridade, como diz São Paulo, chorar com os que choram e alegrar-se com os que
se alegram (cf. Rm 12,15), é preciso, mãe ilustríssima, que te alegres
profundamente porque, por teus méritos, Deus me chama à verdadeira felicidade e
me dá a certeza de jamais me afastar do seu temor.
Na verdade, ilustríssima senhora, confesso-te que me perco e arrebato
quando considero, na sua profundeza, a bondade divina. Ela é semelhante a um
mar sem fundo nem limites, que me chama ao descanso eterno por um tão breve e
pequeno trabalho; que me convida e chama ao céu para aí me dar àquele bem
supremo que tão negligentemente procurei, e me promete o fruto daquelas
lágrimas que tão parcamente derramei.
Por conseguinte, ilustríssima senhora, considera bem e toma cuidado em
não ofender a infinita bondade de Deus. Isto aconteceria se chorasses como
morto aquele que vai viver perante a face de Deus e que, com sua intercessão,
poderá auxiliar-te incomparavelmente mais do que nesta vida. Esta separação não
será longa; no céu nos tornaremos a ver. Lá, unidos ao autor da nossa salvação,
seremos repletos das alegrias imortais, louvando-o com todas as forças da nossa
alma e cantando eternamente as suas misericórdias. Se Deus toma de nós aquilo
que havia emprestado, assim procede com a única intenção de colocá-lo em lugar
mais seguro e fora de perigo, e nos dar aqueles bens que desejamos dele
receber.
Disse tudo isto, ilustríssima senhora, para ceder ao desejo que tenho de
que tu e toda a minha família considereis minha partida como um feliz
benefício. Que a tua bênção materna me acompanhe na travessia deste mar, até
alcançar a margem onde estão todas as minhas esperanças. Escrevo isto com
alegria para dar-te a conhecer que nada me é bastante para manifestar com mais
evidência o amor e a reverência que te devo, como um filho à sua mãe.
Fonte:
‘In Liturgia das Horas III’, 1361, 1363
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