* Artigo de Dom Jaime Spengler,
Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre (RS)
‘Nestes dias, a Igreja inteira canta: “Vinde Espírito Santo de Deus e
enchei os corações dos vossos fiéis...”. Canta, pois cremos que a força do
Espírito Santo haverá de fazer novas todas as coisas, renovando assim a face da
Terra.
Nós, que vivemos uma
“mudança de época”, sentimos a necessidade de “um raio de luz” do Espírito
Santo, para que possamos, enquanto comunidade humana, discernir os desígnios do
Eterno para a nossa realidade de hoje, marcada por contradições de toda
espécie, tensões provindas de expressões fundamentalistas e individualistas,
além de sinais de violência que não mais causam indignação.
O Espírito Santo
certamente sempre esteve presente nas diversas fases da história. Já estava
presente na origem do mundo (cf. Gn 1,1-2). Fez-se ainda mais presente em Maria
de Nazaré, possibilitando a humanidade de Jesus. Acompanhou toda a atividade
terrena de Jesus: na sua força pôde ele curar doentes, expulsar espíritos
impuros e ressuscitar mortos.
Marcou o nascimento
da Igreja quando, 50 dias após a Páscoa, estando os discípulos do senhor Jesus
reunidos, “de repente, veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu
toda a casa em que se encontravam. Então, apareceram línguas como de fogo que
se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo...” (At 2, 2-4). E, se até então aqueles homens estavam marcados pelo
medo, agora foram tomados por uma coragem tal que causava admiração e
perplexidade (cf. At 2, 12). Tal coragem e força lhes permitiu percorrer
aldeias, cidades e regiões anunciando a Boa Nova de Jesus e cooperando para o
fortalecimento das igrejas na fé (cf. At 16,5).
É o mesmo espírito
que continua inspirando e orientando a Igreja nos tempos atuais. Em meio às
mais diferentes situações culturais, sociais, políticas e econômicas, a Igreja
se compreende conduzida pelo Espírito Santo; por isso, ela, como mãe, exorta
sem cessar os seus filhos a que se purifiquem e se renovem, para que o sinal de
Cristo brilhe mais claramente no rosto da Igreja (Cf. Gaudium et Spes, 43).
Fiel a seu fundador, a Igreja deseja sempre mais se fazer solidária com os que
mais sofrem no mundo. Quer sempre mais ser a “casa aberta” que acolhe a todos
sem distinção, e, ao mesmo tempo, deseja que seus ministros não se cansem de ir
ao encontro dos fiéis, especialmente os que mais sofrem. Desse modo, ela
procura corresponder à ordem do próprio Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e
anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Mc 16, 15).
Nós, homens e
mulheres, marcados pela fé cristã, nos colocamos de joelhos diante do Senhor e
com toda a Igreja rezamos: “Vinde, Espírito Santo, e enviai do céu um raio de
vossa luz. Vinde, pai dos pobres, vinde, distribuidor dos bens, vinde luz dos
corações. Consolador ótimo, doce hóspede das almas e suave refrigério. Nos
trabalhos sois o repouso, no calor o frescor, nas lágrimas a consolação. Ó luz
beatíssima, inflamai o íntimo dos corações dos vossos fiéis. Sem a vossa graça
nada há no homem, nada de inocente. Lavai o que é sórdido, regai o que é seco,
sarai quem está ferido. Dobrai o que é duro, abrasai o que é frio e reconduzi o
desviado. Concedei aos vossos servos, que em vós confiam, os sete dons
sagrados. Dai-lhes o mérito das virtudes, o êxito da salvação e a alegria
perene”. Amém.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/o-espirito-de-deus
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