Nasceu na Inglaterra, cerca de 673. Fez
a profissão religiosa e viveu no mosteiro de Exeter. Em 719 partiu para a
Alemanha, a fim de pregar o evangelho, obtendo excelentes resultados. Ordenado
bispo, governou a Igreja de Mogúncia e, com a ajuda de vários colaboradores,
fundou e restaurou diversas Igrejas na Baviera, na Turíngia e na Francônia.
Realizou concílios e promulgou leis. Quando evangelizava os frisões, foi
assassinado por pagãos em 754. Seu corpo foi sepultado no mosteiro de Fulda.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de São Bonifácio, Bispo e Mártir :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Das Cartas
de São Bonifácio, bispo e mártir
(Ep.78 :MGH, Epistolae, 3,352.354)
(Séc.VIII)
Pastor
solícito, vigilante sobre o rebanho de Cristo
A Igreja é como uma grande barca que navega pelo mar deste mundo.
Sacudida nesta vida pelas diversas ondas das tentações, não deve ser abandonada
a si mesma, mas governada. Na Igreja primitiva temos o exemplo de Clemente,
Cornélio e muitos outros na cidade de Roma, de Cipriano em Cartago, de Atanásio
em Alexandria. Sob o reinado dos imperadores pagãos, eles governaram a barca de
Cristo, ou melhor, a sua caríssima esposa, que é a Igreja, ensinando-a,
defendendo-a, trabalhando e sofrendo até ao derramamento de sangue.
Ao pensar neles e noutros semelhantes, fico apavorado; o temor e o tremor me penetram e o pavor dos
meus pecados me envolve e deprime! (Sl 54,6); gostaria muito de abandonar
inteiramente o leme da Igreja, se encontrasse igual precedente nos Padres ou na
Sagrada Escritura.
Mas não sendo assim, e dado que a verdade pode ser contestada mas nunca
vencida nem enganada, nossa alma fatigada se refugia nas palavras de Salomão : Confia no Senhor com todo o teu coração, e
não te fies em tua própria inteligência; em todos os teus caminhos,
reconhece-o, e ele conduzirá teus passos (Pr 3,5-6). E noutro lugar : O nome do Senhor é uma torre fortíssima.
Nela se refugia o justo e será salvo (cf. Pr 18,10).
Permaneçamos firmes na justiça e preparemos nossas almas para a provação;
suportemos as demoras de Deus, e lhe digamos : Vós fostes um refúgio para nós, Senhor, de geração em geração (Sl
89,1).
Confiemos naquele que colocou sobre nós este fardo. Por não podermos
carregá-lo sozinhos, carreguemo-lo com o auxílio daquele que é onipotente e nos
diz : O meu jugo é suave e o meu fardo é
leve (Mt 11,30).
Fiquemos
firmes no combate, no dia do Senhor, porque vieram sobre nós dias de angústia e
de tribulação (cf. Sl 118,143). Se Deus assim quiser morramos pelas santas
leis de nossos pais (cf. 1Mc 2,50), a fim de merecermos alcançar junto com
eles a herança eterna.
Não sejamos cães mudos, não sejamos sentinelas caladas, não sejamos
mercenários que fogem dos lobos, mas pastores solícitos, vigilantes sobre o
rebanho de Cristo. Enquanto Deus nos der forças, preguemos toda a doutrina do
Senhor ao grande e ao pequeno, ao rico e ao pobre, e todas as classes e idades,
oportuna e inoportunamente, tal como São Gregório escreveu em sua Regra
Pastoral.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas II’, 1618, 1619
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