Já no século
IV era venerado em Dióspolis, na Palestina, onde foi construída uma igreja em
sua honra. Seu culto propagou-se pelo Oriente e Ocidente desde a Antiguidade.
A Liturgia
das Horas e a reflexão no dia de São Jorge, Mártir :
Ofício das
Leituras
Segunda leitura
Dos Sermões
de São Pedro Damião, bispo
(Sermo 3, De sancto Georgio: PL 144, 567-571) (Séc.XI)
Invencivelmente
protegido pelo estandarte da cruz
A festa de
hoje, caríssimos irmãos, renova a alegria pascal e, como pedra preciosa, faz
brilhar com a beleza do próprio esplendor o ouro em que se engasta.
Jorge foi
transferido de uma milícia para outra, porque deixou o cargo de oficial de um
exército terreno para se dedicar à milícia cristã. Nesta, como valente soldado,
começou por libertar-se dos bens terrenos, distribuindo-os aos pobres; assim,
livre e desembaraçado, revestido com a couraça da fé, lançou-se na linha de
frente do combate como valoroso guerreiro de Cristo.
Isto nos ensina claramente que não podem lutar com forca e eficácia, em
defesa da fé, aqueles que ainda têm medo de se despojar dos bens da terra.
Inflamado pelo fogo do Espírito Santo e invencivelmente protegido pelo estandarte
da cruz, São Jorge combateu de tal modo contra o rei iníquo que, vem vencendo
este enviado de Satanás, derrotou o chefe de toda iniquidade e estimulou os
soldados de Cristo a lutarem com valentia.
Assistia ao combate o supremo e invisível Árbitro que, segundo os planos
da sua providência, permitiu que os ímpios atormentassem. De fato, entregou o
corpo de seu mártir às mãos dos carrascos, mas guardou a sua alma com proteção constante
no baluarte inexpugnável da fé.
Caríssimos irmãos, não nos limitemos a admirar este combatente do
exército celeste, mas imitemo-lo também. Eleve-se o nosso espírito para o
premio da glória celeste, contemplemo-lo com os olhos do coração. Assim não nos
abalaremos nem pelo sorriso enganador do mundo nem pelas ameaças do seu ódio
perseguidor.
Purifiquemo-nos de toda mancha na carne e no espírito, como nos manda São
Paulo, para merecermos um dia entrar naquele templo da bem-aventurança, que por
ora apenas entrevemos com o olhar do espírito.
Todo aquele que quer se oferecer a Deus em sacrifício no templo de
Cristo, que é a Igreja, depois de lavar-se no banho sagrado do batismo, tem
ainda que se revestir com as vestes das várias virtudes, conforme está escrito
: Que os vossos sacerdotes se vistam de justiça
(Sl 131,9). Quem pelo batismo renasce como homem novo em Cristo, não se
vestirá com a mortalha do homem velho, e sim com a veste o homem novo, vivendo
sempre renovado numa vida pura.
Só assim, purificados da imundície da nossa antiga condição pecadora e
brilhando pelo fulgor de uma vida nova, seremos dignos de celebrar o mistério
pascal e imitarmos verdadeiramente o exemplo dos santos mártires.
Fonte :
‘In
Liturgia das Horas II’, 1534, 1536
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