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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

São Lourenço, diácono e mártir

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo da redação da revista Ave Maria


Quando os guardas imperiais invadiram o cemitério de São Calisto para prender e matar Sisto II e seus diáconos, aos 6 de agosto de 258, não encontraram o Arquidiácono Lourenço ou talvez pensaram que não seria oportuno fazê-lo perecer juntamente com os outros.

Ele, de fato, era a pessoa de confiança do Papa na administração dos bens da comunidade e se tornaria facilmente, segundo a tradição, o sucessor na sede de Pedro. Dele as autoridades esperavam, portanto, algo de maior importância.

São Leão Magno, numa homilia, relata o martírio de Lourenço assim como tinha sido transmitido até os seus dias : o ímpio perseguidor se enfureceu contra o levita, que estava mais em evidência, seja porque preposto ao sagrado ministério, seja porque encarregado da administração dos bens eclesiásticos. Encarcerando somente um homem, esperavam uma dupla presa, porque, se fosse considerado traidor do tesouro sagrado, tornar-se-ia também um apóstata da verdadeira religião.

Lourenço, nos quatro dias antes de ser aprisionado, conseguiu colocar os bens que administrava num lugar seguro, distribuindo-os aos pobres. Quando o juiz perguntou onde ele havia escondido o tesouro da Igreja, que por lei nesse momento seria confiscado, o diácono não se perturbou e convidou-o a segui-lo, mostrando-lhe – continua São Leão no relato – ‘uma multidão numerosíssima de pobres fiéis, para manter e vestir aos quais havia ele empregado os bens nesse momento imperecíveis, que estavam tanto mais salvos quanto mais santamente tinham sido empregados. Vendo-se enganado no desígnio de rapina, ele estremeceu e, ardendo de ódio contra uma religião que havia instituído tal emprego das riquezas, não tendo encontrado junto dele nenhuma quantia de dinheiro, tentou arrancar-lhe o melhor tesouro, procurando raptar-lhe o depósito que era para ele a mais sagrada das riquezas’. Lourenço não renunciou a Cristo e foi ao encontro do martírio. Era o dia 10 de agosto de 258.

De acordo com a passio de Policrônio, um comovente romance histórico do século IV, no dia da prisão de Sisto II, enquanto ele era conduzido ao martírio, chegou Lourenço e lhe disse : ‘Para onde vais tão apressado, pai santo, sem o teu diácono? Tu não tiveste jamais o hábito de oferecer o sacrifício sem o teu ministro. O que te desagradou em mim, pai? Talvez me tenhas considerado indigno? Prova-me e vê se escolheste um indigno ministro para a distribuição do sangue do Senhor. Rejeitarás, talvez, aquele que admitiste aos santos mistérios de ser teu companheiro no derramamento do seu sangue?’. Respondeu o Papa : ‘Filho meu, eu não te abandono. Aguardam-te maiores combates. Não chores; dentro de quatro dias me seguirás’ e autorizou-o a distribuir os bens da Igreja antes que os inimigos se apropriassem deles.

Lourenço, cumprida sua missão, não podia esperar outra coisa senão a palma do martírio. O juiz, com efeito, depois de numerosos e atrozes tormentos, teria tentado a última cartada, fazendo colocarem-no em cima de uma grelha ardente. Mas ‘As chamas’, comenta São Leão, ‘não puderam vencer a caridade de Cristo; e o fogo que o queimava por fora foi mais fraco do que aquele que lhe ardia dentro’.

Ao mártir, muitíssimo amado pelos cristãos, foram erguidas igrejas em muitas partes do mundo. Em Roma, Constantino edificou uma basílica sobre o seu túmulo, que se tornou uma das sete grandes basílicas romanas. Também em Constantinopla, mais tarde, Teodósio, o Jovem, quis lhe dedicar uma das suas igrejas.

A mensagem que Lourenço deixou gravada na memória histórica é sem dúvida alguma o amor pela Igreja e pelos pobres, um amor que ele testemunhou com seu sangue.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-paternidade-exemplar-de-sao-jose-um-modelo-aos-pais.html


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Humildade para ouvir


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 O verdadeiro ouvir exige humildade.
*Artigo de Fabrício Veliq,
protestante, é mestre e doutorando em
teologia pela Faculdade Jesuíta de Belo Horizonte (FAJE),
doutorando em teologia na Katholieke Universiteit Leuven - Bélgica,
formado em matemática e graduando em filosofia pela UFMG


‘...No texto da semana passada falamos a respeito de um Cristianismo que precisa reaprender a ouvir, recuperando assim uma característica primordial da experiência do povo de Israel para com seu Deus. Que isso seja uma tarefa difícil, ninguém o poderá negar. Afinal, a disposição para ouvir vem quando se considera que o outro que está diante de nós seja digno de respeito e de ser ouvido. Sem esse princípio básico, a fala desse outro se torna somente um amontoado de sons emitidos e palavras jogadas ao ar sem a menor relevância.
Durante muito tempo o Cristianismo se mostrou como uma religião que não estava disposta a ouvir por não considerar as outras vozes dignas de serem ouvidas. Ainda hoje, esse tipo de postura se faz presente entre cristãos e cristãs espalhadas pelo mundo, sendo um exemplo bem vívido disso a questão do diálogo inter-religioso.
A grande ironia é que uma boa parcela de cristãos e cristãs da atualidade dizem que se deve estar disposto a dialogar com as outras religiões e ouvir os seus discursos, bem como pregam que deve haver tolerância e respeito pelos pensamentos divergentes, desde que no final desse suposto diálogo se chegue à conclusão de que o Cristianismo seja a melhor religião que existe, a que compreendeu melhor a pessoa de Deus e o melhor caminho para se alcançar a salvação. Por incrível que pareça, são várias as pessoas que não vêm a dissonância entre a proposta de diálogo defendida e a conclusão proposta para esse diálogo.
Diante desse cenário não tão difícil de ser encontrado, é possível dizer que um dos motivos pelos quais isso ocorre é porque o Cristianismo atual ainda mantém certa ideia exclusivista a respeito do relacionamento com Deus e, dessa forma, tudo que vai contra a conclusão de que ‘o Cristianismo é a melhor religião que existe’ ainda é visto, por muitos, como afronta e obra do inimigo, devendo, por isso, ser totalmente desconsiderado. Em outras palavras, ouvir alguém de uma religião não cristã (em alguns casos, até mesmo cristãos e cristãs com doutrinas diferentes) se torna algo perigoso e que deve ser evitado para que não se caia nos enganos e ciladas do inimigo que visam corromper a fé.
Quando isso acontece, a proposta de diálogo se torna um grande jogo de xadrez, onde o discurso de ouvir o outro é somente uma tática de jogo para tentar encontrar algum erro argumentativo, a fim de começar a ação proselitista mascarada de diálogo inter-religioso. Mas, se é essa a postura com a qual um cristão ou uma cristã segue para o diálogo, as palavras do outro não fazem diferença para o questionamento a respeito da própria fé e a disposição honesta de ouvir já se foi há muito tempo, restando somente o antigo complexo de superioridade que afeta o Cristianismo desde longa data.
O verdadeiro ouvir exige humildade. Exige enxergar o outro como igual em dignidade e, por isso mesmo, como tendo algo a contribuir para tornar-nos melhores cristãos e cristãs. Se isso é verdade para qualquer diálogo, para o diálogo inter-religioso isso se mostra como imprescindível, uma vez que somente uma religião humilde é capaz de um diálogo honesto e verdadeiro com outra. Recuperando o texto de semana passada, é possível dizer que sem humildade não há audição e sem audição não há diálogo.
 Assim, somente um Cristianismo que imita àquele que é manso e humilde de coração será um Cristianismo disposto a se reeducar para ouvir tanto a sociedade em suas questões quanto às outras religiões em suas contribuições.’


Fonte :

sábado, 28 de maio de 2016

Jubileu da Misercórdia : Diácono, modelo para a comunidade

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)



‘Diáconos e suas famílias, de todo o mundo, participarão de uma peregrinação a Roma, de 27 a 29 de maio, por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

O lema do Ano Santo, Misericordioso como o Pai, extraído do Evangelho de Lucas, é um convite a seguir o exemplo misericordioso do Pai : não julgar ou condenar, mas perdoar e amar, desmedidamente.

O Encontro mundial dos diáconos, homens que por vocação e ministério são diretamente ligados às obras de caridade na vida e na comunidade cristã, terá seu á pice na celebração eucarística às 10h30 de domingo, 29 de maio, na Praça São Pedro, presidida pelo Papa Francisco.


Realidade brasileira

No Brasil, a Comissão Nacional dos Diáconos, CND, promove o XIV Encontro Nacional de Diretores e Formadores de Escolas Diaconais de 30 de maio a 2 de junho, em Palmas, Tocantins.

Os objetivos do evento serão ampliar cada vez mais a competência para o desempenho do ministério diaconal; formar diáconos para atuar nas novas fronteiras da missão, e preparar os diáconos para atuar numa Igreja em saída em missão.

O nosso convidado é o Presidente da CND, Zeno Konzen, diácono permanente da Diocese de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul.

Primeiramente, ele nos fala sobre a missão concreta do diácono na Igreja.

O diácono deve ser modelo para a comunidade, modelo de comportamento, de pureza, de vida, modelo de mansidão e humildade, modelo de fé e caridade. O paradigma, o ponto de referência para a vida e ministério do diácono é Cristo, o Diácono por excelência. É Jesus mesmo quem diz : ‘O Filho do Homem veio para servir’, para ser diácono. Que cada um desses novos diáconos possam dizer, a cada dia: ‘Eu estou no meio de vós como aquele que serve’.’


Fonte :
* Artigo na íntegra


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Quais são os 'poderes' de um diácono permanente?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Edson Sampel
  
‘Antes de darmos uma resposta à pergunta sobre os ‘poderes diaconais’, é importante lembrar que o Concílio Vaticano II felizmente restaurou a figura do diácono permanente, cuja origem se encontra nos primórdios do cristianismo (At 6, 1-6).

Vamos, agora, direto ao ponto, pois há bastantes dúvidas por parte dos católicos.  Afinal de contas, um leigo (ou uma leiga), com autorização especial, em determinadas circunstâncias, pode executar qualquer ofício litúrgico ou eclesiástico atribuído a um diácono? A resposta é afirmativa. E a explicação é assaz simples : o diácono frui do sacerdócio comum de todos os fiéis. Por exemplo, tanto quanto um leigo, o diácono, transitório ou permanente, não pode celebrar uma missa. O diácono permanente não é um sacerdote, como o são o presbítero (padre) e o bispo. Por este motivo, em vista do papel desempenhado pelos chamados leigos ministros extraordinários, muitas dioceses ainda não viram a necessidade pastoral de ordenar homens casados para o diaconato. Em alguns lugares, por exemplo, leigos de vida ilibada assistem aos matrimônios, após o beneplácito do bispo, com a competente delegação da testemunha qualificada, isto é, do pároco.

As atribuições próprias do diácono permanente não decorrem do sacramento da ordem, mas do direito canônico; vale dizer, do código ou de leis extravagantes. Por exemplo, o diácono permanente, no rito latino, é ministro ordinário do sacramento do batismo (cânon 861, § 1.º), embora a administração do referido sacramento seja encargo precípuo do pároco (cânon 530, 1.º). Sem embargo, qualquer ser humano, varão ou mulher, católico, acatólico ou mesmo ateu, dispõe do ‘poder’ de batizar. Já não se dirá o mesmo, por exemplo, com a função de, no confessionário, perdoar os pecados em nome de Jesus, conferida tão somente aos padres e bispos, por força do sacramento da ordem, recebido em segundo e terceiro graus, respectivamente. As bênçãos dadas por um diácono permanente a objetos de uso piedoso, disciplinadas pelo direito canônico, estão teologicamente fundamentadas na vocação evangelizadora de que gozam todos os batizados.   

Em resumo, os ditos ‘poderes’ do diácono permanente não advém do sacramento da ordem, e sim do sacramento do batismo, porquanto o diácono permanente, tal como o leigo, está revestido do sacerdócio comum e não do sacerdócio ministerial.

De qualquer modo, fique clara uma coisa : não é adequado usar a palavra ‘poder’, para criar uma distinção sacramental entre os membros da hierarquia (diáconos, padres e bispos) e os leigos, 90 por cento do povo de Deus. Desta feita, não se é um cristão mais santo, em virtude da recepção do sacramento da ordem. Um bispo não é melhor que um padre ou que uma leiga. Não se há de nutrir uma visão mágica dos sacramentos! A propósito, o papa Francisco explicitou bem este tema, demonstrando que a única diferença ontológica e teologal entre os seres humanos repousa no sacramento do batismo, disponível a quem quiser. Escreveu o vigário de Cristo : ‘O sacerdócio ministerial é um dos meios que Jesus utiliza a serviço do seu povo, mas a grande dignidade vem do batismo, acessível a todos.’ (Evangelii Gaudium, n. 104). E conclui o bispo de Roma : ‘Na Igreja, as funções não dão justificação à superioridade de uns sobre os outros. Com efeito, uma mulher, Maria, é mais importante do que os bispos.’’  


Fonte :
* Artigo na íntegra de Edson Sampel :
Teólogo pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Jornalista (inscrição 0072188SP). Doutor em Direito Canônico com a nota máxima, ‘summa cum laude’, 90/90, concedida pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Professor da Escola Dominicana de Teologia (EDT). Membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC), da Academia Marial de Aparecida (AMA) e da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp). Autor dos seguintes livros : ‘Introdução ao Direito Canônico’ (LTR, 2001), ‘Quando é possível decretar a nulidade de um matrimônio’ (Paulus, 3.ª ed., 2006), ‘Reflexões de um Católico’ (LTR, 2009), ‘Casamentos Nulos’ (LTR, 2009), ‘Questões de Direito Canônico’ (Paulinas, 2010) e ‘A responsabilidade cristã na administração pública – uma abordagem à luz do direito canônico’ (Paulus, 2011). Organizador e coautor da obra ‘Estudos de Direito Canônico’ (LTR, 2009). Coautor de ‘Princípios Constitucionais Fundamentais’ (Lex, 2005).