Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Quando os guardas imperiais
invadiram o cemitério de São Calisto para prender e matar Sisto II e seus
diáconos, aos 6 de agosto de 258, não encontraram o Arquidiácono Lourenço ou
talvez pensaram que não seria oportuno fazê-lo perecer juntamente com os
outros.
Ele, de fato, era a pessoa de confiança do Papa na
administração dos bens da comunidade e se tornaria facilmente, segundo a
tradição, o sucessor na sede de Pedro. Dele as autoridades esperavam, portanto,
algo de maior importância.
São Leão Magno, numa homilia, relata o martírio de
Lourenço assim como tinha sido transmitido até os seus dias : o ímpio
perseguidor se enfureceu contra o levita, que estava mais em evidência, seja
porque preposto ao sagrado ministério, seja porque encarregado da administração
dos bens eclesiásticos. Encarcerando somente um homem, esperavam uma dupla
presa, porque, se fosse considerado traidor do tesouro sagrado, tornar-se-ia
também um apóstata da verdadeira religião.
Lourenço, nos quatro dias antes de ser aprisionado,
conseguiu colocar os bens que administrava num lugar seguro, distribuindo-os
aos pobres. Quando o juiz perguntou onde ele havia escondido o tesouro da
Igreja, que por lei nesse momento seria confiscado, o diácono não se perturbou
e convidou-o a segui-lo, mostrando-lhe – continua São Leão no relato – ‘uma
multidão numerosíssima de pobres fiéis, para manter e vestir aos quais havia
ele empregado os bens nesse momento imperecíveis, que estavam tanto mais salvos
quanto mais santamente tinham sido empregados. Vendo-se enganado no desígnio de
rapina, ele estremeceu e, ardendo de ódio contra uma religião que havia
instituído tal emprego das riquezas, não tendo encontrado junto dele nenhuma
quantia de dinheiro, tentou arrancar-lhe o melhor tesouro, procurando
raptar-lhe o depósito que era para ele a mais sagrada das riquezas’. Lourenço
não renunciou a Cristo e foi ao encontro do martírio. Era o dia 10 de agosto de
258.
De acordo com a passio de
Policrônio, um comovente romance histórico do século IV, no dia da prisão de
Sisto II, enquanto ele era conduzido ao martírio, chegou Lourenço e lhe disse :
‘Para onde vais tão apressado, pai santo, sem o teu diácono? Tu não tiveste
jamais o hábito de oferecer o sacrifício sem o teu ministro. O que te
desagradou em mim, pai? Talvez me tenhas considerado indigno? Prova-me e vê se
escolheste um indigno ministro para a distribuição do sangue do Senhor.
Rejeitarás, talvez, aquele que admitiste aos santos mistérios de ser teu
companheiro no derramamento do seu sangue?’. Respondeu o Papa : ‘Filho meu, eu
não te abandono. Aguardam-te maiores combates. Não chores; dentro de quatro
dias me seguirás’ e autorizou-o a distribuir os bens da Igreja antes que os
inimigos se apropriassem deles.
Lourenço, cumprida sua missão, não podia esperar
outra coisa senão a palma do martírio. O juiz, com efeito, depois de numerosos
e atrozes tormentos, teria tentado a última cartada, fazendo colocarem-no em
cima de uma grelha ardente. Mas ‘As chamas’, comenta São Leão, ‘não puderam
vencer a caridade de Cristo; e o fogo que o queimava por fora foi mais fraco do
que aquele que lhe ardia dentro’.
Ao mártir, muitíssimo amado pelos cristãos, foram
erguidas igrejas em muitas partes do mundo. Em Roma, Constantino edificou uma
basílica sobre o seu túmulo, que se tornou uma das sete grandes basílicas
romanas. Também em Constantinopla, mais tarde, Teodósio, o Jovem, quis lhe
dedicar uma das suas igrejas.
A mensagem que Lourenço deixou gravada na memória
histórica é sem dúvida alguma o amor pela Igreja e pelos pobres, um amor que
ele testemunhou com seu sangue.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/a-paternidade-exemplar-de-sao-jose-um-modelo-aos-pais.html
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