Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘A beleza é o ponto central
na vida do artista. Ela é condutora e meta ao mesmo tempo. Ao cristianismo o
conceito de beleza é vital, pois nada pode ser mais belo do que o próprio
Cristo!
Meu querido amigo Cláudio Pastro muito ensinou a todos sobre as artes e
a liturgia. Em seu livro O Deus da beleza nos oferece palavras
esclarecedoras, conceitos estéticos e a relação com Deus : ‘Hoje, o que
chamamos de beleza está completamente distante de seu centro, de suas raízes,
do elemento gerador da própria beleza’. Cláudio se refere ao consumismo e ao
comércio que se postam como os ‘produtores’ e não simplesmente portadores da
beleza, assunto muito sério nos dias de hoje, inclusive nas igrejas. Há
correntes entre religiosos e leigos que associam as expressões do belo como
produto de uma sociedade consumista e distante da pobreza cristã. Acabam por
não entender nem a beleza nem a verdadeira simplicidade dos pobres de coração.
O músico cristão deve ser pobre, humilde, manso de coração. É pobre
quem descobre dentro de seu ser a beleza do Espírito Santo e se deixa conduzir
por essa presença suave que a tudo dá vida e equilíbrio. A música sacra é a
mais silenciosa resposta do amor de Deus tocando o fundo do coração, abrindo as
portas da humanidade para a vida infinita. Jesus ensina no Evangelho que se
pode reconhecer uma árvore pelos frutos que dela saem; da mesma forma se pode
reconhecer um músico católico pelo amor que tem à liturgia e por total entrega
à mais esplêndida beleza, a Eucaristia Ela é tudo! A música deve ser, assim, a
reverberação do Espírito Santo na humanidade de quem compõe, toca, canta, ouve.
É questão de harmonia e inteligência espiritual, capacidade de percepção que só
o pobre de si mesmo pode sentir. Sentir não é saber que existe. Sentir é
sentir. Deus vem na brisa suave. É preciso meditar, silenciar a vaidade e o
orgulho. É preciso orar. A oração desenvolve a inteligência do coração. Em seu
livro O poder do silêncio, Eckhart Tolle escreve : ‘A verdadeira
inteligência atua silenciosamente. A calma é o lugar onde a criatividade e a
solução dos problemas são encontradas’. Na liturgia só pode haver espaço para
amor, calma e beleza.
A música sacra deve ser trabalhada como a arqueologia, que descobre o
objeto de origem com paciência, conhecimento e cuidado. O Espírito Santo está
pronto dentro de cada ser humano desde a origem da criação até a eternidade. O
trabalho do coração é descobrir esse espírito por meio da beleza e do amor.
Maurício Meschler, no livro O dom do Pentecostes, diz que ‘a
Eucaristia é a obra magnífica do amor de Deus’ e ‘mais íntima ainda é a relação
que com o Espírito Santo têm os efeitos da Eucaristia’. Música é beleza e
espírito do amor de Deus. Meschler ainda diz que ‘o Espírito Santo que habita
em nós quer voltar à sua origem’.
‘A beleza não é um produto do ser humano; está tão acima dele! Ela o
atrai, o seduz e, assim, o ser humano não vive sem ela.’ (Cláudio Pastro).’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/musica-espirito-e-beleza.html
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