domingo, 31 de março de 2024

Ser testemunha do Ressuscitado

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Rosa Maria Dilelli Cruvinel


A notícia da Páscoa sempre é impulso a uma postura evangelizadora ativa e urgente. Jesus foi crucificado, morto e sepultado e Deus o ressuscitou como havia prometido a nossos pais (cf. At 13,32-33). Jesus deixou à Igreja o mandato de pregar e dar testemunho de tudo o que lhe aconteceu (cf. At 10,39-42). 

O Senhor é quem confia aos seus a missão do anúncio da sua ressurreição. Ele aparece primeiro a Maria Madalena e a envia a anunciar a alegre mensagem da Páscoa : ‘Vai a meus irmãos e dize-lhes : ‘Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus’. Então, Maria foi imediatamente anunciar aos discípulos : ‘Vi o Senhor! E ouvi o que Ele me disse’’ (Jo 20,17-18). Maria Madalena tornou-se, assim, a primeira testemunha da ressurreição do Senhor. 

Em nossa época, na qual a Igreja é convocada a levar a alegria do Evangelho por meio de uma nova evangelização e a espalhar a grandeza do mistério da misericórdia divina, o testemunho de Santa Maria Madalena é um sinal de esperança de salvação aos pecadores, pois essa mulher, da qual Jesus expulsou sete demônios (cf. Lc 8,2), dá o testemunho de muito amor a Cristo e foi por Ele também muito amada. Ela foi ‘chamada por São Gregório Magno ‘testemunha da misericórdia divina’ e por São Tomás de Aquino ‘apóstola dos apóstolos’’, declarou o Cardeal Robert Sarah (Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 2016). 

A Páscoa é tempo para que cada cristão dê um testemunho autêntico de amor ao Ressuscitado, assim como fez Maria Madalena. Ser testemunha fiel de Cristo é a principal postura de todo verdadeiro evangelizador, pois o testemunho coerente é condição essencial para uma evangelização eficaz. Para evangelizar os homens de hoje, faz-se necessário que sejam impactados a partir do encontro pessoal com Jesus ressuscitado. O mundo precisa de ‘evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar’ (Exortação Apostólica Evangelii Nutiandi, 76). 

Urgem em todo o orbe terrestre testemunhas da fé que foram profundamente transformadas em seus corações, cuja experiência transborda em santidade de vida e comunica às estruturas humanas a santificação operada por Cristo por meio do Espírito Divino (cf. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 36). 

Não tema! Tenha consigo o Espírito Santo, protagonista de toda missão evangelizadora. É hora de anunciar com fervor o imenso amor de Deus presente no mistério pascal. Alegre-se! O Senhor o(a) chama pelo seu nome a testemunhar com renovado ardor que Ele está vivo! Feliz Páscoa!’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/ser-testemunha-do-ressuscitado.html

sábado, 30 de março de 2024

A Páscoa e o valor da vida

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

*Artigo de Luis Eugênio Sanábio e Souza


Um ilustre teólogo da Igreja primitiva assim pôde dizer : ‘Fiducia christianorum resurrectio mortuorum; illam credentes, sumus’ = ‘A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos cristãos’ (Tertuliano, teólogo nascido em 155). Jesus Cristo pôde dizer : ‘Eu sou a ressurreição e a vida. O que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente’ (João 11,25-26). Assim, a Igreja Católica ensina que a ressurreição de Cristo (e o próprio Cristo ressuscitado) é princípio e fonte de nossa ressurreição futura. Ressuscitaremos como Cristo, com Cristo e por Cristo.

Mas o que é ressuscitar? ‘Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos, unindo-os às nossas almas, pela virtude da ressurreição de Jesus’ (Catecismo da Igreja Católica n° 997). Mas quem ressuscitará?  Todos os homens que morreram. A Igreja explica que ‘os que tiverem feito o bem sairão para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento (João 5,29)’ (Catecismo da Igreja Católica n° 998).

Apoiando-se nas afirmações da Sagrada Escritura, a Igreja ensina que, quando tiver terminado o único curso de nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. De fato, a Bíblia nos diz que ‘os homens devem morrer uma só vez’ (Hebreus 9,27). Por isso a Igreja sempre declarou que ‘reincarnatio post mortem non habetur’ = ‘não existe reencarnação depois da morte’ (Catecismo da Igreja Católica n° 1013). Segundo a fé católica, cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num juízo particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação (purgatório), seja para entrar de imediato na felicidade do céu (comunhão eterna com Deus), seja para condenar-se de imediato para sempre (inferno).

A verdade da divindade de Jesus Cristo é confirmada por sua ressurreição. Sendo verdadeiro Deus, Jesus Cristo é ‘autor da vida’ (Atos dos Apóstolos 3,15).

Infelizmente nos nossos dias a vida humana é frequentemente e gravemente desrespeitada. Em alguns países, algumas autoridades ousam em propor legalizar um suposto direito de praticar o aborto. Na realidade, ‘a decisão deliberada de privar um ser humano inocente da sua vida é sempre má do ponto de vista moral e nunca pode ser lícita nem como fim, nem como meio para um fim bom’ (Papa João Paulo II: Encíclica Evangelium vitae n° 57). A Igreja, que está do lado da vida, reafirma que ‘o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis’ (Concílio Vaticano II: GS, 51).

Que a mensagem da Páscoa possa conservar em nós aquele desejável amor à vida humana que se fundamenta naquele que é ‘o caminho, a verdade e a vida’ (João 14,6).’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-03/pascoa-valor-vida.html

sexta-feira, 29 de março de 2024

Crucificado, morto e sepultado

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

Cristo na cruz (El Greco) 

*Artigo do Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer,

Arcebispo Metropolitano de São Paulo, SP


A celebração da Semana Santa e da Páscoa nos confronta com uma parte essencial da profissão de fé cristã, que diz respeito a Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador da humanidade. Refiro-me, em particular, ao ‘Credo’ mais curto, conhecido como símbolo apostólico. Essa fórmula da nossa fé, mais resumida, foi definida bem cedo na Igreja e reflete a pregação apostólica.

A parte que diz respeito a Deus Pai é breve : ‘Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra’. Provavelmente, essa afirmação de fé era a mais tranquila e não oferecia muita dificuldade na pregação e na acolhida da fé. A parte referente a Jesus Cristo, em vez disso, representa mais da metade da fórmula da fé da comunidade cristã. Provavelmente, por causa das contradições e heresias que já surgiam por toda parte, era necessário explicitar bem mais o conteúdo da fé referente a Jesus Cristo.

‘Creio em seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria’. A pregação apostólica a respeito de Jesus, como Filho único, ou ‘unigênito de Deus’, representava um problema para muitos. Como entender que Deus tem um ‘Filho unigênito’? Não havia como explicar, senão pela palavra do próprio Jesus e dos apóstolos. São João, no prólogo do seu Evangelho, identifica Jesus como o ‘Verbo’, ou Palavra eterna de Deus, que ‘se fez carne’, em quem contemplamos ‘a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade’ (Jo 1,14). E afirmando que ‘ninguém jamais viu a Deus’, destaca : ‘O Unigênito de Deus, que está no seio do Pai, foi quem o revelou’ (Jo 1,18).

A expressão identifica Jesus como Filho de Deus e também como verdadeiro homem. Na conversa com Nicodemos, Jesus afirma : ‘Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho Unigênito’ (Jo 3,16). Mais difíceis pareciam as partes seguintes da profissão da fé apostólica, quando se afirma que o Filho Unigênito, eterno Deus com o Pai, ‘nasceu da Virgem Maria e se fez homem’. Essa afirmação do nosso Credo refere-se ao mistério mais admirável da nossa fé cristã, que também ofereceu sempre dificuldades. A maior parte dos desvios da fé e das heresias diz respeito, justamente, a essa afirmação : Ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem (humano). Sempre houve quem afirmasse apenas uma parte : Jesus, somente como Filho de Deus, considerando a sua humanidade apenas como aparente; ou, então, Jesus apenas como homem, sendo a sua divindade apenas uma afirmação simbólica ou um mito. No entanto, a Igreja dos primeiros séculos do Cristianismo enfrentou essas dificuldades na sua pregação e em Concílios ecumênicos importantes. E manteve-se fiel à pregação de Jesus e dos apóstolos, mesmo quando a afirmação sobre Jesus, ‘verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem’, possa parecer uma contradição humanamente impossível.

A parte mais difícil do Credo apostólico refere-se à sua Paixão, Morte e Ressurreição : ‘Padeceu sob Pôncio Pilatos, morreu e foi sepultado’. Como foi que Pilatos entrou no Credo cristão? Ele foi um governante fraco que, mesmo sabendo ser Jesus inocente, o condenou à morte para ficar ‘de bem’ com a multidão, que pedia a morte de Jesus. Nossa fé não é em Pilatos, mas em Jesus, historicamente, socialmente e humanamente situado, ‘verdadeiro homem’, e não um mito criado pela fantasia dos discípulos. As afirmações seguintes, breves e lapidares, são igualmente densas de sentido e retratam respostas a vários problemas postos à pregação da fé cristã. ‘Foi crucificado, morto e sepultado’. O Filho de Deus morreu e, ainda mais, numa cruz? Foi até mesmo sepultado? Parecia demais para os religiosos do tempo e também para os pagãos e os filósofos. Mas era isso mesmo que os apóstolos pregavam. São Paulo, aos gregos de Corinto, escreve sem meias palavras : ‘Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos’ (1Cor 1,21).

Havia quem espalhasse que Jesus não chegou a morrer na cruz, mas apenas perdeu os sentidos, que recuperou depois de ser posto no túmulo. Tratava-se de uma maneira de diminuir o ‘escândalo’ de um Filho de Deus crucificado e morto; e também para explicar a sua Ressurreição, como o ‘acordar de um desmaio’. Mas os apóstolos não cederam nem um pouco no seu testemunho sobre a morte de cruz daquele que reconheceram como verdadeiramente homem/ humano e Deus/divino. E, contra toda negação ou tentativa de racionalizar esse ‘mistério da fé’, a Igreja manteve-se fiel à pregação apostólica. Jesus Cristo, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.

Há quem pergunte : para onde foi o Filho de Deus, na sua divindade, após a sua morte, segundo a sua humanidade? ‘Desceu à mansão dos mortos’. A Igreja parte do pressuposto segundo o qual Ele veio ao mundo para oferecer a misericórdia e a salvação de Deus a todos; mesmo aos que já haviam morrido antes de sua vinda ao mundo e que estavam ‘na mansão dos mortos’. O Salvador, morto na cruz e sepultado como os demais humanos, foi levar a Boa Nova da misericórdia, do perdão e da vida de Deus aos que esperavam por Ele, desde Adão até o último dos falecidos.

Quanta coisa sublime e profunda faz parte do patrimônio da fé da Igreja, do qual fazemos parte! Para ler e aprofundar a catequese sobre o Credo, é só tomar em mãos o Catecismo da Igreja Católica, no capítulo III, que trata de nossa fé em Jesus Cristo. No Sábado Santo, durante a Vigília Pascal, nós faremos a renovação da nossa profissão de fé, junto com os que serão batizados e com toda a Igreja.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-03/crucificado-morto-sepultado.html

terça-feira, 26 de março de 2024

Endireitai os seus caminhos!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Antonieta Santana P. Sales


A construção de uma estrada envolve, no mínimo, três fases essenciais : planejamento, projeto e construção. O resultado final, uma estrada bem construída, facilita a vida e traz grandes benefícios para a sociedade. Na vida espiritual, é essencial construir uma estrada pessoal que se inicia no conhecimento de si mesmo, permitindo identificar sinais de crescimento na intimidade com Deus, bem como momentos de desleixo e afastamento d’Ele. Este tempo favorável na Igreja nos convida a refletir sobre as fases dessa construção pessoal.

Neste caminho, o Senhor, por meio de Sua Palavra através do Profeta Jeremias, nos convida a ‘endireitar’, isto é, a examinar nossa estrada interior e fazer as correções necessárias, e, se preciso, recomeçar, pois Deus é especialista em renovar todas as coisas. Um ponto crucial é evitar sabotar nosso próprio projeto de construção pessoal, escondendo falhas e limites. É preciso fazer uma escolha baseada na verdade e no amor, não se esconder, mas abrir-se à correção, buscando um sincero arrependimento dos pecados e uma conversão radical ao Senhor, obedecendo a Sua Palavra.

A Palavra de Deus serve como o planejamento perfeito que nos impulsiona nessa construção e crescimento. Somos chamados a crescer como discípulos de Cristo, na edificação de Seu Corpo que é a Igreja, e na vida com os irmãos. Como discípulos, devemos imitar a Cristo, o que implica ser um outro Cristo no mundo em nosso pensar, falar, agir e amar. O desafio de amar como Cristo amou é diário, mas é possível com a fortaleza que o Espírito Santo nos concede a cada passo na estrada.

A conversão e a mudança de vida são essenciais para a edificação da Igreja, o Corpo de Cristo, gerando em nós atitudes que promovem unidade e amor, compromissos que nos unem a Deus e aos irmãos. ‘Todos os membros da Igreja devem esforçar-se por se assemelhar a Ele’ (Catecismo da Igreja Católica, 793).

O projeto de Deus para nós é perfeito, e caminhar pela estrada da santidade representa a contínua luta desigual que enfrentamos para completar nossa jornada até chegar ao céu. Afinal, uma estrada nos leva a um destino, e este é o lugar aonde queremos chegar. Não podemos desistir ou nos cansar de lutar pela conversão; isso exige de cada um de nós uma entrega sem reservas, pois na vida espiritual, quem não avança, recua.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/endireitai-os-seus-caminhos.html

sábado, 23 de março de 2024

9 coisas que deve saber sobre o Domingo de Ramos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da Redação da ACIDIGITAL


O Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa comemorando não um, mas dois acontecimentos muito significativos na vida de Cristo.

Aqui estão as 9 coisas que você precisa saber sobre essa data.

1. Este dia é chamado de ‘Domingo de Ramos’ ou ‘Domingo da Paixão’

O primeiro nome vem do fato de se comemorar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando a multidão o recebeu com ramos de palmas (João 12, 13).

O segundo nome provém do relato da Paixão que é lido neste domingo, porque de outro modo não seria lido em um domingo, já que no próximo a leitura tratará da Ressurreição.

Segundo a carta circular do Vaticano sobre ‘A Preparação e Celebração das Festas Pascais’ de 1988, o Domingo de Ramos ‘une num todo o triunfo real de Cristo e o anúncio da paixão. Na celebração e na catequese deste dia sejam postos em evidência estes dois aspectos do mistério pascal’.

2. Ocorre uma procissão antes da Missa

A procissão pode ocorrer apenas uma vez, antes da Missa. Pode ser tanto no sábado, como no domingo.

‘Desde a antiguidade se comemora a entrada do Senhor em Jerusalém com a procissão solene, com a qual os cristãos celebram este evento, imitando as aclamações e os gestos das crianças hebreias, que foram ao encontro do Senhor com o canto do Hosana’, detalha a carta das celebrações da Páscoa.

3. Pode-se levar palmas ou outros tipos de plantas na procissão

Não é necessário usar folhas de palmeira na procissão, também podem utilizar outros tipos de plantas locais, como oliveiras, salgueiros, abetos ou outras árvores.

De acordo com o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia : ‘Os fiéis gostam de conservar em suas casas, e às vezes no local de trabalho, os ramos de oliveira ou de outras árvores, que foram abençoados e levados na procissão’.

4. Os fiéis devem ser instruídos sobre a celebração

De acordo com o Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, ‘os fiéis devem ser instruídos sobre o significado desta celebração para que possam compreender seu significado’.

‘Deve ser lembrado, oportunamente, que o importante é a participação na procissão e não só a obtenção das folhas de palmeira ou de oliveira’, que também não devem ser conservadas ‘como amuletos, nem por razões terapêuticas ou mágicas para afastar os maus espíritos ou para evitar os danos que causam nos campos ou nas casas’, indica o texto.

5. Jesus reivindica o direito dos reis na entrada triunfal em Jerusalém

O Papa Emérito Bento XVI explica em seu livro ‘Jesus de Nazaré : Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição’ que Jesus Cristo reivindicou o direito régio, conhecido em toda a antiguidade, da requisição de meios de transporte particulares. 

O uso de um animal (o burro) sobre o qual ninguém havia montado é mais um indicador do direito régio. Jesus queria que seu caminho e suas ações fossem compreendidos com base nas promessas do Antigo Testamento que nele se tornaram realidade.

‘Ao mesmo tempo, esse atrelamento a Zacarias 9,9 exclui uma interpretação ‘zelota’ da sua realeza : Jesus não Se apoia na violência, não começa uma insurreição militar contra Roma. O seu poder é de caráter diferente; é na pobreza de Deus, na paz de Deus que Ele individualiza o único poder salvador’, detalha o livro.

6. Os peregrinos reconheceram Jesus como seu rei messiânico

Bento XVI também assinala que o fato de os peregrinos estenderem suas capas no chão para que Jesus caminhe também ‘pertence à tradição da realeza israelita (2 Reis 9, 13)’.

‘A ação realizada pelos discípulos é um gesto de entronização na tradição da realeza davídica e, consequentemente, na esperança messiânica’, diz o texto.

Os peregrinos, continua, ‘cortam ramos das árvores e gritam palavras do Salmo 118 – palavras de oração da liturgia dos peregrinos de Israel – que nos seus lábios se tornam uma proclamação messiânica : ‘Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem do nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!’ (Mc 11, 9-10; cf. Salmos 118, 26)’.

7. ‘Hosana’ é um grito de alegria e uma oração profética

No tempo de Jesus essa palavra tinha significado messiânico. Na aclamação de Hosana se expressam as emoções dos peregrinos que acompanham Jesus e seus discípulos : o jubiloso louvor a Deus no momento da entrada processional, a esperança de que tivesse chegado a hora do Messias.

Ao mesmo tempo, era uma oração que indicava que o reino davídico e, portanto, o reino de Deus sobre Israel, seria restaurado.

8. A multidão que aplaudiu a chegada de Jesus não é a mesma que exigiu sua crucificação

Em seu livro, Bento XVI afirma que, os três Evangelhos sinóticos, assim como o de São João, mostram claramente que aqueles que aplaudiram Jesus na sua entrada em Jerusalém não eram seus habitantes, mas as multidões que acompanhavam Jesus e entraram na Cidade Santa com ele.

Este ponto é mais claro no relato de Mateus, na passagem depois do Hosana dirigido a Jesus : ‘E entrando em Jerusalém, a cidade inteira agitou-se e dizia : ‘Quem é este?’. A isso as multidões respondiam : ‘Este é o profeta Jesus, o de Nazaré de Galileia’’ (Mt 21, 10-11).

As pessoas tinham escutado falar do profeta de Nazaré, mas isso não parecia importar para Jerusalém, e as pessoas de lá não o conheciam.

9. O relato da Paixão desfruta de uma solenidade especial na liturgia

A Carta das Celebrações das Festas Pascais diz o seguinte no número 33

‘É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que representam a parte de Cristo, do cronista e do povo. A Passio é cantada ou lida pelos diáconos ou sacerdotes ou, na falta deles, pelos leitores; neste caso, a parte de Cristo deve ser reservada ao sacerdote’.

A proclamação da paixão é feita sem os portadores de castiçais, sem incenso, sem a saudação ao povo e sem o toque no livro; só os diáconos pedem a bênção do sacerdote.

‘Para o bem espiritual dos fiéis, é oportuno que a história da Paixão seja lida integralmente sem omitir as leituras que a precedem’.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.acidigital.com/noticia/47652/9-coisas-que-deve-saber-sobre-o-domingo-de-ramos

quinta-feira, 21 de março de 2024

Com Moisés, somos um!

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Pedro Nascimento,

Leigo missionário comboniano

Moisés nasceu com uma sentença de morte. Naquele tempo, no Egito, o faraó pretendia que todos os meninos hebreus fossem mortos (Ex 1, 21-22). Jocabed, a mãe de Moisés, numa tentativa de o salvar, colocou-o numa cesta de papiro e pôs nela Moisés. No rio Nilo, a filha do faraó encontrou Moisés e decidiu aceitá-lo como um filho. Podemos dizer que Moisés pertenceu, pois, à elite.

O seu coração e a sua alma pertenciam, contudo, ainda que o não soubesse, a Deus e ao povo hebreu, a que pertencia. Por esse motivo, vendo como o povo hebreu era oprimido, reagiu, matou um egípcio e, por medo, teve de fugir! Não raras vezes os nossos ideais e sonhos acabam por ser oprimidos e sufocados por uma sociedade injusta, o que nos faz desistir. Tal como Moisés, acabamos por fugir e deixamos de lutar por um mundo mais justo, mais fraterno.

Encontrar-se com Deus

No deserto, enquanto apascentava o rebanho de Jetro, encontrou Deus! Foi Deus quem chamou Moisés, quem me chama a mim e te chama a ti : «Tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa»

(Ex 3, 5).  Recordo-me de em 2017, em Carapira, Moçambique, ter descalçado os sapatos e tocar os pés no chão : sentir o sagrado e o misterioso daquele chão, daquele país, daquele povo que me acolheu. Perante Deus estamos descalços, estamos sem máscaras, sem desculpas.

Neste encontro íntimo, percebe-se que o nosso Deus não é um Deus passivo, que fica à espera de ser chamado, mas antes um Deus que se compadece com o sofrimento do seu povo : «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito» (Ex 3,7). Como nos ensina o Papa Francisco, «quero apontar-vos, na narração do Êxodo, um detalhe de não pequena importância : é Deus que vê, que se comove e que liberta, não é Israel que o pede» (Mensagem para a Quaresma de 2024). Na nossa relação com Deus, Ele continua a chamar, continua a bater à porta do nosso coração e se a abrirmos Ele entrará para nos habitar (Ap 3,20).

A missão libertadora

Deus veio para salvar o seu povo e destinou Moisés para o libertar da opressão. Sucede que, perante a grandeza dos planos que Deus tinha, Moisés deu justificações para não aceitar a missão e recorreu às suas limitações. Quantas vezes duvidamos de nós, das nossas capacidades? Quantas vezes os nossos olhos vêem apenas os defeitos, as limitações? Contudo, Deus sabe de que somos feitos, Ele é o oleiro e nós o barro e nos capacita para cumprir a missão a que somos destinados.

Moisés, um homem bom, que fugiu do Egito, regressa porque confiou na palavra de Deus, porque acreditou no amor que Deus tem pelo seu povo, porque sabe que Deus lhe deu uma missão e a sua vocação passa por salvar o povo de Deus. A fidelidade de Moisés à vontade de Deus deve ser para nós exemplo, um lindo testemunho de que, apesar das nossas fragilidades, Deus nos chama, nos ama e caminha conosco. Moisés não caminha só, mas Deus está com ele, está nele.

Com Deus, Moisés livra o seu povo do cativeiro do Egito. Contudo, apesar de ter visto os prodígios que Deus é capaz de realizar, o povo nem sempre é fiel a Deus. As dificuldades no deserto, no caminho para a terra prometida, fazem com que o povo por vezes se desvie de Deus. Moisés permanece fiel a Deus e ao seu povo, às suas raízes e à sua fé. Mesmo quando o povo decide fazer um bezerro de ouro, Moisés, sabendo que o seu povo não agiu corretamente, intercede junto de Deus : «Rogo-vos que lhe perdoeis este pecado! Caso contrário, apagai-me do livro que escrevestes!» (Ex 32,32). O Papa Francisco diz-nos que «Moisés é tão amigo de Deus que pode falar com Ele face a face (cf. Ex 33,11); e permanecerá tão amigo dos homens que sentirá misericórdia pelos seus pecados, pelas suas tentações, pela inesperada nostalgia que os exilados têm em relação ao passado, lembrando-se de quando estavam no Egito» (Catequese sobre a oração de Moisés, 17 de Junho de 2020).

A fidelidade de Moisés à vontade de Deus e o seu amor pelo povo fazem dele um pastor convicto e humilde. O seu testemunho inspira-nos a sermos pontes entre Deus e aqueles que nos rodeiam : fiéis à palavra de Deus e confiantes no seu amor por nós e nunca esquecendo as nossas raízes. 

Testemunhas da Boa Nova

Moisés foi um profeta rico em palavras e obras (At 7, 22). Na vivência da nossa vocação, nas nossas vidas, no nosso quotidiano devemos sempre viver segundo aquilo em que acreditamos, as nossas palavras devem ser testemunhadas pelos nossos gestos, a fé que professamos deverá ser concretizada com ações. Assim entende a sua vocação missionária a irmã Joana Carneiro, que no passado mês de Outubro fez os seus votos perpétuos na congregação das Missionárias Combonianas. Quando ainda estudava Medicina, a Joana conheceu o instituto feminino fundado por São Daniel Comboni. «Após anos intensos de procura, senti que Deus me chamava a comprometer-me mais seriamente com o meu projeto vocacional. E assim, sentindo fortemente o chamamento a ser missionária comboniana, uma vez terminado o curso de Medicina, comecei as etapas de formação religiosa», refere a irmã Joana.

Nos últimos anos, a irmã Joana esteve no Sudão do Sul. A sua principal missão foi trabalhar no campo da saúde, concretamente no hospital da cidade de Wau. Como explica, colaborou na libertação deste povo com ações concretas, nomeadamente em «cuidar da maternidade, dar atenção às mulheres grávidas e crianças com menos de 5 anos, dos mais frágeis, e depois cuidar dos doentes com malária, principal doença que encontramos no Sudão e que causa muita mortalidade». O objetivo do seu apostolado era «criar condições para que as pessoas se possam realizar plenamente na dignidade como seres humanos».

A irmã Joana confessa que estes anos de missão foram um convite a abrir-se à «capacidade criativa de encontrar e ser resposta aos desafios que vão surgindo». Simultaneamente, fez-lhe «descobrir dons, capacidades e também fragilidades e limitações com as quais, criativamente», pôde «ser resposta de amor, do amor de Jesus, para o povo do Sudão do Sul». Nesta realidade, mostrou que Jesus Cristo está presente e ainda hoje caminha con0sco, chamando homens e mulheres para serem testemunhas alegres e generosos da Boa Nova e colaborarem na libertação dos que mais sofrem. Em 2019, a irmã Joana escrevia numa carta : «Com a ajuda de Deus vamos caminhando, dia após dia, procurando aliviar o sofrimento permanecendo junto da Cruz como Maria a Mãe de Jesus. Por isso, os pequenos sinais de ressurreição são muito importantes. O Mistério da fé que celebramos todos os dias é um convite a prestar atenção aos pequenos sinais de vida. São João conta-nos no seu Evangelho, que, quando os primeiros discípulos vão ao túmulo encontram primeiramente aqueles pequenos sinais : o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte (João 20,6-7). São os pequenos e sutis sinais que apontam para a possibilidade da Vida nova. Que alegria, que emoção quando se nos anuncia que Jesus Vive! É por Ele que os pobres vivem! É o nosso Deus quem dá a todos Vida em abundância.»’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.combonianos.pt/alem-mar/artigos/8/1154/com-moises-somos-um/


segunda-feira, 18 de março de 2024

São José

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo cf. citações extraídas da Carta Apostólica ‘Patris Corde’ do Papa Francisco


A menção mais antiga sobre o culto a São José, no Ocidente, deu-se por volta do ano 800, no norte da França. No dia 19 de março, lê-se : ‘Ioseph sponsus Mariae’. A referência a José, esposo de Maria, tornou-se cada vez mais frequente entre os séculos IX e XIV. No século XII, os Cruzados construíram uma igreja em sua honra, em Nazaré. No entanto, no século XV, o culto a São José começou a se difundir graças a São Bernardino de Sena e, sobretudo, a João Gerson (+1420), chanceler da basílica de ‘Notre Dame’ de Paris : ele manteve o desejo de dedicar, de modo oficial, uma festa a São José. Todavia, já havia algumas celebrações, em Milão, junto aos Agostinianos, e em muitos lugares da Alemanha. Entretanto, a partir de 1480, com a aprovação do Papa Sisto IV, começou-se a celebrar a sua festa em 19 de março, que, depois, passou a ser obrigatória, em 1621, com o Papa Gregório XV. O Papa Pio IX, em 1870, declarou São José padroeiro da Igreja Católica. Por sua vez, João XXIII, em 1962, inseriu seu nome no Cânon Romano da Santa Missa. Enfim, o Papa Francisco aprovou sete novas invocações na Ladainha de São José : Guardião do Redentor, Servo de Cristo, Ministro da salvação, Amparo nas dificuldades, Patrono dos exilados, Patrono dos aflitos, Patrono dos pobres.

‘Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. Eis como nasceu Jesus Cristo : Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse : ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados’. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado’ (Mt 1,16,18-21,24). A liturgia também propõe Lc 2,14-21).

Pai amado

José pôs-se a serviço do plano de salvação, cuidando da Sagrada Família, que Deus lhe confiou : foi um servo atencioso no momento da Anunciação; um servo prudente ao cuidar de Maria e do Menino, que carregava no seu seio; defensor da Família no momento de perigo. Estes são apenas alguns aspectos da figura de São José, que explicam por que o povo santo o venera com particular devoção.

Pai na ternura

José ensinou Jesus a andar, segurando-o pela mão. Jesus viu a ternura de Deus em José, homem justo. Em José, Jesus viu um homem de fé, que sabia encarar a vida com esperança, porque, em meio às tempestades, Deus permanece firme no leme do barco da vida.

Pai na obediência

O desígnio de Deus foi revelado a José em sonhos e a sua resposta sempre foi pronta : no momento da Anunciação do Senhor; quando Herodes queria matar o Menino; após a morte de Herodes. José era guiado por Deus e obedecia. Jesus respirou esta ‘submissão’ filial a Deus e aprendeu a obedecer a seus pais.

Pai no acolhimento

A figura de José é apresentada como um homem respeitoso, delicado, capaz de colocar a dignidade e a vida de Maria acima de tudo, até mesmo da sua reputação. José aceita tudo, ciente de que é guiado pela providência de Deus; entende que a vida se revela na medida em que acolhe o plano de Deus e se reconcilia com seus desígnios. Eis o realismo cristão : acolher em Deus a própria história, para acolher o próximo.

Pai na coragem criativa

Diante das dificuldades, José sempre encontrou recursos mais inesperados. Ele é o homem através do qual Deus desenvolve os primórdios da história da salvação; os obstáculos não impedem a audácia e a obstinação deste homem, justo e sábio. Deus confia neste homem, como confiou em Maria. Por isso, ele foi o Custódio da Sagrada Família : a de Nazaré e a de hoje, que é a Igreja.

Pai trabalhador

O trabalho, entendido como participação na obra de Deus, foi desempenhado por José na sua vida e o ensinou ao seu filho Jesus : a importância do trabalho é a origem de uma nova ‘normalidade’, da qual ninguém está excluído. A obra de São José recorda que o próprio Deus, feito o homem, não deixou de trabalhar, pois o trabalho é a garantia da dignidade humana.

Pai na sombra

Ser pai significa preparar o Filho às experiências da vida, à realidade, sem o prender, deter, tomar posse dele, mas fazer com que ele seja capaz de fazer suas escolhas, ser livre e poder partir. A lógica do amor é sempre a lógica da liberdade : a alegria de José é doar-se. Ele se tornou inútil e viveu na sombra, para que seu Filho pudesse emergir.’


Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/feriados-liturgicos/sao-jose.html

domingo, 17 de março de 2024

A Porta Santa

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da editorial da revista Ave-Maria


A Porta Santa de São Pedro é aberta pelo Papa apenas por ocasião do jubileu. Geralmente é a primeira porta a ser aberta e esse gesto marca o início do ano santo. 

A primeira menção desse ritual na Basílica de São Pedro remonta a 1500, quando foi realizado pelo Papa Alexandre VI. Atualmente, a parede que fecha a porta é desmontada nos dias que antecedem a abertura. Durante esse momento, uma caixa que permaneceu emparedada desde o último ano santo é removida da parede. Dentro dessa caixa está a chave que permite abrir a porta. O Papa empurra a porta de forma simbólica. Além disso, por questões de segurança, o uso do martelo para golpear o tijolo que fecha a porta foi abandonado durante o rito.

A partir desse momento, a porta permanece sempre aberta para a passagem dos peregrinos. Esse gesto não apenas permite que aqueles que chegam a Roma vivenciem plenamente a indulgência ligada ao ano santo, mas também simboliza que o caminho de conversão de cada pessoa se encontrou com Cristo, a ‘porta’ que nos une ao Pai. Ela está sempre aberta para aqueles que se convertem.

Em 1949, um concurso foi realizado para a construção da porta para o jubileu do ano seguinte. O vencedor foi o escultor Vico Consorti, que concluiu a obra em onze meses, a tempo de inaugurá-la na véspera de Natal de 1949.

A porta foi um presente para o Papa Pio XII de Francesco von Streng, bispo de Lugano e Basileia, e sua comunidade, como agradecimento ao Senhor por ter poupado a Suíça da guerra.

O tema que o escultor seguiu para os painéis que comporiam a porta surgiu das palavras do Papa : ‘Concedei, ó Senhor, que este ano santo seja o ano do grande regresso e do grande perdão’.

O ciclo escultural narra a história do homem em dezesseis painéis, desde o pecado e a expulsão do paraíso terrestre até às aparições de Cristo ressuscitado a Tomé e a todos os apóstolos reunidos, culminando na imagem de Cristo como a porta da salvação no último painel.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/a-porta-santa.html

sexta-feira, 15 de março de 2024

Maria em nossa vida

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do Padre Brás Lorenzetti


Uma das características do ser humano é a alternância entre a fortaleza e a carência. Numa fase da vida, sentimo-nos fortes e sábios, como na juventude; em outra, no entanto, sentimo-nos debilitados e carentes, como na fase decrescente e terminal da vida. Se na fase da juventude esbanjamos energia, na outra fase necessitamos de apoio.

Muitas pessoas gostam de usar estratégias e até simpatias para prolongar o tempo de saúde e vida plena. Sabendo disso, as redes sociais oferecem inúmeros ‘segredos’ e exclusividades para potencializar uma parte ou o corpo todo.

O fortalecimento ou o cuidado são aplicados para evitar que o mal venha de fora para dentro de nosso corpo ou que se instale no espírito.

Olhando para a vida de Maria, a mãe de Jesus, percebemos que ela sempre enfrentou os problemas, por maiores e mais complicados que fossem, com tão somente o poder da fé, confiando plenamente no seu Deus, sem se valer de ‘apoios’ externos. Essa atitude de Maria nos ensina e nos inspira : os problemas fazem parte da vida. A sabedoria consiste em evitar que eles se instalem e tomem conta das nossas energias.

O que precisamos é enfrentar os problemas com audácia e coragem e superá-los, confiando na força interior da fé. O enfrentamento dos problemas é uma forma de amadurecimento e fortalecimento da fé. 

Se tivermos a disponibilidade e a capacidade de doação de Maria, se nos colocamos por inteiro nas mãos de Deus – ‘Eis aqui a serva do Senhor’ (Lc 1,38) –, se tivermos a extrema confiança que Maria teve na ação de Deus em sua vida – ‘O Poderoso fez em mim maravilhas’ (Lc 1,49) –, também seremos vitoriosos.

Todos os títulos ou nomes referem-se à mesma pessoa. Todos eles indicam que Maria é mãe de todos e intercede por todos, independente da diversidade.

Que o exemplo, a fé e a confiança de Maria sejam estímulos para que usemos todas as nossas energias e toda a nossa fé para o bem e para a construção de um mundo novo e melhor, pois Deus quer fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5)’.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/maria-em-nossa-vida.html

quinta-feira, 14 de março de 2024

Crianças salvas na Polônia graças aos “Berços da vida”

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Tomasz Zielenkiewicz - Varsóvia


Há menos de uma semana, na noite de segunda-feira, 11 de março, as irmãs ursulinas encontraram uma menina abandonada em Łódź. Elas lhe deram o nome de Julia. Estava vestida normalmente e parecia saudável, e os médicos constataram que ela estava bem de saúde. No mesmo dia, um bebê de 11 meses foi encontrado na rua Szosa Bydgoska, na cidade de Toruń. Ele foi levado ao hospital para controles. Outro bebê foi encontrado no domingo em Wroclaw e uma menina de um mês e meio foi levada para a rua Rydygiera 22-28, no prédio da Congregação das Irmãs de Caridade de São Carlos Borromeu. Todos esses pequenos foram salvos graças aos ‘Berços da Vida’, locais especiais onde os bebês - mesmo aqueles com apenas alguns meses de idade - podem ser deixados de forma segura e anônima caso seus pais não possam ou não tenham condições de criá-los ou cuidar deles.

Visitas e cuidados

Os ‘Berços’ se abrem pelo lado de fora e são equipados com aquecimento e ventilação. Quando são abertos, as pessoas destinadas a cuidar da criança dão o alarme. Imediatamente, são iniciados os procedimentos médicos e administrativos para que a criança seja examinada e entregue para adoção. Atualmente, há 60 ‘Berços da vida’ na Polônia, administrados principalmente por congregações religiosas, como as irmãs pastoras do Centro Caritas Beata Maria Karłowska, em Toruń.

Uma prática antiga

A ideia de proteger os órfãos já era usada na Idade Média. O ‘Berço da vida’ mais antigo data de 1198 e está localizado em Roma, ao lado do Hospital de ‘Santo Spirito in Sassia’, fundado pelo Papa Inocêncio III. Na Polônia, o primeiro ‘Berço da vida’ foi estabelecido em 19 de março de 2006 em Cracóvia, construído por iniciativa da Caritas da Arquidiocese de Cracóvia e do cardeal Stanisław Dziwisz. Em 2023, nove crianças foram encontradas nos ‘Berços da vida’.

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-03/criancas-salvas-polonia-gracas-bercos-vida.html

segunda-feira, 11 de março de 2024

O silencio melodioso de São José

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


*Artigo de Ricardo Abrahão 

‘A música católica em sua origem é expressão do silêncio de Deus. Sem amorosa compreensão sobre o silêncio de Deus, a ação do Espírito Santo encontra dificuldades para ser bem entendida. 

Os sons encantam a vida e o coração. O maior trabalho do cristão consiste em conquistar um coração puro e ser manso e humilde como Jesus, exatamente onde reside o ponto central da expressão : música do coração! No entanto, há muita confusão sobre o tema. Cantar a liturgia com o coração não é colocar para fora nossas emoções particulares, muitas vezes fundamentadas em ilusões, vaidades e afetos narcisistas. Não! Cantar a liturgia é estar despojado de si mesmo e mergulhado no silêncio de Deus. A liturgia garante a escola da Eucaristia na celebração e no coração e, como exorta o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, ‘a melhor catequese é a liturgia bem celebrada’ (64). Alguns sons levam ao vazio e alguns silêncios à iluminação. O silêncio de Deus é a plenitude do Espírito Santo. São João da Cruz resume a voz do Pai em uma única palavra : ‘Uma palavra disse o Pai, que foi seu Filho; e di-la sempre no eterno silêncio e em silêncio ela há de ser ouvida pela alma’.

O silêncio de São José é a referência sonora a todo músico católico. Quem se empenha em acolher de todo o coração o exemplo de São José não encontrará dificuldade alguma em entender e amar o silêncio de Deus e cantará o Magnificat mergulhado no entendimento de Maria Santíssima. São José escutou e abraçou o coração de Maria fazendo do lar de Nazaré verdadeira harmonia do coro dos anjos. Quanto se defende entre ideologias e conceitos o valor da família. Quanto barulho! Bastaria aprender a ser pai e esposo como São José e transformar o lar em ressonância de paz, o que serve também aos sacerdotes e superiores religiosos muitas vezes tão ruidosos e sem o espírito de oração; pouco ou nada aprenderam do silêncio de Deus. 

Para ser pai e mãe suficientemente bons é preciso aprender com São José e Maria Santíssima. É necessário silêncio, silêncio interior. Silenciar afetos egoístas. Se um lar deseja ser cristão, necessita escutar com sabedoria. Só Deus sabe o que é melhor aos filhos em um lar e aos fiéis na Igreja. A criatura não está aqui para fazer sua vontade própria, mas a vontade de Deus. É preciso promover a escuta do silêncio de Deus para que o Espírito Santo atue na vida de cada um. Pais, sacerdotes e superiores devem tomar o máximo cuidado com a língua e com a voz proveniente do egoísmo. O Espírito Santo não atua no coração ensurdecido.

São José conduziu a Sagrada Família e zelou pela mãe e pelo Filho nas pautas da partitura de Deus. Seja ele nosso regente, o arranjador da nossa música interior e a escola de harmonia sagrada rumo ao silêncio de Deus! Cante seu hino em nossos corações :

‘Te, Ioseph, celebrent agmina caelitum,

te cuncti resonent Christiadum chori,

qui, clarus meritis, iunctus es inclitae,

casto foedere Virgini’

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://revistaavemaria.com.br/o-silencio-melodioso-de-sao-jose-2.html