Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘A música católica em sua origem é expressão do
silêncio de Deus. Sem amorosa compreensão sobre o silêncio de Deus, a ação do
Espírito Santo encontra dificuldades para ser bem entendida.
Os
sons encantam a vida e o coração. O maior trabalho do cristão consiste em
conquistar um coração puro e ser manso e humilde como Jesus, exatamente onde
reside o ponto central da expressão : música do coração! No entanto, há muita
confusão sobre o tema. Cantar a liturgia com o coração não é colocar para fora
nossas emoções particulares, muitas vezes fundamentadas em ilusões, vaidades e
afetos narcisistas. Não! Cantar a liturgia é estar despojado de si mesmo e
mergulhado no silêncio de Deus. A liturgia garante a escola da Eucaristia na
celebração e no coração e, como exorta o Papa Bento XVI na Exortação
Apostólica Sacramentum Caritatis, ‘a melhor catequese é a liturgia
bem celebrada’ (64). Alguns sons levam ao vazio e alguns silêncios à
iluminação. O silêncio de Deus é a plenitude do Espírito Santo. São João da
Cruz resume a voz do Pai em uma única palavra : ‘Uma palavra disse o Pai, que
foi seu Filho; e di-la sempre no eterno silêncio e em silêncio ela há de ser
ouvida pela alma’.
O
silêncio de São José é a referência sonora a todo músico católico. Quem se
empenha em acolher de todo o coração o exemplo de São José não encontrará
dificuldade alguma em entender e amar o silêncio de Deus e cantará o Magnificat mergulhado
no entendimento de Maria Santíssima. São José escutou e abraçou o coração de
Maria fazendo do lar de Nazaré verdadeira harmonia do coro dos anjos. Quanto se
defende entre ideologias e conceitos o valor da família. Quanto barulho!
Bastaria aprender a ser pai e esposo como São José e transformar o lar em
ressonância de paz, o que serve também aos sacerdotes e superiores religiosos
muitas vezes tão ruidosos e sem o espírito de oração; pouco ou nada aprenderam
do silêncio de Deus.
Para
ser pai e mãe suficientemente bons é preciso aprender com São José e Maria
Santíssima. É necessário silêncio, silêncio interior. Silenciar afetos
egoístas. Se um lar deseja ser cristão, necessita escutar com sabedoria. Só
Deus sabe o que é melhor aos filhos em um lar e aos fiéis na Igreja. A criatura
não está aqui para fazer sua vontade própria, mas a vontade de Deus. É preciso
promover a escuta do silêncio de Deus para que o Espírito Santo atue na vida de
cada um. Pais, sacerdotes e superiores devem tomar o máximo cuidado com a
língua e com a voz proveniente do egoísmo. O Espírito Santo não atua no coração
ensurdecido.
São
José conduziu a Sagrada Família e zelou pela mãe e pelo Filho nas pautas da
partitura de Deus. Seja ele nosso regente, o arranjador da nossa música
interior e a escola de harmonia sagrada rumo ao silêncio de Deus! Cante seu
hino em nossos corações :
‘Te, Ioseph, celebrent agmina caelitum,
te cuncti resonent Christiadum chori,
qui, clarus meritis, iunctus es inclitae,
casto foedere Virgini’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://revistaavemaria.com.br/o-silencio-melodioso-de-sao-jose-2.html
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