Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
'O olhar
vivo, o sorriso que nunca cede à resignação, em sinal de esperança. Nem sequer
diante da tragédia. A irmã Yvette Lwali Zawadi, da casa generalícia das Irmãs
Angélicas em Roma, está em contacto permanente com as suas irmãs na República
Democrática do Congo ( RDC ). «Muitas delas — diz — perderam
familiares e conhecidos por causa das derrocadas e dos deslizamentos de terra.
Uma tragédia que as une ainda mais às populações locais, todas à procura dos
corpos dos seus entes queridos. Pode dizer-se que se consideram afortunados
aqueles que podem dar sepultura aos próprios entes queridos».
A
casa generalícia das Irmãs Angélicas de São Paulo situa-se na via Casilina, uma
das periferias de Roma, e é sempre na periferia da capital do Kivu do Sul,
Bukavu, que as Irmãs desempenham o seu trabalho.
«No
Kivu do Sul — diz a irmã Yvette — estamos presentes com cerca de 55 irmãs e
três casas. A primeira, em Murhesa, fica apenas a 30 km de Bukavu, mas não se
deve pensar em quilometros como aqui na Itália. Poucas milhas
na RDC podem significar horas de viagem». As outras duas casas
situam-se um pouco mais longe, precisamente em Kavumu e Kahele. Esta última, além
das recentes inundações, é uma zona onde se registaram numerosos casos de
violência causados pela instabilidade política e que afetaram sobretudo as
mulheres.
Através
dos nossos projetos, continua a Ir. Yvette, «optamos por dar prioridade às
escolas e à educação. Na RDC , as escolas públicas são muitas vezes
uma quimera e a maior parte das pessoas não tem possibilidade de pagar as
mensalidades das instituições privadas. As nossas escolas acolhem cerca de 900
alunos e procuramos apoiar em particular a educação das adolescentes e das
mulheres jovens, que são frequentemente discriminadas na educação. Não é fácil,
até porque os custos são elevados. É também por isso que ativamos, há algum
tempo, um programa de adoção à distância, através do qual qualquer pessoa pode
ajudar-nos na nossa missão».
Ao
lado da educação, as Irmãs Angélicas de São Paulo na República Democrática do
Congo estão ativas em hospitais e orfanatos, mas também através de um
verdadeiro trabalho de apostolado nas áreas mais remotas, onde apoiam famílias
que cultivam pequenas parcelas de terra, especialmente mulheres sozinhas que
devem sustentar e educar os próprios filhos. «Todos os meses — diz a irmã
Yvette — nos encontramos com as mães e as crianças e procuramos dar-lhes o que
precisam. No orfanato de Kahele há muitos casos de subnutrição grave e as irmãs
fazem o que podem para apoiar os mais pequeninos necessitados».
A
escolha do tipo de ação a realizar e dos beneficiários a assistir é
supervisionada pela Arquidiocese de Bukavu, mas a presença da Congregação no
Kivu do Sul desde 1963 é, por si só, a primeira garantia da eficácia das
intervenções. «Afinal de contas — evidencia a irmã Yvette — as relações com as
instituições locais baseiam-se geralmente na confiança e na colaboração. Um dos
problemas mais delicados continua a ser, em todo o país, e não apenas no Kivu
do Sul, o do pagamento dos professores que, muitas vezes, não recebem os
salários durante longos períodos. A presença das nossas escolas representa,
neste sentido, uma lufada de ar fresco e as pessoas veem-nos como um ponto de
referência e de esperança».
«O
nosso compromisso — conclui a Irmã Yvette — baseia-se no carisma da nossa
congregação, a renovação do fervor cristão. O mesmo fervor que acompanhou a
visita do Papa Francisco à República Democrática do Congo, que teve lugar entre
31 de janeiro e 3 de fevereiro de 2023. E mesmo que o Pontífice não tenha
podido visitar Goma, a capital do Kivu do Norte, como estava inicialmente
previsto, o simples facto de ter empreendido a viagem apostólica
à RDC após o seu cancelamento forçado em julho de 2022, foi para toda
a população do nosso país um sinal de esperança e, realmente, de renovado
fervor cristão».’
Fonte : *Artigo na íntegra
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