Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘‘Creio
na Santa Igreja Católica’ – essa é a afirmação feita por nós, católicos,
todas as vezes em que estamos na Missa, em frente ao altar. Essa verdade consta
no Credo Apostólico, mas se a oração a ser feita advir do Credo
Niceno-Constantinopolitano, a especificação é ainda maior : ‘Creio na Igreja,
una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para remissão dos
pecados’. Em uma sentença : cremos verdadeiramente na fé que professamos,
entretanto, ainda há alguns desacertos quanto ao núcleo central da nossa
credulidade, quanto ao sacrifício perfeito, ou seja, quanto ao entendimento
real da missa.
Trata-se
de enxergar a clareza do que está a ocorrer naquele altar não como um evento ou
um simples cultuar a Deus. É necessário, acima de qualquer coisa, compreender
verdadeiramente a missa como sacrifício, o verdadeiro sacrifício de Cristo na
Cruz. Presencia-se ali não um novo martírio, mas a confirmação, a
sacramentalização daquela imolação ocorrida há dois mil anos.
Lutero
e Calvino têm uma perspectiva diferente, chegando a abominar a Santa Missa,
acreditando ocorrer ali um novo sacrifício e afirmam que tudo aquilo não é
necessário fazer, uma vez que a imolação já fora oferecida e que os pecados já
se encontram perdoados, como uma quitação judicial definitiva. De fato, a
redenção ocorreu lá na Cruz, com Jesus Cristo, mas ela precisa ser apropriada
como redenção subjetiva para o caminho de Santidade. Não é simplesmente um
recibo que o cristão adquire de que nossos pecados foram justificados; mas um
caminho legítimo na busca de ser verdadeiramente santo. Vale destacar que
o Concílio de Trento, por outro lado, respondeu a Lutero e Calvino
dizendo que não há dois sacrifícios. Essa é a posição oficial da
Igreja. Isso está declarado dogmaticamente. O Concílio de Trento (Sessão 22.ª)
o diz : ‘Com efeito, uma só e mesma é a vítima [Una enim eademque est hostia],
pois quem agora se oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que então
se ofereceu na cruz; só o modo de oferecer é diferente.’
Posição
católica
Ou
seja, a posição católica é única : a vítima é a mesma, a Pessoa divina que se
encarnou e que se ofereceu na Cruz, agora se oferece pelo ministério do
sacerdote, do padre, no altar. ‘Só o modo de oferecer é diferente’ : na Missa,
é sem derramamento de sangue. Essa é a posição dogmática da Igreja
Católica.
É
preciso ter a disposição para entender a importância da missa para além da
remissão dos pecados; entender a fé para além da quitação e absolvição dos
pecados. É preciso ir além. Afinal, se o objetivo é ser a imagem e
semelhança de Cristo, é necessário muito além de puramente não cometer pecados,
mas percorrer rumo à redenção verdadeira. É preciso algo além do que uma
absolvição cartorial, mas uma transformação real da alma, ou seja, ela precisa
amar e realizar obras divinas como os santos, e tal caminho passa pelos
sacramentos, como a própria Eucaristia.
Pensar
em Santa Teresa D`Ávila, Santo Tomás de Aquino, Santo Agostinho ou São
Francisco como exemplos de vida é uma tarefa muito árdua se não houver como
auxílio maior o Espírito Santo de Deus. Se os referidos santos e todos os
outros conseguiram alcançar a tão almejada sétima morada que Santa Teresa
D`Ávila revela em seu livro sobre As sétimas moradas do Castelo Interior da
Alma, estejam certos de que tal conquista não fora pelos próprios méritos ou
por algum tipo de merecimento, ou ainda, porque simplesmente creram em Jesus e
tinham fé. É um esvaziar-se de tal forma que nada mais há a não ser àquele que
os criou. E tal atitude vai muito além de um único passo de arrependimento dos
pecados.
Sim,
é aí que o caminho da perfeição começa. É aceitando nossas máculas e buscando
corrigi-las diariamente. Mas se o desejo é ser semelhante a Cristo, é necessário
sermos diferentes do que somos e buscar, somente pela graça, a virtude da
Santidade.’
Referências :
- A Bíblia Sagrada. Tradução do
Pe. Manuel de Matos Soares. Campinas: Ecclesiae, 2096p.
- João Calvino, Institutio religionis christianæ, v. 2. Brunsvique:
Schwetschke, 1869.
- Padres apostólicos. São Paulo:
Paulus, 1995.
- Padre Paulo Ricardo. A resposta
Católica. São Paulo: Ecclesiae, 2013.
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2023/06/11/missa-o-sacrificio-perfeito/
Nenhum comentário:
Postar um comentário