Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Felipe Aquino,
professor
‘Após o domingo de
Páscoa, a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a
presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas
últimas instruções (At1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a
sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a
Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O
Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.
Tempo
Pascal
O
Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = ‘pentecostes’),
vividos e celebrados ‘como um só dia’. Dizem as Normas Universais do Ano
Litúrgico que : ‘os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o
domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, ‘como se fosse
um único dia festivo’, como um grande domingo’ (n. 22).
É
importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana
é a ‘oitava da Páscoa’. Ela termina com o domingo da oitava, chamado ‘in albis’,
porque nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia
do Batismo.
Esse
é o Tempo litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo
da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da
Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na ‘vida nova’
do Reino de Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja
em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a
Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos ‘nos últimos tempos’
e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o
inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço
do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.
Prolongar
a alegria da Ressurreição
A
Igreja logo nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal,
para ‘prolongar a alegria da Ressurreição’ até a grande festa de Pentecostes. É
um tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na
expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo
de oração confiante.
Nestes
cinquenta dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o
Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele
simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que
todo medo deve ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo
no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em
suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista : ‘Confia os teus
cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá’ (Salmo 35,6).
Domingos
de Páscoa
Os
vários domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, ‘terceiro domingo
depois da Páscoa’, mas ‘III domingo de Páscoa’. As leituras da Palavra de Deus
dos oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a
Ressurreição. A primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da
Igreja primitiva, que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e
o seu Reino, com destemor e alegria.
Portanto,
este é um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente
na presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da
Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas
fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé
e assumir com Cristo a missão de todo batizado : levar o mundo para Deus,
através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo
que somente nele há salvação.
Então,
a Igreja deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo
espírito do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja
prolonga a Páscoa, com a intenção de que ‘o tempo especial de graças’ que significa
a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais
copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o
céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.
Bênçãos
da Páscoa
Mas,
só podem se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm
sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não
pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e
humildade.
As
mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe
passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as
suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas
desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão
frequentemente.
Muitas
vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a
chave que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca
todos os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar
nossa vida espiritual e crescer em santidade.
O
Círio Pascal
O
Círio Pascal estará acesso por quarenta dias nos lembrando isso. A grande vela
acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo
Pascal. A palavra ‘círio’ vem do latim ‘cereus’, de cera. O produto das
abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo
de Cristo – Luz, e que fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado.
O
Círio Pascal é já desde os primeiros séculos um dos símbolos mais expressivos
da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da
data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego,
para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da
eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O
Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as
cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.
O
Círio Pascal ficará aceso em todas as celebrações durante as sete semanas do
Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de
Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja
dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os
batismos e as exéquias, quer dizer no princípio e o término da vida temporal,
para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu
caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida
eterna.
Sacramental
No
Vaticano, a cera do Círio Pascal do ano anterior é usada para a confecção do ‘Agnus
Dei’ (Cordeiro de Deus), que muitos católicos usam no pescoço; é um sacramental
valioso para nos proteger dos perigos desta vida, pois é feito do Círio que
representa o próprio Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele é
confeccionado de cera branca onde se imprime a figura de um cordeiro, símbolo
do Cordeiro Imolado para reparar os pecados do mundo.
Esses
‘Agnus Dei’ são mergulhados pelo Papa em água misturada com bálsamo e o óleo
Sagrado Crisma. O Sumo Pontífice eleva profundas orações a Deus implorando para
os fiéis que os usarem com fé, as seguintes graças : expulsar as tentações,
aumentar a piedade, afastar a tibieza, os perigos de veneno e de morte súbita,
livrar das insidias, preservar dos raios, tempestades, dos perigos das ondas e
do fogo – impedir que qualquer força inimiga nos prejudique – ajudar as mães no
nascimento das crianças.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2022/04/17/a-importancia-da-oitava-de-pascoa/
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