Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Vatican News com a Asia News
‘A ‘partilha de uma
igreja’ num ‘contexto’ como o contexto turco é um ‘dom precioso’, porque ‘não é
fácil’ construir novos lugares de culto e dar o uso de um já existente ‘a uma
comunidade irmã como a ortodoxa é um dom de amor’.
O
vigário apostólico de Istambul, dom Massimiliano Palinuro, sublinha a AsiaNews
o valor do acordo alcançado na Quinta-feira Santa no Fanar de Constantinopla
entre o superior da ordem franciscana frei Massimo Fusarelli e o patriarca
ecumênico Bartolomeu I.
Ele
prevê a concessão do uso da igreja (católica) de Santa Maria em Izmir, datada
do século XVII, aos ortodoxos para atender às necessidades expressas pelo
metropolita da cidade.
O
Papa, os frades franciscanos e a comunidade ortodoxa
Um
acordo alcançado graças à vontade comum do Papa Francisco, dos frades
franciscanos e da comunidade ortodoxa : ‘A igreja - continua o prelado - foi
concedida para uso gratuito, um gesto de grande fraternidade que mostra como o
caminho ecumênico progrediu’.
A
comunidade católica é muito afeiçoada à igreja de Santa Maria, porque era a
antiga catedral de Izmir, que hoje vê a presença cristã florescer novamente em
termos numéricos, especialmente entre os ortodoxos, a ponto de a pequena igreja
de Agia Fotinì ser insuficiente para as necessidades do culto.
Hoje,
na terceira cidade mais importante da Turquia, depois da capital Ankara e
Istambul, o coração econômico e comercial do país, há cerca de 2 mil católicos,
17 sacerdotes e 12 igrejas de uma população total de mais de 4,2 milhões e
cerca de 6 mil mesquitas em todo o território.
Esperança
de alcançar a plena comunhão eucarística
‘O
passo que esperamos com a maior esperança - explica dom Palinuro - é que logo
alcancemos a partilha dos sacramentos, a plena comunhão eucarística’, que deve
ser não somente ‘um ponto de chegada’, mas também um ‘elemento de encorajamento’
no caminho ecumênico.
Nas
relações entre católicos e ortodoxos, durante muito tempo ‘insistiu-se que a
plena comunhão dos sacramentos deveria ser reservada para o término do percurso’,
observa o vigário, uma vez ‘resolvidos todos os problemas doutrinários e
jurídicos’.
Em
vez disso, ‘aqui na Turquia estamos convencidos de que o passo necessário e
indispensável para aplainar os obstáculos disciplinares e doutrinários é
precisamente a plena comunhão dos sacramentos’.
É
na Eucaristia que se constrói a comunhão
‘Porque
- adverte ele - é na Eucaristia que se constrói a comunhão, é na oração e na
celebração comum dos sacramentos que são aplainados todos os obstáculos que as
interpretações teológicas desajeitadas ou as diferentes tradições jurídicas têm
sido capazes de criar’.
‘Estamos
realmente ansiosos pela plena comunhão dos sacramentos, que já havia ocorrido
aqui no passado sob a liderança iluminada do patriarca Athenagoras’, lembra o
vigário de Istambul, que há muito - mesmo antes de sua nomeação - cultivou uma
relação pessoal de estima com Bartolomeu.
‘Esperamos
que o mais rápido possível - acrescenta - os líderes das comunidades cristãs
sejam capazes de fazer gestos corajosos e proféticos a este respeito, porque
realmente não há razão para que a Igreja católica e os Ortodoxos orientais
mantenham limites à plena comunhão nos sacramentos’.
Terremoto,
a solidariedade entre as diversas comunidades
Também
a fortalecer a cooperação entre as Igrejas foi o recente terremoto devastador
que atingiu a Turquia (e a Síria) em 6 de fevereiro. ‘Foi terrível - lembra dom
Palinuro - ver igrejas de todas as denominações cristãs, sinagogas, mesquitas
destruídas’.
‘Como
acontece frequentemente, nos piores momentos, o melhor da natureza humana
brilha : a solidariedade que foi vista entre as diversas comunidades, e que
continua a acontecer, foi e é extraordinária’.
O
terremoto, continua ele, criou danos que ‘levarão décadas para serem reparados,
portanto será necessário continuar colaborando e ajudando-se uns aos outros’,
deixando de lado ‘toda diferença e discriminação’.
Relação
com o patriarca Bartolomeu
Por
fim, o vigário apostólico de Istambul relata a relação com o patriarca
Bartolomeu que cresceu ao longo do tempo. ‘Um conhecimento pessoal precioso -
explica ele - porque o verdadeiro ecumenismo é feito não tanto através de
conferências e declarações teológicas’, mas com ‘diálogo fraterno, na
frequência, na partilha de momentos de oração e fraternidade’.
Com
o primaz ortodoxo, seus colaboradores e os metropolitanos há reuniões semanais
ou quinzenais, conclui, durante as quais ‘ideias, preocupações e projetos são
compartilhados, e isto certamente vai na direção de relações cada vez mais
marcadas pela verdadeira fraternidade’.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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