Capa do livro “Antífonas do Ó – Iluminuras e Caligrafia
pelas monjas do Mosteiro Nossa Senhora da Paz”
pelas monjas do Mosteiro Nossa Senhora da Paz”
Entremeadas de textos bíblicos, as Antífonas do Ó são orações curtas que sintetizam a cristologia da antiga Igreja e do Mistério do Natal.
Pertencem à Liturgia do Advento e são entoadas de 17 a 23 de dezembro em todos os mosteiros e abadias do mundo – cadenciando a vida dos cristãos – antes e após o cântico evangélico ‘Magnificat’ na hora canônica das Vésperas (oração do final da tarde que dá início ao novo dia).
De acordo com D. Guéranger (Abade de Solesmes, França, +1875), ‘as Antífonas do Ó contêm todo o núcleo do período litúrgico’.
São consideradas, ainda, ‘as pérolas que exprimem o tesouro escondido no campo deste Tempo, configurando a coroa do Rei dos reis!’.
Criadas entre os séculos VI e VIII, as sete antífonas (já foram até doze) :
. iniciam todas pelo vocativo ‘Ó’! (exclamativo),
. possuem composição e melodia totalmente semelhante,
. invocam, a cada dia, um título diferente, um título messiânico obtido do Antigo Testamento e
. atingem o clímax no ‘Vinde’, numa súplica a Jesus Cristo
A reforma litúrgica pós-Vaticano II valorizou ainda mais esses versículos, utilizando-os na aclamação ao Evangelho durante as missas dos dias feriais que precedem o Natal.
O Acróstico ERO CRAS
A primeira letra das sete primeiras palavras que seguem o vocativo, lida em sentido inverso, equivale ao acróstico ERO CRAS (Virei Amanhã) – um anúncio do próprio Messias aos fiéis. Clique abaixo, em cada dia (à direita), para maiores detalhes :
A oração litúrgica do Advento e
a tradição em tempos atuais
As Antífonas do Ó, também chamadas de Grandes Antífonas (‘Antiphonae Majores’), influenciaram inúmeras gerações à adoração do Mistério da Encarnação; da Liturgia Monástica do século VI à piedade popular da novena de Natal, surgida no ocaso do século XVIII, perpetuaram Jesus Cristo nas inovações das celebrações cristãs; não é à toa que a mais forte expressão bíblica seja o MARAN-ATHA (Vinde, Senhor Jesus!) do Apocalipse e indicaram, desde sempre, o verdadeiro caminho à Noite Feliz, quando o Sol nascente dissipa as trevas e nasce a Vida.
Salientamos duas antiquíssimas expressões artísticas que enaltecem o Natal e direcionam a Igreja ao louvor, ao equilíbrio e à harmonia do cristão :
O Canto Gregoriano
Imagens de Natal ao som de Puer Natus Est Nobis.
Coro dos Monges da Abadia de Nossa Senhora da Assunção.
Mosteiro de São Bento de São Paulo.
É o canto oficial da Igreja, pela tradição e perfeição, um gênero de música vocal:
. monofônica (só uma melodia),
. monódica (só uma voz, em uníssono),
. sem acompanhamento (‘a capella’) ou acompanhada apenas pelo órgão
. e com o ritmo não medido (ausente de compasso fixo).
Em resumo, é o uníssono da voz de toda a comunidade, em concordância com a Palavra, ressaltando o prestígio da unidade da celebração
Adquiriu características e virtudes dos salmos judaicos e das cantigas da Idade Média. No século VI foram selecionados, compilados e adaptados pelo Papa São Gregório Magno (+604).
Este ofício refinado, cuja elaboração era de alta relevância no contexto da arte medieval, era produzido nos conventos e abadias.
As iluminuras são pequenos desenhos decorativos, como miniaturas, de figuras, flores ou ornamentos que, dos séculos V ao X, adornavam as letras iniciais dos capítulos dos códices medievais: suas cores ‘iluminam’ a essência de um texto, em geral a primeira palavra, dando assim destaque ao sagrado, à nobreza da Palavra. Tal costume era igualmente desenvolvido nas sinagogas.
Fontes :
1. “Antífonas do Ó – Iluminuras e Caligrafia pelas monjas do Mosteiro Nossa Senhora da Paz”, autoria das monjas beneditinas de Itapecerica da Serra/São Paulo (www.mosteironossasenhoradapaz.org.br). Editado pelas Paulinas.
2. “Antífonas do Ó – Um tesouro da liturgia do Advento”, do *Padre Jomar, Revista Beneditina nrº 13, Novembro/Dezembro de 2005, editado pelas monjas beneditinas do Mosteiro da Santa Cruz – Juiz de Fora/Minas Gerais.
(e-mail: publicacoesmonasticas@yahoo.com.br).
*Padre Jomar Vigneron, nasceu em 1940 em Cholet, França. Ingressou na Missão Operária São Pedro e São Paulo (MOPP) em 1968. Vive no Brasil desde 1971. Foi metalúrgico trabalhando como fresador na Suiça e nas cidades de Salvador e Osasco, onde atuou numa empresa de reforma de ônibus. Depois de um período numa fábrica do Canadá, voltou para o Brasil onde foi destacado para a equipe formativa em Curitiba. Atuou como evangelizador no mundo do trabalho vivendo em equipe missionária nas periferias de várias cidades.Para um melhor entendimento dos comentários destas antífonas, das referências bíblicas e a fim de apreender os matizes de muitos textos litúrgicos por elas inspirados, é importante conhecer :
- a Vulgata, tradução da Bíblia feita por São Jerônimo no século IV, do grego para o latim e
- a tradução da Bíblia chamada ‘Setenta’ (ou LXX), feita do hebraico para o grego em Alexandria, entre 250 e 150 a.C., e uma referência extremamente importante para os Santos Padres da Igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário