Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Vatican News
‘Segundo um relatório
do UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância -, divulgado nesta
sexta-feira, 17, dez milhões de crianças em Burkina Faso, Mali e Níger precisam
de assistência humanitária, o dobro em relação a 2020, por causa da
intensificação do conflito. Enquanto isso, quase 4 milhões de crianças correm
risco também nos países vizinhos, devido às hostilidades entre grupos armados e
forças de segurança nacional, que ultrapassam as fronteiras.
Marie-Pierre
Poirier, diretora regional do UNICEF para a África Ocidental e Central, afirmou
: ‘As crianças estão cada vez mais envolvidas em conflitos armados, vítimas de
confrontos militares crescentes ou alvos de grupos armados não estatais. O ano
2022 foi um ano particularmente violento para as crianças no Sahel central.
Todas as partes em conflito devem interromper, com urgência, os ataques contra
crianças, escolas, centros de saúde e casas’.
Em
Burkina Faso, segundo dados das Nações Unidas, o número de crianças mortas, nos
primeiros nove meses de 2022, triplicou em comparação ao mesmo período de 2021.
A maioria das crianças foi vítima de tiroteios, durante os ataques às suas
aldeias ou por causa de explosivos improvisados ou de resíduos de explosivos
bélicos.
O
conflito armado no país tornou-se cada vez mais brutal. Alguns grupos armados,
que atuam nas grandes áreas do Mali, Burkina Faso e, sempre mais, do Níger,
utilizam táticas como o bloqueio de cidades e aldeias e sabotagem do
abastecimento de água. Segundo dados recentes, mais de 20.000 pessoas, na área
de fronteira entre Burkina Faso, Mali e Níger, atingirão, até junho de 2023, um
nível ‘catastrófico’ de insegurança alimentar.
Grupos
armados, contrários à instrução imposta pelo Estado, queimam e saqueiam
sistematicamente as escolas, além de ameaçar, sequestrar ou matar os
professores. Mais de 8.300 escolas foram fechadas nos três países, por serem
alvos diretos, porque os professores fugiram ou os pais escaparam por medo de
mandar seus filhos à escola. Em cada cinco escolas, em Burkina Faso, mais de
uma foi fechada, sem contar que 30% das escolas na região de Tillaberi, na
Nigéria, não funcionam mais devido ao conflito.
As
hostilidades no Sahel Central estão se alastrando para as regiões fronteiriças
do norte de Benin, Costa do Marfim, Gana e Togo : comunidades remotas, com
infraestruturas e recursos precários, onde as crianças têm acesso, extremamente
limitado, aos serviços essenciais e à proteção.
Em
2022, pelo menos 172 episódios violentos, inclusive ataques de grupos armados,
foram assinalados nas áreas fronteiriças dos quatro países. No Benin, o mais
atingido, cerca de até 15% da população corre risco, segundo fontes de uma rede
regional de monitoramento. No Benin e Togo, foram fechadas nove escolas nas
regiões do norte dos países ou não funcionam mais devido à insegurança no final
de 2022.
Esta
crise verifica-se em uma das regiões mais afetadas pelas causas climáticas do
planeta. As temperaturas no Sahel estão aumentando 1,5% mais rápido que a média
global. As chuvas, irregulares e fortes, causam inundações, diminuem as
colheitas e contaminam os escassos recursos hídricos. Em 2022, as piores
inundações dos últimos anos prejudicaram ou destruíram 38.000 casas dos habitantes
no Níger, um país que ocupa o 7º lugar, em nível global, no índice de risco
climático para as crianças do UNICEF.
A
crise no Sahel Central continua crônica e criticamente pouco financiada : em
2022, o UNICEF recebeu apenas um terço dos 391 milhões de dólares que pediu
para o Sahel Central. Para este ano corrente, o UNICEF fez um pedido de 473,8
milhões de dólares para ajudar na sua ação humanitária no Sahel Central e nos
países costeiros vizinhos.
Marie-Pierre
Poirier, diretora regional do UNICEF para a África Ocidental e Central, conclui
suas declarações, dizendo : ‘A realidade da crise no Sahel Central e nos países
costeiros, cada vez mais próximos, precisa, com urgência, uma resposta
humanitária mais incisiva e investimentos flexíveis, em longo prazo, em
serviços sociais essenciais e flexíveis, para ajudar a consolidar a coesão
social, o desenvolvimento sustentável e um futuro melhor para as crianças’.’
Fonte : *Artigo na íntegra
Nenhum comentário:
Postar um comentário