Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Elise Ann Allen
Tradução : Ramón Lara
‘Em uma nova entrevista a uma rede de
transmissão italiana, o Papa Francisco alertou contra males espirituais, como
fofocas e mundanismo espiritual, dizendo que este último causa o maior dano à Igreja
porque alimenta o clericalismo.
Questionado
sobre sua visão para o futuro da Igreja Católica e o maior problema com que ela
enfrenta hoje, o papa disse que imagina a Igreja futura como foi descrita pelo
Papa Paulo VI em sua encíclica de 1975, Evangelii Nuntiandi, como ‘uma
Igreja em peregrinação.’
Quanto
ao maior problema da Igreja, Francisco disse que ‘o maior mal da Igreja é o
mundanismo espiritual. É a pior coisa que pode acontecer à Igreja, pior do que
os papas libertinos’, muitos dos quais eram culpados de várias formas de
corrupção.
O
mundanismo espiritual, disse o papa, ‘faz crescer o clericalismo’, e o
clericalismo, disse, é ‘uma perversão da Igreja’ que leva a diferentes
formas de ‘rigidez’.
‘O
clericalismo gera rigidez, e sob toda rigidez há algo pútrido. O mundanismo
espiritual gera o clericalismo que leva a posições rígidas e ideológicas, onde
a ideologia toma o lugar do Evangelho’, apontou.
O
Papa Francisco falou durante uma entrevista gravada que foi exibida durante o
programa Che Tempo Che Fa da emissora estatal italiana RaiTre,
exibido na noite de domingo.
Na
entrevista, o papa abordou vários tópicos sobre os quais se manifestou
abertamente, incluindo os migrantes, o meio ambiente, os perigos da fofoca e a
proximidade com aqueles que sofrem.
A
nível pessoal, admitiu ao apresentador Fabio Fazio que o seu primeiro trabalho
de sonho de infância foi ser açougueiro, e que a sua música favorita são os
clássicos e o tango, que também dançou quando jovem.
Brincando
sobre ser portenho, que significa ‘pessoa da cidade portuária’
geralmente se referindo a alguém de Buenos Aires, disse que ‘um portenho que
não dança tango não é um portenho’.
Questionado
sobre os 12 migrantes encontrados recentemente congelados até a morte perto da
fronteira Turquia-Grécia, Francisco disse que isso é ‘um sinal da cultura da
indiferença’, que é uma doença da qual ‘estamos padecendo’.
Esta
indiferença, disse, começa com o ‘problema da categorização’ e o fato
de, para muitos, ‘as crianças, os migrantes, os pobres, os que não têm o que
comer, não contam, são as categorias inferiores, eles não estão em primeiro
lugar.’
‘Na
imaginação universal o que conta é a guerra. Com um ano sem fabricar armas, o
mundo poderia ser alimentado e educado livremente, mas isso está em segundo lugar’,
disse, e instou os países europeus a fazer uma avaliação honesta e um
compromisso de quantos migrantes podem receber.
‘A
Itália e outros países precisam de pessoas’, disse o papa, acrescentando
que ‘um migrante integrado ajuda esse país’.
Sobre
o meio ambiente, o papa lamentou que a humanidade muitas vezes se veja como ‘onipotente
diante da terra’.
‘Devemos
cuidar da Mãe Terra’, apontou, lembrando que o pescador de San Benedetto
del Tronto uma vez o procurou dizendo que havia limpado várias toneladas de
plástico daquela parte do mar.
‘Jogar
plástico no mar é criminoso, mata’, disse o Papa Francisco.
O
Santo Padre exortou os fiéis a estarem perto daqueles que sofrem, e novamente
expressou tristeza pelo sofrimento das crianças, que é algo que disse que pediu
a Deus, mas ainda não consegue entender. Sem resposta para uma pergunta tão
preocupante, Francisco falou que a única coisa a fazer neste ponto ‘é sofrer
com eles’.
Sobre
o tema da fofoca, que muitas vezes condenou e exortou os fiéis a se absterem, o
papa disse que é aqui que começam as divisões e até as guerras, enraizadas em
uma ‘agressão destrutiva’ tão característica da sociedade moderna.
‘A
agressão destrutiva é um problema social’, disse, observando que a agressão
social tem sido amplamente estudada por psicólogos.
O
Papa Francisco se absteve de fazer mais comentários sobre o assunto, por não
ser um especialista, mas apontou para o crescente número de suicídios de jovens
e o problema do bullying nas escolas, seja online ou pessoalmente, dizendo que ‘a
agressão deve ser educada’.
‘Existe
uma agressão positiva e destrutiva’, disse. ‘Começa com uma coisinha,
com a língua, com a fofoca. Fofocar em famílias, entre pessoas, destrói a
identidade. Não à fofoca, se você tem algo contra o outro, ou você conta ou vai
contar na cara deles, é preciso coragem.’
Perguntado
se há algo pelo qual uma pessoa não pode ser perdoada, o papa disse que não,
observando que Deus deu à humanidade o livre arbítrio e que cada pessoa é capaz
de fazer o bem ou o mal.
‘Somos
livres e mestres para tomar nossas próprias decisões, mesmo as erradas’,
apontou, mas enfatizou que ‘a capacidade de ser perdoado é um direito
humano, todos temos o direito de ser perdoados se pedirmos perdão’.
O
Papa Francisco na entrevista também falou sobre o que significa rezar, suas
amizades, e disse que não assiste TV.
Sobre
seus amigos, o papa disse que tem ‘poucos amigos, mas verdadeiros. Eu gosto
de estar com eles. Eu preciso de amigos. Por isso não morei no palácio
pontifício’.
Francisco também disse que seus antecessores ‘eram santos’, mas brincou que ‘não sou tão santo assim, não poderia ter feito isso… gosto de viver com as pessoas, é mais fácil’.'
Fonte : *Artigo na íntegra
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