Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Octavio Messias,
jornalista
‘Quem, como eu, nasceu a partir
da segunda metade do século XX, cresceu sob ilusão de que de que o pior na
história da humanidade já tinha ficado para trás. Pragas, pestes, guerras,
escravidão, colapsos do sistema social… Tudo isso parecia coisa do passado,
especialmente no mundo ocidental.
Com a evolução das ciências
humanas, biológicas e exatas que nos precedeu, com a evolução da civilização,
com hábitos de higiene e normas de saneamento básico, tínhamos a ilusão de que
a humanidade já tinha encontrado seu caminho, que estávamos na trilha da luz, e
que, embora ainda atravessássemos crises pontuais e ajustes obviamente ainda se
fizessem necessários, tudo tendia a melhorar sempre.
Até que, em 2020, mais de 50
anos depois de o homem ter chegado à Lua; quando é possível fazer contato em
tempo real por áudio e vídeo com qualquer pessoa do planeta, quando existem
telefones equipados com dispositivos de identificação facial, edifícios com
amortecimento para terremotos e até carros autônomos capazes de atravessar
continentes através de comandos por satélite, surge uma crise sanitária global
que nos mostra como não somos tão avançados quanto imaginávamos.
Uma pandemia que jogou por
terra nosso equivocado senso de onipotência, que foi capaz de revelar o quão
frágeis somos, que nos fez lembrar que não existimos sem respirar, que nos
mostrou o quanto somos dependentes dos outros e dos recursos naturais para
sobreviver e que atestou, de maneira incisiva, o quanto somos humanos.
Correção de rumo
A pandemia expôs, de maneira
brutal, as principais falhas da nossa sociedade. Revelou toda a desigualdade
social, o descaso com nossos sistemas de saúde, a falta de preocupação com o
meio-ambiente, a falta de informação e o descompasso na nossa comunicação. Além
disso, ainda se tornou estopim para o ódio e para disputas de poder.
Mas não nos desesperemos. Essa,
a pandemia, me parece uma daquelas muitas provações pelas quais as civilizações
passaram, e superaram, ao longo da história. Eclesiastes, capítulo 7, versículo
10 : ‘Nunca digas : Por que foram os dias passados melhores do que estes?
Porque não provém da sabedoria esta pergunta’.
De nada adianta idealizarmos o
passado e nos remoermos pelo presente. Mesmo em um momento difícil como o
atual, me parece mais sábio refletir sobre onde estamos, enquanto espécie
humana, e como aqui viemos parar.
A maior parte das crises que
atravessamos até hoje, de alguma forma, foram fundamentais para que delas
surgisse algo melhor, para que o ser humano respondesse por meio da ação de
modo que aquilo não se repetisse ou para que pelo menos estivéssemos prontos
para lidar com tais acometimentos de maneira a minimizar seus estragos.
Quem sabe deste momento não
surja uma oportunidade para corrigirmos os erros do passado?
Por isso é importante que
encaremos a situação com humildade. Pois ela nos mostra, de maneira
incontestável, que ainda temos muito o que aprender.’
Fonte : *Artigo
na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/07/29/pandemia-feriu-nossa-ilusao-de-onipotencia/
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