Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
do Francisco Machado,
Missionário Comboniano
‘Como missionário comboniano se
há algo que a minha experiência de vida por terras africanas me tem ensinado é
que a missão não é uma questão de matemática, mas sim de fé e de amor e doação,
pois somente o amor de tudo é capaz.
A minha vida marcada pela paixão
por Jesus Cristo mostra claramente e com toda a evidência que os nossos projetos
preconcebidos e estabelecidos contam pouco, dificultam, e até desfiguram a
beleza do nosso testemunho. A missão caracteriza-se essencialmente por uma
clara predisposição ao encontro com os outros.
Sim, a maior parte da minha
vida de missionário comboniano tem sido em África, mais precisamente no Gana :
um país muito belo e cheio de encantos e de possibilidades; cheio de boa gente
que sonha e luta pela conquista de um mundo no qual todos contam.
Missão na
África
Nasci em Brito, Guimarães,
entrei no seminário ainda muito jovem e fui ordenado sacerdote em Agosto de
1990. Quatro anos depois, já me encontrava em terras africanas, no Togo.
Iniciei a minha atividade missionária com o estudo da língua e cultura ewe, que
é uma das muitas línguas locais que encontramos nestas zonas.
Fui enviado para uma aldeia do
interior. Ao princípio, parecia-me que não tinha nada e que estava privado de
todas as coisas boas e belas que tinha deixado no meu país. Pouco a pouco,
porém, fui-me dando conta de que, na verdade, tinha tudo o que verdadeiramente
precisava e que, mais do que nunca, me sentia livre para estar atento e
disponível aos outros nas suas necessidades.
No ano seguinte, fui enviado para
o Gana, mas trabalhando com o mesmo povo Ewe. Foi uma experiência maravilhosa
de primeira evangelização onde a disponibilidade e abertura era o meu diapasão
de vida e, na verdade, o único necessário e importante. A missão ensinava-me
que o essencial era procurar ser uma presença amiga e disponível no meio desse
povo que sofria e procurava uma vida mais digna, mais humana e mais cheia de
sentido.
Sim, sinto que me tenho doado
ao povo que me acolheu e me tenho aplicado no estudo da sua língua e costumes para
melhor poder compreender os seus anseios e participar nos seus sofrimentos.
Porque me acolheram como ‘homem de Deus’, procuro ser mais e mais mensageiro da
vida e do amor.
É verdade que a falta de
experiência e de conhecimento da cultura nos leva a cair em disparates. No
entanto, no meu serviço missionário, eu procuro escutar este povo maravilhoso e
sofredor. Creio que é aqui que se encontra o segredo do anúncio jovial, claro e
audacioso da Boa Nova de Jesus que nós chamamos primeira evangelização. Ou
seja, eu tento aproximar-me da gente sem complexos nem preconceitos e conversar
com eles : sejam eles jovens, crianças e idosos, homens e mulheres, saudáveis e
doentes. Falamos da vida e, juntos, tentamos compreender a importância do amor
de Deus Pai e Criador de toda a humanidade.
Promover as vocações
Neste momento, encontro-me a
trabalhar em Acra, capital do Gana. Como formador e promotor vocacional, diálogo
com os jovens e tento ajudá-los a questionarem-se sobre a aventura maravilhosa
e digna de ser vivida que é a vocação missionária e comboniana.
Tento ajudar os jovens a
descobrirem que amar verdadeiramente é não ter medo de dar a vida sobretudo
pelos mais pobres e abandonados e a não ter medo de deixar tudo por Jesus.
Acompanho vários jovens que procuraram os Missionários Combonianos e mostraram
o seu desejo em responder ao apelo de Jesus : «Vem e segue-me.»
Neste momento, estou a ajudar a
construir um seminário para os seminaristas combonianos no Gana. Como não
tínhamos lugar para acolher estes jovens na sua formação intelectual e
espiritual, com a ajuda preciosa de vários amigos portugueses, especialmente o
padre Manuel Brito, sacerdote diocesano de Esposende, estamos a concluir a
construção de um seminário.
Vejo que missão é, antes de
tudo, aprender a ser discípulo de Jesus Cristo na escuta às necessidades e
anseios do povo no meio do qual trabalhamos para o ajudar não naquilo que nós
pensamos e programamos, mas sim naquilo que o povo necessita e anseia.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://www.combonianos.pt/alem-mar/actualidade/6/551/aprendiz-da-missao/
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