Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Bernardino Frutuoso,
jornalista
‘Nesta metacrise global originada pela pandemia de covid-19, os
idosos foram – e são – das pessoas que mais sofreram com a doença, o isolamento
e a solidão, o distanciamento físico. O dramático número de falecidos,
nomeadamente nos lares, fez-nos estremecer. Em alguns países, perante a
necessidade de atenção sanitária, chegou-se mesmo a sacrificar umas vidas em
benefício de outras, considerando residual a vida das pessoas mais velhas. A
maior vulnerabilidade, as patologias e a idade avançada foram os fatores que
justificaram essa ‘eleição’ em favor dos mais jovens. Uma opção que
viola os direitos da pessoa e é humana, ética e juridicamente inaceitável.
Nessa linha, os bispos portugueses assinalavam em 2020 na
reflexão Desafios pastorais da pandemia à Igreja em Portugal : «A
questão dos idosos e a ideia de que são descartáveis é um escândalo que se
revelou em toda a sua brutalidade. Devemos isolar de nós o vírus e não o idoso,
tornando-o desumanamente solitário.»
O Papa Francisco também sublinhou em Janeiro passado, numa
intervenção que encerrou o I Congresso Internacional da Pastoral dos Idosos, no
Vaticano, que «a desorientação social e, em muitos aspectos, a indiferença e
a rejeição que as nossas sociedades manifestam em relação aos idosos chamam não
apenas a Igreja, mas todos, a uma reflexão séria para aprender a compreender e
apreciar o valor da velhice».
O papa afirmou que as pessoas mais velhas são uma dádiva para a
sociedade e convidou a superar uma visão economicista, assumindo o patrimônio
de «valores e significados» da «terceira e quarta idade».
Salientou que «a velhice não é uma doença, é um privilégio! A solidão pode
ser uma doença, mas com caridade, proximidade e conforto espiritual, podemos
curá-la».
O Santo Padre afirmou, ainda, que «os idosos também são o
presente e o futuro da Igreja», «o Senhor pode e quer escrever com eles
também novas páginas, páginas de santidade, de serviço, de oração». Nesse
sentido, «consciente do papel insubstituível do idoso, a Igreja torna-se um
lugar onde gerações são chamadas a partilhar o plano de amor de Deus, num
relacionamento de troca mútua dos dons do Espírito Santo. Essa partilha
intergeracional obriga-nos a mudar o olhar sobre os idosos, a aprender a olhar
para o futuro juntamente com eles».
É com esta perspectiva de valorização dos idosos nas sociedades e
na Igreja que o Papa Francisco decidiu instituir o Dia Mundial dos Avós e dos
Idosos. Vai-se assinalar, este ano, no dia 25 de Julho. A mensagem pontifícia
para esta jornada – que destacamos nas páginas 26-29 – sustenta que os idosos
são discípulos missionários ativos e criativos, pois «não existe uma idade
para reformar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as
tradições aos netos». Os mais velhos têm a vocação de «salvaguardar as
raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos.» O papa realça que,
nesta nova era, os idosos são necessários para se construir, na fraternidade e
na amizade social, o mundo de amanhã. E aponta três pilares em que os mais
velhos têm um papel fundamental para esta reconstrução : os sonhos, a memória e
a oração.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/556/sem-idosos-nao-ha-futuro/
Nenhum comentário:
Postar um comentário