Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre Carlos Padilla Esteban
‘O
protagonista do filme ‘O médico’ perguntava ao seu professor se este não
se desanimava ao perceber quão pouco sabia do homem e da vida, ao contemplar o
mistério do universo. Ele respondeu com simplicidade : ‘O mundo seria cinza
e entediante se não existisse o mistério. É surpreendente saber que é mais o
que ignoro que o que conheço’.
Mas
é fato que o homem de hoje perdeu o gosto pelo mistério. Ele já não gosta do
desconhecido e quer conhecer tudo. Porque dentro de nós há um desejo de
infinito, de possuir o que não temos, de desvelar os mistérios, rasgar o véu e
conhecer toda a verdade.
Gostaríamos
de que a vida não tivesse mistérios por desvelar, queremos saber tudo. Não
somente o mistério da vida, mas o das pessoas. Não gostamos de que nos escondam
nada. Perguntamos e perguntamos. Porque nos julgamos no direito de estar a par
de tudo. Queremos saber o que acontece em todos os lugares. Os mistérios nos
confundem.
Queremos
dar razões do que acontece e encontrar sempre respostas corretas, adequadas,
que nos deixem satisfeitos. Que um raciocínio lógico e claro dê explicações da
vida. Não queremos perder a verdade. Não gostamos das sombras nem da escuridão.
As
crianças, quando completam 3 ou 4 anos, começam a fazer muitas perguntas.
Querem saber tudo e não admitem um ‘não’ como resposta. São
exploradoras, buscadoras e querem respostas que revelem o mistério da vida.
Todos
nós temos uma criança de 3 ou 4 anos em nosso interior, uma criança que se
pergunta mil porquês e que gostaria de obter mil respostas. O oculto tem de ser
exposto à luz do sol. Assim, não haverá dúvidas e saberemos o que fazer em cada
momento.
Mas
assim já não nos surpreendemos. É como se nada pudesse despertar nossa
capacidade de assombro. Já sabemos tudo e nada nos chama a atenção.
Sendo
sinceros, temos de reconhecer que muitas perguntas não têm resposta em nosso
coração. Não sabemos tudo porque isso é impossível.
Mas
o cristão não tem medo quando contempla o universo e entende que não abrange o
infinito. Não é nossa meta desvelar todos os mistérios. Nosso fim é caminhar
rumo ao céu, rumo ao infinito, e saber que lá descansaremos para sempre.
Enquanto isso, caminharemos seguro em Deus, ainda que não saibamos tudo.
O
Pe. Kentenich dizia : ‘O momento atual requer pessoas que tenham paz
interior, que sejam provadas interior e exteriormente, muito acima da incerteza
e da dúvida. Mas que recebam da união santa com Deus a força necessária para
imprimir o rosto de Cristo na época’.
A
incerteza e a dúvida são parte da nossa equipagem. Não podemos prescindir do
que desconhecemos.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/01/01/o-misterio-inevitavel-da-vida/
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