Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Charles de Pechpeyrou,
jornalista
‘Na
Nigéria, na localidade de Uyo, uma religiosa dedica-se ao cuidado das crianças
abandonadas porque foram acusadas de bruxaria. Embora existam leis contra
acusação e ameaça de acusação de bruxaria o fenômeno ainda existe.
Um
abrigo para dar alívio às muitas crianças abandonadas nas ruas – por suas
famílias ou seus tutores – porque são consideradas ‘culpadas’ de
bruxaria : com este objetivo, em 2007, foi aberto o lar das crianças Madre
Charles Walker no convento dos Servos do Santo Menino Jesus em Uyo, no sul da
Nigéria. Sob a direção da irmã Matilde, o centro ainda acolhe dezenas de
crianças desnutridas e desabrigadas, muitas das quais são consideradas ‘feiticeiras’
por seus pais. Segundo o Unicef e a Human Rights Watch, as vítimas destas
acusações são frequentemente maltratadas, abandonadas, traficadas ou mesmo
assassinadas.
Objetivo :
reintegrá-las na família
Além
de preparar o seu futuro, enviando-os à escola com bolsas de estudo, irmã
Matilde se esforça em fazer contatos com suas famílias e empreender um trabalho
de reconciliação para reintegrá-las na sociedade. Para isso trabalha com o
Ministério de Assuntos da Mulher e Bem-Estar Social do estado de Akwa Ibom, do
qual Uyo é a capital. O processo envolve líderes comunitários, anciãos e
líderes religiosos tradicionais. Esta é a única maneira de garantir que as
crianças possam ser reintegradas e aceitas na sociedade a longo prazo. Se isso
não funcionar, a criança é colocada em adoção sob supervisão do governo. Desde
a abertura do lar Madre Charles Walker, irmã Matilde e seus colaboradores
atenderam 120 crianças, 74 das quais foram reintegradas em suas famílias. Ainda
permanecem 46, e espera-se que possam voltar às suas famílias ou serem
adotadas.
Aos acusados torturas
e morte
Em
grande parte da África, a figura do bruxo ou feiticeiro é considerada a imagem
do mal e muitas vezes a causa de infelicidades, doenças e mortes. Por isso, é
uma pessoa odiada e sujeita a represálias que podem se estender à tortura e ao
assassinato. Houve relatos de crianças rotuladas como bruxas, tendo pregos
enfiados em suas cabeças e sendo forçadas a beber cimento, ou queimadas,
marcadas com ácido, envenenadas e até mesmo enterradas vivas.
Campanha do governo
contra as violências
Na
Nigéria, alguns cristãos integram as crenças africanas sobre bruxaria em suas
práticas. Esta fusão explosiva levou a campanhas de violência contra os jovens
em algumas partes do país. No estado de Akwa Ibom, uma grande parte da
população acredita na existência de espíritos e bruxas : ‘Quando se pergunta
às crianças por que estão na rua, muitos dizem que foram expulsas de casa por
causa disso’, diz a freira, apontando que há outros fatores (pobreza
extrema, gravidez na adolescência) que podem levar as crianças a viverem como
desabrigadas.
Ajuda dos sacerdotes
Para
Dominic Akpankpa, diretor executivo do Instituto Católico de Justiça e Paz da
Diocese de Uyo, a bruxaria é um fenômeno sobrenatural apenas para os que nada
sabem sobre teologia. ‘Se você afirma que alguém é bruxo, tem que provar
isso’, observa o sacerdote, acrescentando que a maioria das pessoas
estigmatizadas como feiticeiros ou bruxas pode sofrer consequências
psicológicas. ‘E é nosso dever ajudá-los, através de amparo e conselhos, a
sair desta situação’, conclui.
Lei contra acusação de
bruxaria
Desde
2003, o Código Penal nigeriano sancionou a acusação de bruxaria e até mesmo a
ameaça de acusação de feitiçaria. A nova Lei dos Direitos da Criança torna
crime submeter uma criança à tortura física e emocional ou a tratamentos
desumanos ou degradantes. O estado de Akwa Ibom também aprovou uma lei em 2008
tornando a designação de uma pessoa como bruxa ou feiticeiro punível com até
dez anos de prisão. Segundo Akpankpa, esta condenação das injustiças cometidas
contra crianças é um passo na direção certa.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1493481/2021/01/freira-cria-casa-de-acolhida-para-criancas-acusadas-de-bruxaria-na-nigeria/
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