Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre José Antonio Pagola
‘Não
são poucos os cristãos praticantes que entendem a sua fé apenas como uma ‘obrigação’.
Há um conjunto de crenças que se ‘devem’ aceitar, mesmo que não
conheçamos o seu conteúdo ou se saiba o interesse que podem ter para a vida; há
também um código de leis que se ‘deve’ observar, mesmo que não se
compreenda bem tanta exigência de Deus; finalmente, há umas práticas religiosas
que se ‘devem’ cumprir, mesmo que de forma rotineira.
Esta
forma de compreender e viver a fé gera uma espécie de cristão aborrecido, sem
desejo de Deus e sem criatividade ou paixão alguma para espalhar a sua fé. Basta
‘cumprir’. Esta religião não tem atrativo algum; converte-se num peso
difícil de suportar; a não poucos produz alergia. Não estava errada Simone Weil
quando escreveu que ‘onde falta o desejo de encontrar-se com Deus, não há
crentes, mas sim pobres caricaturas de pessoas que se dirigem a Deus por medo
ou interesse’.
Nas
primeiras comunidades cristãs, viviam-se as coisas de forma diferente. A fé
cristã não era entendida como um ‘sistema religioso’. Chamavam-lhe ‘caminho’
e propunham-no como a forma mais acertada de viver com sentido e esperança.
Diz-se que é um ‘caminho novo e vivo’ que ‘foi inaugurado por Jesus
para nós’, um caminho que se percorre ‘com os olhos fixos Nele’
(Hebreus 10,20; 12,2).
É
de grande importância tomar consciência de que a fé é uma caminhada e não um
sistema religioso. E num percurso há de tudo : marcha alegre e momentos de
busca, provas que devem ser superadas e retrocessos, decisões incontornáveis,
dúvidas e interrogações. Tudo faz parte do caminho : também as dúvidas, que
podem ser mais estimulantes do que não poucas certezas e seguranças detidas de
forma rotineira e simplista.
Cada
um tem de fazer o seu próprio caminho. Cada um é responsável da ‘aventura’
da sua vida. Cada um tem o seu próprio ritmo. Não há que forçar nada. No
caminho cristão há etapas : as pessoas podem viver momentos e situações
diferentes. O importante é ‘caminhar’, não parar, escutar a chamada que
a todos é feita, de viver de uma forma mais digna e feliz. Este pode ser o
melhor modo de ‘preparar o caminho do Senhor’.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1492618/2021/01/a-fe-e-uma-caminhada-e-nao-um-sistema-religioso/
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