Catedral de Utrecht na Holanda
‘O Arcebispo de Utrecht, Cardeal Wim
Eijk, descreveu a grave crise que a Igreja na
Holanda está vivendo e comentou que, ‘cada
vez que tenho que assinar um decreto para fechar uma igreja, corta-me a alma’.
Em uma recente entrevista concedida ao
jornal ‘Gelderlander’, o Cardeal
assinalou que ‘gostaria que todas as
igrejas estivessem abertas. Toda vez que eu tenho que assinar um decreto para
fechar uma igreja, corta-me a alma’.
Além da falta de dinheiro devido à
falta de fiéis, que são as razões pelas quais as igrejas são fechadas, outro
problema grave é a idade avançada dos católicos na Holanda.
Segundo o ‘Nijmegen institute Kaski’, estima-se que dos 3,5 milhões de
católicos no país, somente cerca de 170 mil católicos vão à Missa aos domingos, ou seja, menos de 5% dos fiéis participam deste
preceito fundamental.
Atualmente, continuou, ‘as paróquias estão com números vermelhos’.
Em uma reunião recente com os administradores das paróquias, mencionaram o tema
econômico e perguntaram : ‘O que pode
mantê-las abertas a longo prazo? O que devem fazer para que estes números sejam
azuis?’.
Embora o dinheiro não seja
fundamental, é necessário ‘para pagar os
funcionários pastorais. Além disso, se não puder pagar as faturas, então a
primeira e a segunda leitura serão lidas pelo administrador’, disse o
Purpurado.
O Arcebispo indicou que em 2028
completará 75 anos, idade máxima para o governo pastoral das dioceses. ‘Há quatro anos, predisse em uma carta que
para esta época já não haveria mais de vinte paróquias na Arquidiocese de
Utrecht, cada uma terá uma ou duas igrejas. Houve muitas críticas. Agora os
sacerdotes dizem que haverá menos ainda. ‘O Cardeal, foi otimista demais’,
disseram-me’.
Perguntado se poderia ‘suavizar a doutrina’ para convocar mais
fiéis, o Cardeal respondeu com ênfase : ‘Esquece!
Isso não ajuda e é uma ilusão’.
‘Podemos
ver que as paróquias que são claras na catequese e têm uma boa liturgia de
acordo com os padrões da Igreja são especialmente as paróquias que são bem
atendidas’, continuou.
O Arcebispo advertiu que não se pode
propor uma ‘liturgia experimental’ ou
outras coisas que se distanciem das boas práticas da evangelização, porque ‘a graça de Deus só brilha nos caminhos que
Ele nos mostrou e não em outros caminhos’.
‘Não
tenho uma receita para que as igrejas estejam cheias de novo amanhã, mas a
receita para levar as pessoas a Cristo é a catequese explícita e clara. E para
isso buscaremos voluntários bem formados para que estejam com os nossos
sacerdotes’, destacou o Purpurado.
A entrevista com o Cardeal foi
realizada no mesmo dia em que o jornal ‘NRC
Handelsblad’ publicou um relatório que assinala que cerca da metade
dos bispos da
Holanda entre 1945 e 2010 teria alguma ligação com casos de abuso contra
menores.
O relatório indica cerca de 20 mil
menores foram abusados em instituições católicas no país em 45 anos. Foram 800
abusadores, entre clérigos, religiosos e leigos.
Este relatório foi apresentado depois
que foram divulgados relatórios semelhantes na Alemanha e nos Estados Unidos; e
em meio aos casos de abusos na Igreja denunciados no Chile, na Irlanda e na
Austrália.
Em uma nota publicada no site da
Conferência Episcopal da Holanda, assinalaram que ‘as informações já haviam sido publicadas em 2011, após as investigações
iniciadas pela Igreja Católica. Muitos acusados já faleceram. A partir desta investigação realizada em 2011, a Igreja
holandesa lançou algumas medidas para prevenir e combater os abusos’.’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://www.acidigital.com/noticias/corta-me-a-alma-cada-vez-que-fecho-uma-igreja-lamenta-cardeal-holandes-60055
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