domingo, 30 de julho de 2017

Autoimagem e autoestima

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

A autoimagem é voraz e se alimenta principalmente da nossa autoestima.
*Artigo de Evaldo D´Assumpção,
médico e escritor


‘Hoje fala-se muito em autoimagem e autoestima, contudo nem todas as pessoas tem uma noção mais aprofundada do significado dessas duas palavras, tampouco o quanto são importantes para a nossa qualidade de vida.

Imagem é a impressão que se tem de uma pessoa. Se for de si própria, é o que se chama de autoimagem, se for de outra, é a denominada heteroimagem. Quase sempre as duas são falsas ou incompletas, pois consequências que são das expectativas fantasiosas e dos pré-julgamentos que se costumam fazer e ou cobrar dos outros. Elas vão sendo implantadas e reforçadas ao longo da vida, pelos elogios ou pelas críticas que se ouve. Quando elogios, se moderados e sinceros, contribuem para o crescimento de quem os recebe; se hipócritas ou exagerados, estimulam-se neles a vaidade e a prepotência. Sendo críticas e excessivas, e direcionadas especialmente para crianças e adolescentes – quase sempre pelos pais e mestres – elas os tornam complexados, revoltados, inseguros e infelizes.

A autoimagem é voraz e se alimenta principalmente da nossa autoestima. Exemplo disso é o laboradicto, aquela pessoa que se diz ‘viciada’ em trabalho. Aquela que não gosta de férias, nem pretende se aposentar. Sacrifica sua família, sua saúde, seu bem-estar e sua paz interior, tudo para saciar uma autoimagem de eficiente, produtiva e trabalhadora, criada e ampliada sempre e mais, pela bajulação dos chefes e companheiros de trabalho, que se aproveitam disso para extrair dela mais resultados. Até que um esgotamento psíquico, um derrame, um infarto fulminante, a leve ou a inutilize para sempre.

 Já a autoestima é o legítimo gostar de si próprio. Nada tem a ver com egoísmo, pois o egoísta, o egocêntrico, é alguém que se detesta, e tanto, que está sempre querendo e tomando tudo para si. E faz isso na tentativa – quase sempre frustrada – de conquistar-se a si próprio. Contudo, quanto mais coisas e vantagens toma para si, mais prejudica aos outros, e interiormente se sente mais frustrado e infeliz, pois de alguma forma sabe que está causando danos a alguém. Pode-se dizer que ele vive num permanente círculo vicioso, tentando amar-se, mas aumentando, cada vez mais, sua auto rejeição, o abismo que o separa de si mesmo.

Gostar genuinamente de si próprio é respeitar-se, é aceitar seus próprios limites, é permitir-se ter momentos de lazer e de descanso.

Fazer do trabalho uma parte importante de sua vida, mas nunca a essencial. Ele o tem como meio e nunca como fim, pois seu objetivo maior é ser feliz. Como consequência do gostar de si próprio, gostar também dos outros. Não os inveja, mas os respeita e os aceita exatamente como são. Procura cumprir adequadamente as suas obrigações, mantendo sempre a sua palavra e seus compromissos, pois os assume conscientemente, sem prometer além de suas possibilidades. Está sempre pronto a ajudar a quem precisa, tanto quanto aceita a ajuda dos outros, quando dela necessita. Não se sente humilhado por isso, mas se identifica como parte de um todo, que é a humanidade : uns pelos outros e nunca ‘uns devorando os outros’. Quem tem autoestima é feliz e irradia felicidade em torno de si. Sua paz interior é evidente, gerando sempre a paz entre os que o cercam e contribuindo permanentemente para que todos se sintam bem em sua companhia.

Uma das vantagens da autoestima é possuir alto grau de resiliência, que é a capacidade para superar traumas e estresses. Na física, resiliência é definida como a propriedade de certos materiais para restabelecer a sua forma original, depois de submetidos a uma deformação. Bom exemplo disso é a mola de aço. Submetida a forte pressão, ela se achata e perde sua forma de origem. Cessando a pressão, ela imediatamente retoma ao que era. Na natureza também encontramos vários exemplos de resiliência. Um dos melhores exemplos é o pé de bambu, que açoitado pelo vento curva-se, mas não se quebra. Cessando a ventania, ele volta a sua posição original.

Outras árvores, imponentes e firmes, servem como bom exemplo da total falta de resiliência : quando sopra o vento forte elas se partem ao meio, pois em consequência de sua rigidez, não conseguem vergar. E morrem.

Da mesma maneira, uma pessoa com boa resiliência, ao sofrer uma perda significativa, se vê esmagada, mas não se abate. Com o tempo vai se recompondo até readquirir o equilíbrio anterior. Quanto maior a resiliência, mais rápida, melhor e completa será a sua recomposição. Já as pessoas rígidas, sem autoestima, presas em sua autoimagem de ‘durões’, de inflexíveis, diante de um revés se abatem e dificilmente se recuperam.

A resiliência é uma das principais consequências da autoestima. Consequentemente, trabalhar para se ter uma melhor autoestima é o caminho mais curto para a paz interior, a felicidade pessoal, uma melhor qualidade de vida.’


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sexta-feira, 28 de julho de 2017

A História fecundada por Deus

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo do Padre Geovane Saraiva,
Pároco de Santo Afonso de Fortaleza, CE,
e vice-presidente da Previdência Sacerdotal


‘A Igreja está inserida neste imenso mundo, que é o campo de ação, onde se encontram plantados o trigo e o joio. Na verdade, ela nasce do anúncio do Evangelho, no abraço do projeto divino confiado a Jesus de Nazaré, que precisa, sem medo de errar, estar de acordo com a Parábola da Boa Semente. Sabemos que a Igreja é santa e pecadora, sempre estando necessitada de conversão, além de ser pobre, servidora, despojada e missionária. Segundo o Papa Francisco, ‘a nós cristãos, cabe o discernimento entre o bem e o mal, conjugando decisão e paciência. Nesse sentido, devemos evitar julgar quem está ou não no Reino de Deus, pois todos somos pecadores’. Fica claro o convite de se inserir na realidade das pessoas mais identificadas com os empobrecidos, sendo fermento de uma vida de irmãos, digna e fraterna, sinal definitivo do Reino de Deus.

Esse sinal chega a ser esperança de fecundar a história - esperança sendo a palavra de ordem -, protegendo-nos de todo mal e desânimo, que, de acordo com o apóstolo Paulo, ‘é para nós qual âncora da alma, segura e firme’ (cf. Hb 6, 19), que indica para a humanidade a consciência de filhos de Deus e irmãos uns dos outros, como protagonistas e destinatários do Reino, no sonho solidário de Deus Pai, antecipação da glória futura.

Esperança quer dizer não desanimar, pois o projeto do Reino de Deus deve ser um compromisso de todas as pessoas de boa vontade em semear a boa semente e fermentar o mundo pela mensagem do Evangelho. É necessário, mais do que nunca, perceber que os gestos de Jesus semeiam bondade e justiça, distantes da ilusão do espetáculo do mundo e do seu aparente triunfo. Nossa esperança no projeto do Reino, profundamente humano, que o Filho de Deus instaurou na Galileia foi introduzido no mundo por seu poder divino : o de transformar a história da humanidade.

Nosso bom Deus nos faz o convite de exercer a paciência, a tolerância e a misericórdia, sem nunca perder de vista a beleza e a preciosidade do seu Reino. Como exemplo, temos o Santo Padre totalmente envolvido com o cuidado do campo tão vasto, que é a casa comum todos, na busca de bons resultados, no sonho de um mundo restaurado e reconciliado com Deus : ‘Ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado, porque estais conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta por justiça, amor e paz’. Assim seja!’


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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Deus : enigma ou mistério?

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo de Felipe Magalhães Francisco,
teólogo


‘Para muitos, Deus é um enigma : um problema a ser resolvido e esclarecido, desvendado. Mesmo que grande parte das religiões pensem Deus como mistério, muitas pessoas lidam com ele como se comportassem frente a um enigma. Para a mentalidade ocidental é difícil fugir disso : queremos esmiuçar, racionalmente, todas as coisas, destrinchando-as e dissecando-as para nutrir o entendimento intelectual. Com Deus, isso também se dá. Não raro, muitos teólogos tentaram colocar Deus dentro de uma caixinha enfeitada. Mas igualmente caixinha.

Comumente, a palavra mistério está associada à compreensão de enigma. Considera-se o misterioso como o que está oculto. O mistério, ao contrário, é aquilo que se revela. E, aqui, a ambiguidade da palavra revelação é de grande valia : é tirar o véu e, ao mesmo, re-velar, velar de novo. É próprio do mistério o mostrar-se e o esconder-se : é amplo, infinito, profundo. Inesgotável. É como se aproximar, sedento, junto a um manancial de água, saciar-se e perceber que a água permanece a jorrar, abundante.

Compreender Deus como mistério é compreendê-lo como um Ser que não se esgota, que transcende nossa imanência e nossa realidade vista de modo parcial, limitado e contingente. O mistério, antes de tudo, é para ser experimentado : ele é um convite ao mergulho, sempre ilimitado, no infinito que pode nos trazer sentido. A compreensão desse mistério, que ultrapassa a questão racional-intelectual, é a possibilidade de nos humanizarmos com sentido. Essa compreensão como experiência de sentido é o que podemos chamar de espiritualidade.

Essa compreensão de Deus como mistério nos abre à possibilidade de nos compreendermos a nós mesmos. Somos, igualmente, mistério : inesgotáveis, sempre na possibilidade e na iminência de nos conhecermos sempre mais, de modo cada vez mais profundo e transformador. Esse é, também, um caminho espiritual, pois mergulhando no profundo de nós mesmos, encontramos o mistério de Deus que em nós ecoa, e nos transformamos em pessoas mais humanizadas.

Às religiões, fica a interpelação a que sejam propiciadoras de experiências com esse mistério, e não as barreiras que impedem as pessoas de mergulharem em sua profundeza. Esse mistério, no entanto, permanece acessível para além das tradições religiosas, que não são detentoras do caminho, tampouco do acesso a ele. Em cada pessoa, uma abertura fundamental que clama por algo a mais, por uma profunda experiência de sentido e de elevação, que nos faz ser mais : mais para nós mesmos, mais para os outros, mais para o mundo. Ceder a esse mistério que nos interpela, que nos seduz, é ceder ao amor que nos arrebata de nós mesmos, que nos faz buscar viver de modo cada vez mais integral, despretensioso e gratuito. Que tenhamos coragem!’


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terça-feira, 25 de julho de 2017

Conheça a vida de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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‘A devoção a São Cristóvão é uma das mais antigas e populares da Igreja, tanto do Oriente como do Ocidente. São centenas de igrejas dedicadas a ele em todos os países do mundo. Também não faltam irmandades, patronatos, conventos e instituições que tomaram o seu nome, para homenageá-lo. Ele consta da relação dos ‘quatorze santos auxiliadores’ invocados para interceder pelo povo nos momentos de aflições e dificuldades. Assim, o vigor desta veneração percorreu os tempos com igual intensidade e alcançou os nossos dias da mesma maneira.

Entretanto são poucos os dados precisos sobre sua vida. Só se tem conhecimento comprovado de que Cristóvão era um homem alto e musculoso, extremamente forte. Alguns escritos antigos o descrevem como portador de ‘uma força hercúlea’. Pregou na Lícia e foi martirizado, a mando do imperador Décio, no ano 250. Depois disso, as informações fazem parte da tradição oral cristã, propagada pela fé dos devotos ao longo dos tempos, e que a Igreja respeita.

Ela nos conta que seu nome era Réprobo e que nasceu na Palestina. Como um verdadeiro gigante Golias, não havia quem lhe fizesse frente em termos de força física. Assim, só podia ter a profissão que tinha : guerreiro. Aliás, era um guerreiro indomável e invencível. A sua simples presença era garantia de vitória para o exército do qual participasse.

Conta-se que, estando cansado de servir aos caprichos de um e outro rei, apenas porque fora contratado para lutar em seu favor, foi procurar o maior e mais poderoso de todos, para servir somente a este. Então, ele se decidiu colocar a serviço de satanás, pois não havia quem não se curvasse de medo ao ouvir seu nome.

Mas também se decepcionou. Notou que toda vez que seu chefe tinha de passar diante da cruz, mudava de caminho, evitando o encontro com o símbolo de Jesus. Abandonou o anjo do mal e passou, então, a procurar o Senhor. Um eremita o orientou a praticar a caridade para servir ao Todo Poderoso como desejava, então ele abandonou as armas imediatamente. Integrou-se a uma instituição de caridade e passou a ajudar os viajantes. De dia ou de noite, ficava às margens de um rio onde não havia pontes e onde várias pessoas se afogaram por causa da profundidade, transportando os viajantes de uma margem à outra.

Certo dia, fez o mesmo com um menino. Mas conforme atravessava o rio, a criança ia ficando mais pesada e só com muito custo e sofrimento ele conseguiu depositar com segurança o menino na outra margem. Então perguntou : ‘Como pode ser isso? Parece que carreguei o mundo nas costas’. O menino respondeu : ‘Não carregou o mundo, mas sim seu Criador’. Assim Jesus se revelou a ele e o convidou a ser seu apóstolo.

O gigante mudou seu nome para Cristóvão, que significa algo próximo de ‘carregador de Cristo’, e passou a peregrinar levando a palavra de Cristo. Foi à Síria, onde sua figura espetacular e nada normal chamava a atenção e atraía quem o ouvisse. Ele, então, falava do cristianismo e convertia mais e mais pessoas. Por esse seu apostolado foi denunciado ao imperador Décio, que o mandou prender. Mas não foi nada fácil, não por causa de sua força física, mas pelo poder de sua pregação.

Os primeiros quarenta soldados que tentaram prendê-lo converteram-se e por isso foram todos martirizados. Depois, quando já estava no cárcere, mandaram duas mulheres, Nicete e Aquilina, à sua cela para testar suas virtudes. Elas também abandonaram o pecado e batizaram-se, sendo igualmente mortas. Foi quando o tirano, muito irado, mandou que ele fosse submetido a suplícios e em seguida o matassem. Cristóvão foi, então, flagelado, golpeado com flechas, jogado no fogo e por fim decapitado.

São Cristóvão é popularmente conhecido como o protetor dos viajantes, assim como dos motoristas e dos condutores.’


Fonte :


domingo, 23 de julho de 2017

Os “pecados” da Terra Santa

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo de Margarida Santos Lopes,
jornalista


‘No léxico dos Palestinos há duas palavras que resumem as suas derrotas. Uma é nakba (catástrofe), a guerra de 1948 que os forçou ao exílio do que é hoje o Estado de Israel. A outra é naksa (revés), a guerra de 1967 que os obrigou a novo êxodo ou deixou sob ocupação.

E tudo começou há cem anos, a 2 de Novembro de 1917, com ‘um simples parágrafo’ numa carta que Arthur James Balfour, então ministro dos Negócios Estrangeiros de Londres, enviou à Federação Sionista da Grã-Bretanha e Irlanda. «O Governo de Sua Majestade vê favoravelmente a criação na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e fará o possível para facilitar esse objetivo

A Declaração Balfour e o Mandato Britânico da Palestina iniciado em 1920, após o desmoronamento do Império Otomano, abalaram a região como um sismo. Os árabes esperavam autodeterminação por terem lutado ao lado dos Ingleses contra os Turcos da Sublime Porta, mas os horrores do Holocausto conduziram a uma imigração em massa que aumentou a população judaica de 50 mil, em 1917, para mais de 600 mil, em 1947. A 29 de Novembro, a ONU votou a criação de dois Estados.

Os árabes, denunciando ‘traição’, recusaram a ‘partilha’. Os judeus proclamaram a ‘independência de Israel’, em 2 de Maio de 1948. Apagaram do mapa mais de 500 aldeias. Mais de 700 mil palestinos tornaram-se refugiados.

Em 5 de Junho de 1967, numa guerra que em apenas seis dias derrotou vários exércitos árabes hostis, Israel expandiu território para incorporar áreas reservadas ao Estado palestino. Em 1968, com um governo trabalhista, iniciou a colonização dos territórios ocupados.

Os Palestinos tentaram libertar-se em 1987, com uma primeira Intifada. Esta revolta, que misturou pedras e protestos pacíficos, levou Israel a negociar os Acordos de Oslo (1993) com uma OLP enfraquecida após o apoio à invasão iraquiana do Kuwait (1989).

Oslo confinou os Palestinos a enclaves em 40% do território ocupado, administrado por uma Autoridade Palestina (AP), cuja missão tem sido a de guardião de Israel. Nos restantes 60%, estão agora mais de 200 colonatos e os recursos de água.

Em 2000, os Palestinos lançaram outra Intifada, uma série de atentados suicidas visando sobretudo civis. Israel construiu um ‘muro de separação’ na Cisjordânia. Em 2005, retirou unilateralmente colonos e soldados de Gaza, mas tem voltado com bombas sempre que o Hamas lança foguetes. Foi assim em 2008-2009, em 2012 e em 2014. Em Telaviv, a extrema-direita consolidou o poder.


Nivine, Rami e Larry

«Ainda hoje os Palestinos vivem as consequências da Declaração Balfour», afirma Nivine S., residente em Jerusalém Leste, setor árabe anexado em 1967. «Se a promessa [britânica] não tivesse sido feita, talvez vivêssemos hoje numa Palestina independente. Por outro lado, quando vejo o que se passa nesta região, pergunto-me se a Palestina estaria ou não em paz. Talvez se dividisse em diferentes grupos, porque enfrentamos os nossos próprios conflitos internos

Nascida em 1982, o ano das chacinas de Sabra e Shatila, em Beirute, Nivine concluiu um mestrado em Democracia e Direitos Humanos na Universidade de Bir Zeit (Cisjordânia). É co-directora de uma organização não governamental que junta judeus e árabes pela coexistência : Israel Palestine Regional Creative Initiatives (IPCRI). É especialista em programas de construção da paz e igualdade de gênero. Trabalha com outras associações, locais e internacionais, de mulheres e da sociedade civil.

Depois de Balfour, outro acontecimento ainda hoje traumático é a Naksa. «Sem a guerra de 1967, não haveria a ocupação que diariamente afeta as nossas vidas», observa Nivine. «Talvez fôssemos vizinhos de Israel, duas nações em paz e em segurança

«A ocupação controla a nossa liberdade, as nossas escolhas – com quem vivemos, com quem nos casamos, quem são os nossos amigos. A ocupação dividiu os Palestinos – os da Cisjordânia, os de Jerusalém, os de Gaza, os Palestinos de Israel. Cada um destes grupos está submetido a diferentes leis. Fazem-nos sentir que uns são melhores do que outros. Os meus amigos em Gaza queixam-se de que pagam o preço mais elevado : acham que nós, em Jerusalém, vivemos no céu por não termos tantas restrições de movimento; pensam que os palestinos em Israel são traidores

«Perdemos a esperança», afirma Nivine. «Já nem sequer nos importa que Israel comece outra guerra. Damos o melhor de nós, avançando com iniciativas, mas sentimo-nos atraiçoados pelos nossos dirigentes e pelo mundo. A ocupação tem sido usada pela Autoridade Palestina para ignorar apelos a eleições e reformas. A corrupção aumenta, e aumenta também a fúria dos jovens

«A Autoridade Palestina tem de ser desmantelada, para permitir que Israel assuma as suas responsabilidades como potência ocupante», sublinha Nivine. «A luta deve ser um homem, um voto, uma voz, um Estado.»

Não é muito diferente, embora mais otimista, a posição de Rami Younis, 32 anos, palestino de cidadania israelita, residente em Haifa, biólogo, ativista, escritor, produtor artístico.

«É importante distinguirmos o modo como a velha e a nova geração de palestinos olha para Balfour e outras efemérides», diz-nos Rami. «Há cada vez mais jovens abandonando a mentalidade de vítima. A nossa resistência à ocupação liga-se cada vez mais ao exterior e cada vez menos às lágrimas das memórias dolorosas do passado.»

«Não me interpretem mal. Essas memórias e aniversários são importantes para que os jovens aprendam o que aconteceu ao seu povo e às suas famílias, mas nós, terceira geração da nakba, não abraçamos apenas essas memórias. Nós agimos de forma criativa e independente

«Os melhores exemplos estão na cena cultural», explica Rami. «Em Haifa, realizamos [em Março] o segundo festival de cinema independente – sem qualquer apoio de Israel ou da Autoridade Palestina – e a Expo Música da Palestina [em Abril]. O objetivo é ligarmo-nos ao mundo apesar de a ocupação nos tentar isolar. É uma resistência ativa que não depende dos líderes. A Autoridade Palestina, corrupta, perdeu toda a nossa confiança

Rami Younis, como Nivine, também advoga a solução de um só Estado : «É a única maneira de eliminar o apartheid, porque qualquer tipo de separação só mantém o statu quo

«Sim», admite Larry Derfner, filho de sobreviventes do Holocausto, «o modo como Israel olha para os Palestinos é idêntico à forma como os brancos na África do Sul olhavam para os negros durante o apartheid [1967-1991], pelo menos, num aspecto importante : eles são invisíveis

«As pessoas que invocam uma ‘ameaça demográfica’ se Israel mantiver a ocupação estão erradas», acrescenta Derfner, judeu americano que em 1985 se mudou de Los Angeles para Telaviv, apenas para ser jornalista e acabou por ficar. «Israel não se preocupa com os árabes que vivem sob o seu domínio enquanto eles não tiverem direito de voto ou qualquer poder – tal como os não-brancos durante o regime de segregação racial na África do Sul

Autor de No Country For Jewish Liberals, as suas memórias recém-publicadas, Derfner lamenta que a esquerda seja fraca, «provavelmente, doente terminal». No seu percurso de vida, ele sempre fez a si próprio duas perguntas : «Porque é que os judeus têm de ter mais direitos do que os árabes entre nós? Se fôssemos maltratados, como Israel faz com os Palestinos, como reagiríamos nós?» A realidade amargura-o.

«A maioria dos israelitas pensa que já foram tentadas todas as soluções de esquerda, desde negociar Oslo à retirada unilateral de Gaza, e que a retribuição tem sido violência. A maioria pensa que ofereceu aos Palestinos ‘um bom acordo’ [em Camp David, em 2000] e que, como recompensa, recebeu terrorismo. O que eles não entendem é que ofereceram aos Palestinos um acordo muito mau. Nunca lhes prometeram independência, soberania e liberdade. Pelo contrário, prosseguiram os abusos da ocupação e, por isso, o terrorismo não cessou.»

Na conjuntura atual, onde se situa Larry Derfner, colunista do diário Ha’aretz e um dos 85 mil residentes da cidade de Modi’in, nenhum deles árabe, «como é hoje a norma»? «Sou pós-sionista porque acredito que o Estado sionista já está garantido e chegou a hora de o tornar democrático. Continuo, porém, a ser sionista porque quero que Israel se mantenha um Estado judaico. Um Estado binacional é receita para uma guerra civil


 Cronologia do conflito Palestino-Israelita

Acordo de Sykes-Picot e Declaração Balfour

Um compromisso secreto firmado, em 1916, entre Sir Mark Sykes e François George-Picot, com luz verde da Rússia, visou desmembrar o moribundo Império Otomano. O chamado ‘Acordo da Ásia Menor’ não chegou a ser aplicado, mas, anos depois, lançaria as bases para dividir o território governado pelos Turcos em áreas administradas por Britânicos (Iraque e Palestina) e Franceses (Síria e Líbano). Em 1917, com a ‘Declaração Balfour’, a Grã-Bretanha apoia a criação de um ‘lar nacional para o povo judeu’ na Palestina.


Mandato britânico da Palestina

Um território que, após o colapso do Império Otomano, incluía o que é hoje Israel, a Cisjordânia (incluindo Jerusalém), a Faixa de Gaza e a Jordânia, a Palestina ficou sob mandato britânico por decisão da Liga das Nações (que precedeu a ONU). Esta administração durou de 1920 a 1948. Em 1923, os Ingleses concederam uma autonomia limitada ao que era então a Transjordânia e é hoje a Jordânia.


Partilha da Palestina

Em 1947, com os Britânicos a enfrentarem sublevações dos árabes, que se sentiam ‘traídos’, e a luta armada de grupos judaicos revoltados contra as restrições à imigração dos que fugiam do Holocausto, a ONU dividiu a Palestina em dois Estados. Um para os judeus; outro para os árabes. Jerusalém seria uma cidade com estatuto internacional. O plano foi rejeitado pela população árabe e nunca aplicado.

Em 1948, os judeus proclamaram o Estado de Israel e países árabes vizinhos declararam guerra. Após oito meses de batalhas foi acordada uma linha de armistício, em 1949, que permitiu a Israel controlar mais território do que o previsto no Plano de Partilha de 1947, incluindo Jerusalém Ocidental. A Cisjordânia e a Faixa de Gaza como ‘unidades geográficas distintas’ : a primeira anexada pela Jordânia; a segunda ocupada pelo Egito.

A guerra que os Palestinos chamam Nakba (Catástrofe) forçou ao exílio 750 mil de 1,2 milhões de árabes – uns fugiram e outros foram expulsos em campanhas de limpeza étnica. De 1948 até 1967, a Cisjordânia foi governada pela Jordânia e a Faixa de Gaza esteve sob administração militar egípcia. De 1949 até aos anos 1960, foram viver para Israel mais de 250 mil sobreviventes do Holocausto e ainda mais de um milhão de imigrantes e refugiados judeus de países de maioria muçulmana.


A Guerra dos Seis Dias

Em 1956, tropas israelitas conquistaram a península do Sinai ao Egito, depois de o presidente Nasser ter nacionalizado o Canal do Suez. Em 1967, o Egito expulsou as tropas da ONU, que tinham substituído as israelitas, forçadas a retirar-se. Nasser bloqueou o acesso de Israel às rotas de navegação e subiu a tensão regional.

Num ‘ataque preventivo’, a 6 de Junho de 1967, que destruiu toda a aviação egípcia, no solo, e atraiu a Síria e a Jordânia para um conflito regional, Israel ganhou a guerra em seis dias. Os Jordanianos perderam a Cisjordânia e Jerusalém Leste; os Egípcios a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, e os Sírios os Montes Golã. Israel anexou prontamente Jerusalém Leste, e proclamou a cidade sua capital. Em 1981, anexaria também os Montes Golã (apenas evacuou a cidade de Quneitra, após a guerra de Outubro de 1973).

A ocupação em 1967 foi imediatamente acompanhada da colonização da Cisjordânia e Gaza. A ONU fez aprovar duas resoluções exigindo a Israel a retirada dos territórios ocupados em troca de segurança. Só o Egito recuperou o Sinai, depois de assinar o primeiro tratado de paz israelo-árabe, em 1979. A Jordânia seguiu o exemplo do Cairo, um ano depois de a OLP e Israel se reconhecerem mutuamente. Mas os Acordos de Oslo de 1993 não cessaram o conflito com os Palestinos e a ‘solução de dois Estados’ parece cada vez mais impossível, 70 anos depois de a ONU ter dividido a Palestina do Mandato Britânico.


Os Acordos de Oslo

O chefe do governo de Israel, Yitzhak Rabin, e o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, assinaram na Casa Branca (EUA), a 13 de Setembro de 1993, os documentos em que se comprometiam a unir esforços para a realização da paz entre os dois povos. Os Acordos de Oslo, mediados por Bill Clinton, tinham sido negociados secretamente na Noruega durante vários meses entre representantes israelitas e palestinos. Estes acordos previam o término dos conflitos, a abertura das negociações sobre os territórios ocupados, a retirada de Israel do Sul do Líbano e a questão do estatuto de Jerusalém.


Construção do muro

O Muro de Israel começou a ser construído em Junho de 2002, quando o na altura primeiro-ministro israelita Ariel Sharon defendeu a criação de uma fronteira para travar a violência e os atentados frequentes na zona. Esta barreira tem mais de 700 quilômetros e é composta por cimento, tijolos, arame farpado e valas. A construção do muro foi considerada ilegal e ilegítima pela ONU e pelo Tribunal Internacional de Justiça.’


Fonte :


sexta-feira, 21 de julho de 2017

As mãos de Deus

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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*Artigo do Padre Fernando Domingues,
Missionário Comboniano


‘Procuramos acelerar o passo, mas acabamos por chegar ao Cenáculo de Jerusalém um par de minutos depois das seis da tarde. Já estava fechado.

No dia seguinte, de manhã, enquanto os do nosso grupo aproveitavam para fazer compras, antes do regresso, eu e um casal amigo decidimos voltar lá : não podíamos partir de Jerusalém sem passar no Cenáculo. Subimos ao primeiro andar, à sala grande; cada um de nós arranjou um canto onde se sentar a saborear aquele lugar extraordinário.

Na minha imaginação desfilaram velozes os acontecimentos que ali se tinham passado. Quem sabe quantas vezes Jesus se tinha encontrado ali com grupos de amigos. Foi ali a última Ceia, e o Pentecostes. Com as portas fechadas com medo dos Judeus, ali estavam naquele dia os onze apóstolos, Maria, a mãe, quase certamente a família amiga de Betânia – Maria, Marta, Lázaro – e outros. O Evangelho de João diz que Jesus «estava» no meio deles, e todos se encheram de alegria ao «ver» o Senhor. Jesus não precisou entrar porque estava já com eles. Sempre presente com os seus, depois da sua ressurreição. Nesse momento, Ele deu-lhes a possibilidade de o verem e de o ouvirem. Reconhecem-no olhando as suas mãos e o seu peito, não se fala do seu rosto! As mãos, na cultura dos Israelitas daquele tempo, significavam a capacidade de agir, a força, as obras de uma pessoa.

Ao fim daquele encontro Jesus sopra o seu Espírito Santo sobre eles. O verbo que São João usa para o «soprar» de Jesus é o mesmo que o livro do Gênesis usa para o «soprar» do Criador, quando pega no Adão de barro e lhe sopra nas narinas para ele começar a viver.

O sopro de Jesus ressuscitado é o mesmo sopro criador de Deus como as suas mãos são as mãos de Deus. Disse alguém que Jesus veio ao mundo para nos revelar as mãos de Deus : o que Deus gosta de fazer na vida das pessoas, o seu trabalho criador na natureza, o toque dos seus dedos que abre os ouvidos dos surdos e que faz ver aos cegos as maravilhas do nosso mundo, o toque da sua mão que faz que outras mãos se encontrem e se unam para caminhar juntos na vida. Podíamos entender quase todo o Evangelho seguindo os gestos das suas mãos. Mãos que, ao fim, aceitam ser trespassadas para dizer que o Amor de Deus não desiste diante das nossas maldades, mesmo as mais cruéis. Mãos que agora, ali no Cenáculo, dizem que o amor de quem se dá aos outros sem limites tem por diante uma vida que é eterna.

Não só conseguiram «ver» Jesus. Também o ouviram : «Como o Pai me enviou, agora eu vos envio...» É como se dissesse : o Pai confiou-me as Suas mãos; agora confio-vos as minhas, e sopro dentro de cada um de vós o meu Espírito Santo, para que as minhas mãos continuem a viver e a agir nas mãos de cada um de vós. Sereis capazes de oferecer o perdão de Deus, e todos os outros dons que recebestes de mim. Sou eu quem vos envia! E soprou.

E depois daquele sopro, as portas daquela sala abriram-se, os discípulos partiram, as mãos de Jesus nas mãos deles, e a viagem que ali começaram naquele dia continua ainda hoje pelos caminhos do mundo inteiro.

Saí daquele primeiro andar, à beira das muralhas antigas da cidade de Jerusalém, com o coração cheio de emoções. E algumas horas depois estava a caminho do aeroporto de Telaviv para a viagem de regresso à minha «Galileia».’


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quarta-feira, 19 de julho de 2017

China : Exército de terracota de Xian

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
  
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‘Em 1974, um grupo de agricultores começou a escavar um poço à procura de água em Xian, no distrito de Lintong, da província de Shaanxi, a 1200 quilômetros de Pequim, na China. Depararam, então, com uma imensidão de esculturas de terracota que formavam um exército em coluna nas proximidades do mausoléu do primeiro imperador da China, Qin Shi Huang.

As escavações que se seguiram, e que ainda decorrem, desenterraram, até ao presente, 8.099 guerreiros, 670 cavalos, 130 carruagens e armas. As figuras formam filas em três trincheiras. Os soldados variam em altura de acordo com as suas funções, de 1,72 a 2 metros, sendo os generais os mais altos. Todos são retratados em poses naturais e portam armas correspondentes, como lanças, arcos ou espadas de bronze. As armas são reais. Acredita-se que tenham sido feitas antes de 228 a. C. e usadas na guerra. As carruagens são recriadas com grande precisão.

Outras esculturas de terracota não militares foram encontradas noutras valas e representam funcionários, acrobatas e músicos.


Às ordens do imperador

O imperador Qin Shi Huang (260 a. C.-210 a. C.) foi o unificador dos reinos chineses e iniciador da primeira dinastia imperial da China, no ano 221 antes de Cristo. Caracterizou-se por um reinado despótico e sobreviveu a três tentativas de homicídio.

No seu governo, mandou publicar um código penal severo, ordenou obras grandiosas, como o reforço de uma parte da Grande Muralha, a abertura de novas estradas, a construção de palácios e a criação de sistemas de irrigação, e unificou pesos, medidas e moedas (foi ele que mandou cunhar a famosa moedinha chinesa com um buraco no centro).

No ano 246 antes de Cristo, logo depois de chegar ao trono, com apenas 13 anos, Qin chamou artesãos de todos os reinos para construir o seu mausoléu e recriar os seus exércitos em figuras de terracota em tamanho real. Esta arte funerária era expressão na sua crença de que o protegeriam no seu túmulo quando falecesse e o defenderiam dos seus inimigos no Além. Pensa-se que trabalharam nesta obra setecentos mil operários e artesãos.

O mausoléu constava de uma pirâmide de terra com 47 metros de altura e 2180 metros quadrados de área. Este complexo serviu também como palácio e corte imperial. Estava dividido em vários ambientes, salas e estruturas de apoio, e cercado por uma muralha com diversos portões. Toda a obra ficou pronta antes da morte do imperador, em 210 a. C. No decorrer das cerimônias fúnebres, as figuras do exército de terracota foram enterradas nas proximidades do mausoléu, ocupando um imenso retângulo de 62 metros de largura por 230 de comprimento. Estão viradas para leste, de onde se presumia que surgissem os ataques.

Segundo o historiador Sima Qian (145 a. C.-86 a. C.), na obra Registos do Historiador, o imperador Qin foi enterrado em 210 a. C. com grandes tesouros e objectos artísticos, bem como com uma réplica do mundo, em que pedras preciosas representavam os astros, pérolas simbolizavam os planetas e lagos de mercúrio figuravam os mares.

Xian permanecerá, por mais de mil anos, como capital do império unificado e será a sede de onze dinastias chinesas. A cidade adquirirá importância estratégica por estar situada numa importante encruzilhada da Rota da Seda, entre o Sul da Ásia e a Europa e a África, que muitas caravanas percorrerão a partir do ano 200 a. C., e receberá gente de todas as direções.

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Os guerreiros de terracota

Os soldados de terracota permaneceram enterrados cerca de 2.200 anos. As escavações estão em curso, quarenta anos após a sua descoberta. É um trabalho delicado, devido à fragilidade natural do material e à sua difícil preservação. A terracota é argila cozida em fornos com temperatura relativamente baixa, em torno dos 900 ºC.

Os artesãos que esculpiram o exército de guerreiros de terracota de Xian, depois de cozer cada figura, cobriam-na com uma camada de resina, para aumentar a durabilidade. E coloriam-nas com tinta à base de minerais e fixadores, tais como sangue animal ou clara de ovo, para dar realismo às figuras, às suas roupas e equipamentos.

A disposição das três trincheiras revela intencionalidade. A trincheira maior, com mais de 6.000 figuras de soldados, cavalos e carruagens, representa a armada principal do imperador Qin. A segunda trincheira continha cerca de 1.400 soldados da cavalaria e infantaria, também com cavalos e carros de guerra, que retratavam a guarda militar. Na terceira figurava a unidade de comando, com oficiais de alto nível, oficiais intermediários e um carro de guerra puxado por quatro cavalos, ao todo 68 figuras.

Foi ainda encontrada uma quarta trincheira vazia.

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A arte que produziu este exército

As figuras de terracota não foram esculpidas como uma peça só, mas em partes, que foram unidas depois da cozedura. Eram, depois, colocadas no seu respectivo lugar, em formação militar, de acordo com a sua patente e posto.

O conjunto dos pormenores da obra revelam não só a qualidade dos artesãos, mas, sobretudo, o poder do imperador, que tinha autoridade para ordenar a construção de uma empreitada tão monumental. Cada soldado não só varia em peso, vestuário e armas, de acordo com a patente, mas o pormenor vai até ao penteado e à expressão facial individualizada : alguns sorriem, outros estão sisudos. Uns têm barba, outros bigode. Os cavalos parecem estar vivos e as suas bocas abertas sugerem relinchos.


Patrimônio da Humanidade

Os guerreiros de Xian são hoje um sítio arqueológico patrimônio mundial da Unesco desde 1987. São um ícone do passado distante da China. O seu primeiro imperador, Qin Shi Huang, mandou edificar um túmulo que entrou para a História, pois é tão importante quanto as Pirâmides de Gizé, no Egito, ou o Taj Mahal, na Índia.

Portugal acolhe pela segunda vez 150 réplicas em tamanho real das mais de oito mil figuras do exército de terracota de Xian (China). Depois de passarem pelo Porto, em 2015, estão em exposição na Cordoaria Nacional, em Lisboa, até setembro próximo.

Os guerreiros que podem ser vistos foram criados a partir dos originais, encontrados no mausoléu do primeiro imperador da China, que mandou formar aquele exército para o protegerem na tumba e dos inimigos do Além. Mais informações podem ser obtidas na página da exposição : www.guerreirosdexian.com.’

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