‘Afrescos
extraordinários das Catacumbas romanas dos Santos Marcelino e Pedro, num vasto
sítio arqueológico aberto recentemente ao público, recuperaram seu antigo
esplendor. Na sede do Pontifício Conselho da Cultura foram apresentados na
manhã desta terça-feira os resultados da complexa obra de restauração, cujos
custos foram cobertos em parte pela Fundação ‘Heydar Aliyev’, presidida pela Sra. Mehriban Aliyeva, esposa do
Presidente muçulmano do Azerbaijão.
As Catacumbas dos
Santos Marcelino e Pedro, na Via Casilina, 641, são uma extraordinária
pinacoteca subterrânea. Terceiras catacumbas em Roma em extensão, abrigam em
uma área de mais de 18 mil m² pinturas paleocristãs únicas no mundo, dentro do
complexo arqueológico ‘Ad duas lauros’.
O recente e precioso trabalho de restauração permite contemplar excepcionais
afrescos em suas cores originais. Estas Catacumbas, ligadas ao martírio dos
Santos Marcelino e Pedro, foram por séculos, assim como neste Ano Santo da
Misericórdia, metas privilegiadas de peregrinação.
Os Santos Marcelino e
Pedro
Pedro era um jovem
exorcista que recusou-se abjurar da própria fé e de adorar outros deuses. Por
isto foi torturado e encarcerado. Entre os carcereiros havia um homem especial,
Artêmio, que profundamente tocado pela fé de Pedro, converteu-se ao
cristianismo. Converteram-se também muitos outros detentos, carcereiros e
famílias inteiras. Pedro não podia administrar o batismo e um sacerdote,
Marcelino, foi até a prisão para batizar.
O martírio dos Santos
Marcellino e Pedro
Marcelino e Pedro
foram condenados à morte, sendo mortos em 304 d.C. por ordem do Imperador
Diocleciano, que considerava o cristianismo um obstáculo para o desenvolvimento
econômico e social do Império. Os dois mártires foram obrigados, antes da
decapitação, a escavar o próprio túmulo com as mãos em uma densa floresta,
conhecida como Floresta Negra, para que o local em que haviam sido enterrados
permanecesse ignorado.
Restos mortais
transferidos para o cemitério ‘Ad duas lauros’
Uma romana chamada
Lucila, conseguiu transferir os restos mortais daquela área – que atualmente é
chamada de Floresta Candida, em honra aos dois mártires – para um Cemitério
cristão na Via Casilina, na localidade de ‘Ad
duas lauros’. O lugar, mais tarde dedicado à memória dos dois Santos,
tornou-se meta de peregrinação. No período carolíngio, as relíquias dos dois
Santos foram levadas à Alemanha, na cidade de Seligenstadt, onde são guardados
até hoje.
Os afrescos salvos
pelas obras de restauração
A vinda dos
recursos da Fundação ‘Heydar Aliyev’,
foi possível graças aos acordos firmados em 2012, o que permitiu, com o uso de
avançadas técnicas de conservação, a restauração de extraordinários monumentos
pictóricos, como o Cubículo de Susana e o coveiro; o nicho de Daniele; o
Arcosolium de Sabina; o Arcosolium de Orfeu; o Cubículo de Nossa Senhora com os
dois Magos; o Cubículo da dama orante, que mostra uma mulher com a cabeça
velada e os braços abertos. Uma joia pictórica que antecipa a iconografia
medieval das Nossas Senhoras da Misericórdia.
Prevista restauração
das Catacumbas de São Sebastião
A colaboração
entre a Santa Sé e o Azerbaijão prosseguirá com outros importantes projetos.
Hoje, em particular, foi selado um protocolo de intenção para obras de
restauração e a valorização do complexo monumental de São Sebastião fora dos
Muros, na Via Apia Antiga. O acordo diz respeito, entre outros, a uma
extraordinária coleção de sarcófagos.
Ao ser questionada
sobre o por quê de uma fundação de um país muçulmano financiar a restauração de
patrimônios cristãos, a Sra. Mehriban Aliyeva explicou :
‘O Azerbaijão é um país entre a Europa e
Ásia, entre o Ocidente e Oriente, e esta posição geográfica influenciou a
profunda diversidade que caracteriza o país. A amizade e a fraternidade sempre
acompanharam os povos que viveram no país. A nossa grande riqueza também é
constituída pela presença de múltiplas confissões religiosas. Em particular, a
restauração das Catacumbas dos Santos Marcelino e Pedro insere-se neste projeto
de uma colaboração entre a Santa Sé e o Azerbaijão. No futuro, a nossa Fundação
estará sempre pronta a prosseguir com esta cooperação’.
Cardeal Ravasi fala da
ampla colaboração
A colaboração
entre a Santa Sé e o Azerbaijão tem uma ampla abrangência, sublinha o Cardeal
Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho da Cultura e da Pontifícia
Comissão de Arqueologia Sacra :
‘A colaboração tem o seu cerne principal nas
Catacumbas dos Santos Marcelino e Pedro e agora na de São Sebastião. Mas o compromisso
da Fundação ‘Aliyev’ e, em particular da sua presidente, ampliou-se também para
a Biblioteca Apostólica Vaticana, com a restauração de muitos manuscritos
azeris, e aos Museus Vaticanos, onde tiveram início trabalhos de restauração, sobretudo de uma
imponente estátua de Júpter. A segunda consideração diz respeito ao fato de que
eu mesmo, certa vez, visitei o Azerbaijão e tive a oportunidade de lá encontrar várias
comunidades religiosas. Portanto, trata-se de uma rede de colaboração muito
difundida.’’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://br.radiovaticana.va/news/2016/02/23/pa%C3%ADs_mu%C3%A7ulmanos_financia_obras_de_restaura%C3%A7%C3%A3o_de_catacumbas/1210710
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