domingo, 7 de fevereiro de 2016

Abrir a porta da paz

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Padre Bernardino Frutuoso,
Missionário Comboniano


No mundo hodierno globalizado que, como dizia Bento XVI, nos faz vizinhos, mas não irmãos, a cultura dominante orienta-se pela lógica do poder e manifesta-se no dano à Natureza, na dominação dos povos – muitas vezes recorrendo à força das armas, um dos grandes negócios globais – e no controlo dos mercados. Uma cultura da «modernidade líquida», como bem a descreve o sociólogo polaco Zygmunt Bauman, que gera solidão, egoísmo, insegurança, medo, indiferença. Nesse sentido, é sugestivo o tema da mensagem do Papa Francisco para a 49.ª Jornada Mundial da Paz – Vence a indiferença e conquista a paz –, comemorada no dia 1 de Janeiro. O texto alerta a todas as pessoas de boa vontade para o fenômeno da «globalização da indiferença», interpelando-as a superar essa «anestesia», fazendo-se próximas dos irmãos e irmãs, sobretudo os mais pobres e marginalizados, e a construir a paz em chave de misericórdia, que é «o coração de Deus» e condição fundamental do Evangelho.

O papa recorda que «a primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença para com Deus». Essa perda do sentido místico e da consciência de que temos um Pai comum, Senhor da vida e criador do Universo, é a causa primeira de onde deriva a indiferença para com o próximo e com a Natureza, a nossa casa comum.

No espírito do Jubileu da Misericórdia, o papa – que tem marcado o seu pontificado pela revolução do amor e da misericórdia, como afirma o cardeal alemão Walter Kasper –, lança um tríplice apelo às nações mais poderosas. Primeiro, a não arrastarem outros povos para a guerra ou conflitos que «destroem não só as suas riquezas materiais, culturais e sociais, mas também a sua integridade moral e espiritual»; segundo, «o cancelamento ou a gestão sustentável» da dívida internacional dos países mais empobrecidos; terceiro, a adopção de «políticas de cooperação» que não se submetam «à ditadura das ideologias», mas respeitem os valores das populações e procurem o autêntico bem dos povos. Francisco pede aos Estados que realizem «gestos concretos, atos corajosos a bem das pessoas mais frágeis da sociedade, como os reclusos, os migrantes, os desempregados e os doentes».

Os seguidores de Jesus Cristo, afirma o Sumo Pontífice, somos chamados a converter o coração, a reconhecer como se manifesta a indiferença na nossa vida pessoal e na comunidade a que pertencemos. Esse exame de consciência deve impelir-nos a mudar a mente e o coração e, em fidelidade à opção evangélica preferencial pelos pobres, que são uma «porta santa» para os cristãos, «fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros». Só quando construímos uma autêntica cultura de paz podemos vencer a indiferença.’


Fonte :
* Artigo na íntegra http://www.alem-mar.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EuVkpZlAkEWFMJifPh

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