*Artigo de Francisco Ferreira, Quercus
A ONU estima que perto de 800 milhões de pessoas ainda
carecem de água potável.
‘À medida que a economia mundial
cresce, o mundo vai ficando com muito mais sede. Num relatório das Nações
Unidas publicado por ocasião do Dia Mundial da Água, 22 de Março,
perspectiva-se que em 2030, se não forem tomadas medidas desde já para reduzir
a sua utilização, o mundo terá 40 % menos água doce. De acordo com o relatório,
o ‘forte aumento dos rendimentos e
melhoria dos padrões de vida de uma classe média em crescimento levaram a
fortes aumentos no uso da água, que podem ser insustentáveis, especialmente
onde o seu fornecimento é vulnerável ou escasso’.
Os fatores que impulsionam a procura
de água incluem o aumento do consumo de carne, casas maiores, mais automóveis e
caminhões, mais eletrodomésticos consumidores de energia, isto é, tudo aquilo em
que se baseia a nossa atual sociedade de consumo.
O crescimento da população e o aumento
da urbanização também contribuem para o problema. A procura de água tende a
crescer o dobro em relação à taxa de crescimento da população, pelo que, com o
aumento da população mundial para 9,1 mil milhões de pessoas até 2050, gerir os
recursos hídricos será particularmente crítico.
Mais pessoas a viverem em cidades
tenderão a colocar pressão sobre o abastecimento de água, estimando-se que 6,3
mil milhões de pessoas, ou seja, cerca de 69 % da população mundial, viverá em
áreas urbanas até 2050, contra os atuais 50 %.
A agricultura, que utiliza cerca de 70
% das reservas de água doce do mundo, é o sector mais dramático, dado que é
também aquele em que se verifica um uso menos eficiente deste precioso recurso.
A ONU estima que perto de 800 milhões
de pessoas ainda carecem de água potável, cinco anos depois de se atingir o
Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de redução para metade da proporção de
pessoas sem acesso a água. A meta estipulada foi conquistada e superada em
2010, quando 89 por cento da população mundial conseguiu ter acesso a fontes de
água, designadamente água canalizada, furos equipados com bombas e poços
devidamente protegidos.
O 7.º Fórum Mundial da Água que
recentemente teve lugar em Seul, na Coreia do Sul, deu destaque à necessidade
de nas próximas décadas sermos capazes de construir um futuro seguro,
garantindo o acesso à água e saneamento como instrumentos para melhorar o
desenvolvimento, ultrapassando também as dificuldades que o transporte de água
implica para muitas mulheres e crianças, dando-lhes acesso à educação e
facilitando a prevenção de doenças.
Num mundo que enfrenta as alterações
climáticas, a segurança da água para fornecer alimentos e energia, para gerar
um crescimento verde e sustentável e assegurar o funcionamento dos ecossistemas,
é uma necessidade vital. Em setembro deste ano, a atenção estará focada nos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a serem adotados pelas Nações
Unidas em Nova Iorque, onde o 6.º objectivo é assegurar a disponibilidade e a
gestão sustentável da água e saneamento para todos. Um desafio, que se espera
seja também uma oportunidade e onde o nosso contributo é também essencial.’
Fonte :
* Artigo na íntegra de
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