Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da Secretaria de Comunicação Orionina
‘Gostaríamos de abrir
esta janela sobre a nossa Congregação, Pequenas Irmãs Missionárias da
Caridade, citando as palavras do nosso fundador, que no início do
século passado, ainda antes da primeira guerra mundial, enquanto redigia as
Constituições das suas primeiras consagradas, convidava-as a servir o Homem
para o desenvolvimento integral do Homem, com uma atenção preferencial aos
últimos, aos mais pobres, às pessoas em maior dificuldade.
«O seu objetivo
particular e especial é o exercício da caridade para com... os pequenos filhos
do povo e os pobres mais afastados de Deus ou mais abandonados...» (São
Luís Orione, Constituições psmc, n. 3).
Congregação
‘samaritana’
Desde 29 de junho de
1915, data de fundação da Congregação, foram feitos enormes progressos,
sobretudo em certas realidades, mas a natureza essencial deste objetivo não
mudou : desde então e ainda hoje, exprime-se em espírito de acolhimento e de
família na simplicidade, na assistência e — hoje cada vez mais — na competência
profissional.
Esta atitude foi
também reiterada no tema do 13º Capítulo geral do Instituto, realizado em maio
de 2023 : «Para ser uma ‘Congregação samaritana’ através do testemunho
profético de um novo modo de fazer, agir e viver».
No
Quênia, apoiando os mais pobres
É nesta chave que
queremos narrar a experiência da missão de Laare, no Quénia. Esta missão é a
comunidade mais jovem das que foram abertas pelas religiosas nesse país, a
menor e a mais afastada da capital. O seu objetivo é apoiar as necessidades da
população local, os mais pobres, as crianças e as pessoas com deficiência.
Atualmente só ela consegue sustentar de modo financeiro toda a Delegação Mãe da
Divina Providência.
Além
da lógica da manutenção
No entanto, em agosto
de 2008, as religiosas abriram a missão com pouquíssimos recursos, muita boa
vontade e uma confiança infinita na Divina Providência. Com o tempo, estas ‘obras
de Deus’ tornaram-se cada vez mais ‘poderosas’ e, com uma lógica operacional
muito exata, as religiosas missionárias conseguiram torná-las economicamente
independentes, interrompendo a superada lógica da ‘manutenção’, com a
finalidade de garantir a continuidade das obras sanitárias, educativas e
pastorais, até no caso em que os benfeitores fossem obrigados a interromper o
próprio apoio.
‘O
que ainda se pode e se deve salvar para reconduzir a Deus a nossa sociedade
transtornada são os jovens. Eles são a sociedade do futuro : o sol ou a
tempestade do futuro. As mais belas esperanças da Igreja e do mundo. Salvemos
os jovens! (São Luís Orione, 1912).’
Em termos de apoio
financeiro externo, por exemplo, agora a missão de Laare pode ajudar
diariamente mais de 1.600 crianças e famílias.
As religiosas gerem
também uma escola primária e secundária, que oferece acesso à educação às
crianças. Entre as estruturas educativas iniciadas, há também um jardim da
infância, útil para acolher as crianças mais pequeninas e combater a
subalimentação desde o início da vida.
A nível pastoral, as
irmãs colaboram com a comunidade paroquial local para aproximar as crianças e
os jovens dos valores cristãos, da fraternidade universal e dos sacramentos,
envolvendo-os na vida da Igreja.
Incidir
na cultura para restituir dignidade
Existe também um
centro diurno para crianças com deficiência, para prestar ajuda e assistência
aos mais frágeis e desprezados da sociedade e melhorar a sua qualidade de vida.
A este respeito, as irmãs tiveram um impacto profundo na cultura e na
mentalidade africana, vítima da antiga herança segundo a qual a deficiência
física é motivo de escândalo e marginalização, que tira toda a dignidade humana
aos deficientes.
Audazes
para dar um futuro
Mas as religiosas
também foram audazes a nível concreto. Ao longo do tempo, abriram uma
alfaiataria que não só emprega mulheres locais, como também confecciona
uniformes escolares e peças de paramentos litúrgicos, cujo rendimento é o
sustento desta e de outras atividades da Delegação. Com a mesma finalidade, a
população local foi formada para trabalhos agrícolas, o cuidado da quinta, dos
campos e do gado. Entre elas, prevalece a criação de camelos, utilizados para a
venda de leite e para a produção de sabonetes naturais.
Acreditamos
firmemente que o segredo do sucesso é viver da caridade, servir os mais pobres
com autenticidade, esquecendo-nos de nós mesmas, permanecendo abertas a outras
culturas. Por isso, ativamos também uma promissora rede de voluntariado
missionário, constituída sobretudo por jovens que passam tempo na missão,
provenientes de todos os continentes, mas sobretudo da Itália e da Polonia.
Os
jovens : sal da terra
Acreditamos que os
jovens são o sal da terra e queremos acompanhá-los nesta maravilhosa
experiência de voluntariado missionário. Em Laare, os jovens redescobrem a
alegria de fazer parte da Igreja. Todos os anos, mais de 100 voluntários de
todo o mundo vêm aqui para experimentar a autenticidade do serviço à população
africana.
Em Laare,
experimentamos a alegria de partilhar sobretudo com os pobres, mas também com a
jovem comunidade local e com os jovens voluntários provenientes do resto do
mundo, para abrir o nosso coração e dar testemunho recíproco do Amor e, assim,
do ‘poder’ de Deus!’
Fonte : *Artigo na íntegra
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