quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Missionárias no Quênia: testemunhas proféticas de uma nova maneira de viver e agir

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

O refeitório da escola gerida pelas Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade na missão de Laare, no Quênia  

*Artigo da Secretaria de Comunicação Orionina


Gostaríamos de abrir esta janela sobre a nossa Congregação, Pequenas Irmãs Missionárias da Caridade, citando as palavras do nosso fundador, que no início do século passado, ainda antes da primeira guerra mundial, enquanto redigia as Constituições das suas primeiras consagradas, convidava-as a servir o Homem para o desenvolvimento integral do Homem, com uma atenção preferencial aos últimos, aos mais pobres, às pessoas em maior dificuldade.

«O seu objetivo particular e especial é o exercício da caridade para com... os pequenos filhos do povo e os pobres mais afastados de Deus ou mais abandonados...» (São Luís Orione, Constituições psmc, n. 3).

Congregação ‘samaritana’

Desde 29 de junho de 1915, data de fundação da Congregação, foram feitos enormes progressos, sobretudo em certas realidades, mas a natureza essencial deste objetivo não mudou : desde então e ainda hoje, exprime-se em espírito de acolhimento e de família na simplicidade, na assistência e — hoje cada vez mais — na competência profissional.

Esta atitude foi também reiterada no tema do 13º Capítulo geral do Instituto, realizado em maio de 2023 : «Para ser uma ‘Congregação samaritana’ através do testemunho profético de um novo modo de fazer, agir e viver».

No Quênia, apoiando os mais pobres

É nesta chave que queremos narrar a experiência da missão de Laare, no Quénia. Esta missão é a comunidade mais jovem das que foram abertas pelas religiosas nesse país, a menor e a mais afastada da capital. O seu objetivo é apoiar as necessidades da população local, os mais pobres, as crianças e as pessoas com deficiência. Atualmente só ela consegue sustentar de modo financeiro toda a Delegação Mãe da Divina Providência.

Além da lógica da manutenção

No entanto, em agosto de 2008, as religiosas abriram a missão com pouquíssimos recursos, muita boa vontade e uma confiança infinita na Divina Providência. Com o tempo, estas ‘obras de Deus’ tornaram-se cada vez mais ‘poderosas’ e, com uma lógica operacional muito exata, as religiosas missionárias conseguiram torná-las economicamente independentes, interrompendo a superada lógica da ‘manutenção’, com a finalidade de garantir a continuidade das obras sanitárias, educativas e pastorais, até no caso em que os benfeitores fossem obrigados a interromper o próprio apoio.

‘O que ainda se pode e se deve salvar para reconduzir a Deus a nossa sociedade transtornada são os jovens. Eles são a sociedade do futuro : o sol ou a tempestade do futuro. As mais belas esperanças da Igreja e do mundo. Salvemos os jovens! (São Luís Orione, 1912).’

Em termos de apoio financeiro externo, por exemplo, agora a missão de Laare pode ajudar diariamente mais de 1.600 crianças e famílias.

As religiosas gerem também uma escola primária e secundária, que oferece acesso à educação às crianças. Entre as estruturas educativas iniciadas, há também um jardim da infância, útil para acolher as crianças mais pequeninas e combater a subalimentação desde o início da vida.

A nível pastoral, as irmãs colaboram com a comunidade paroquial local para aproximar as crianças e os jovens dos valores cristãos, da fraternidade universal e dos sacramentos, envolvendo-os na vida da Igreja.

Incidir na cultura para restituir dignidade

Existe também um centro diurno para crianças com deficiência, para prestar ajuda e assistência aos mais frágeis e desprezados da sociedade e melhorar a sua qualidade de vida. A este respeito, as irmãs tiveram um impacto profundo na cultura e na mentalidade africana, vítima da antiga herança segundo a qual a deficiência física é motivo de escândalo e marginalização, que tira toda a dignidade humana aos deficientes.

Audazes para dar um futuro

Mas as religiosas também foram audazes a nível concreto. Ao longo do tempo, abriram uma alfaiataria que não só emprega mulheres locais, como também confecciona uniformes escolares e peças de paramentos litúrgicos, cujo rendimento é o sustento desta e de outras atividades da Delegação. Com a mesma finalidade, a população local foi formada para trabalhos agrícolas, o cuidado da quinta, dos campos e do gado. Entre elas, prevalece a criação de camelos, utilizados para a venda de leite e para a produção de sabonetes naturais.

Acreditamos firmemente que o segredo do sucesso é viver da caridade, servir os mais pobres com autenticidade, esquecendo-nos de nós mesmas, permanecendo abertas a outras culturas. Por isso, ativamos também uma promissora rede de voluntariado missionário, constituída sobretudo por jovens que passam tempo na missão, provenientes de todos os continentes, mas sobretudo da Itália e da Polonia.

Os jovens : sal da terra

Acreditamos que os jovens são o sal da terra e queremos acompanhá-los nesta maravilhosa experiência de voluntariado missionário. Em Laare, os jovens redescobrem a alegria de fazer parte da Igreja. Todos os anos, mais de 100 voluntários de todo o mundo vêm aqui para experimentar a autenticidade do serviço à população africana.

Em Laare, experimentamos a alegria de partilhar sobretudo com os pobres, mas também com a jovem comunidade local e com os jovens voluntários provenientes do resto do mundo, para abrir o nosso coração e dar testemunho recíproco do Amor e, assim, do ‘poder’ de Deus!

 

Fonte : *Artigo na íntegra

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2023-08/projeto-sisters-pequenas-irmas-missionarias-caridade-pime-africa.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário