Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Assalamu Aleikom («a paz esteja
convosco») é a saudação com que somos recebidos sempre que visitamos as
comunidades beduínas na Palestina. Embora a palavra «paz» faça parte da interação
quotidiana, a sua vivência continua a ser um anseio que repousa no coração dos
nossos irmãos e irmãs. A ameaça constante de deslocação forçada por parte do
Governo israelita, bem como a falta de reconhecimento por parte da Palestina,
deixam estas comunidades beduínas numa situação de exclusão, precariedade e
pobreza extrema.
Presença
fraterna
Há doze anos que as
Irmãs Missionárias Combonianas trabalhamos nas comunidades beduínas de Jahalin,
situadas no deserto da Judeia. Começámos no campo da saúde, depois no campo da
educação, com a criação de jardins-de-infância e, em seguida, em cada comunidade,
com atividades de formação para as mulheres. O objetivo é melhorar a educação
das crianças, para que possam prosseguir os seus estudos e promover a
integração das mulheres, a fim de promover a qualidade de vida nas diferentes
comunidades.
Tudo isto com a ajuda
de diferentes organizações que apoiaram vários projetos. Está a ser criada uma
pequena rede que não é apenas intercongregacional, mas também inter-religiosa,
para chegar aos nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis. Tenho esperança de que
possamos viver e trabalhar juntos para o bem comum, unindo forças cada um a
partir da sua própria fé, judeus, muçulmanos, cristãos.
A nossa fé é
proclamada através de gestos e ações quotidianas, testemunhando os valores
evangélicos do acolhimento, do respeito, do encontro e da generosidade que,
assim, se tornam uma realidade. Criaram-se laços de proximidade, diálogo,
fraternidade e afeto com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos.
Vivendo juntos os
momentos significativos das suas vidas, pude conhecer, além da sua cultura e
tradições, a realidade íntima destas comunidades, as suas dificuldades ou os
problemas das mulheres, por exemplo, que casam muito jovens e não prosseguem os
estudos ou adquirem outra formação.
O acolhimento que nos
dão com a sua alegria, generosidade e simplicidade faz-nos sentir em casa desde
o primeiro momento.
Comunicamos em árabe, que aprendemos para poder expressar-nos. Pessoalmente, a minha comunicação ainda é limitada, mas estou muito feliz por partilhar a vida com eles, por aprender com a sua simplicidade e a sua generosidade. Cada vez que os compreendo um pouco mais e quando me apercebo de que eles também conseguiram compreender-me, vejo a graça de Deus a acompanhar-me e a encorajar-me a ser paciente e perseverante, porque sei que através da língua vou conhecê-los melhor.
A irmã Lourdes García, à esquerda com um lenço na cabeça, com um grupo de crianças numa escola
Realidades
diversas
Visitamos as
comunidades e as famílias para conhecer melhor as suas necessidades e este é um
grande desafio. Durante estas visitas, temos observado várias realidades, por
exemplo, que as mulheres casam muito novas e já não continuam os estudos ou
outra formação. Aparentemente, as famílias dão prioridade aos rapazes; no
entanto, estes também não prosseguem os estudos por várias razões, como a falta
de meios de transporte, a precariedade econômica ou, simplesmente, porque se
dedicam a cuidar das ovelhas. Além disso, a grande maioria não sabe inglês ou
hebraico, razão pela qual não têm oportunidades de emprego fora do seu meio.
O compromisso
missionário continua também com a pequena comunidade cristã de El-Azariyeh, na
cidade de Lázaro. É uma pequena comunidade cristã de cerca de dez famílias.
Encontramo-nos todos os dias para rezar o terço com as mulheres, para organizar
momentos de oração e para visitar os doentes.
É uma realidade
complexa e temos consciência de que estamos aqui há pouco tempo e que ainda
temos muito a aprender e a conhecer, mas anima-nos um forte desejo de continuar
a missão que as nossas irmãs iniciaram há mais de uma década. Era, em suma, o
que São Daniel Comboni queria, que façamos «causa comum com os mais pobres e
abandonados». A continuidade com a promoção humana, por meio de cursos de
formação para mulheres e jovens, é um modo concreto de os tornar protagonistas
da sua própria vida. ’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/artigos/8/995/ao-servico-das-comunidades-beduinas/
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