Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Magisterium AI é uma nova
plataforma de inteligência artificial que, segundo seu site, ‘torna o
ensinamento da Igreja Católica acessível como nunca antes’ e que,
como o próprio nome indica, é alimentada com documentos do Magistério eclesial.
‘Com uma rede cada
vez mais ampla de parceiros em todo o mundo e acesso a fontes únicas de
informação católica que ainda não estão disponíveis na web, continuamos
ampliando o banco de dados de formação do Magisterium AI para
torná-la mais inteligente e útil’, diz o site.
A plataforma foi
criada pela Longbeard, uma
empresa de tecnologia com sede em Roma, que se dedica ao marketing digital e ao
design e desenvolvimento de produtos digitais. Entre a carteira de
clientes da empresa estão organizações da Santa Sé, como o Dicastério para
o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e a Fundação Observatório do
Vaticano; também organizações conhecidas do mundo católico, como a arquidiocese
de Los Angeles, o ministério Word on Fire e os Cavaleiros de
Colombo.
Segundo o site oficial, Magisterium
AI pode ser útil para explicar conceitos teológicos complicados em
linguagem simples, para responder a perguntas ou contextualizar informações e
para análise primária de fontes, ou para sacerdotes prepararem suas homilias.
A plataforma
possibilita ‘praticar conversas’ e explica que esta função pode ser de grande
utilidade para os usuários ‘que estão estudando para entrar na Igreja ou se
preparando para os sacramentos, pois podem usar o Magisterium AI com
o objetivo de simular conversas que poderiam ter com clérigos ou outras pessoas’.
A plataforma está em
versão beta e embora esteja otimizada para ser usada em inglês, também pode
responder em : espanhol, francês, alemão, italiano, russo, chinês, português,
holandês e coreano. As chances de encontrar erros em respostas não escritas em
inglês são maiores.
Os desenvolvedores
alertam que, embora o Magisterium AI possa fornecer
informações e contexto valiosos, ‘não deve ser o único recurso para alguém que
tenta entender os ensinamentos católicos’, e acrescentam que ‘é sempre bom
consultar fontes confiáveis, participar de discussões com pessoas especialistas
e líderes da Igreja bem formados, e ler fontes primárias como o Catecismo da
Igreja Católica’.
‘A
Inteligência Artificial não tem profundidade humana’
Mauricio Artieda,
diretor-geral da Catholic-Link,
um site católico com recursos para o apostolado, e especialista nessas
realidades, através de um vídeo em
uma conta do Instagram, disse que o Magisterium AI ’é um
grande avanço’.
Artieda disse à ACI Prensa,
agência em espanhol do grupo ACI, que a plataforma é confiável e segura, pois ‘não
pode inventar informação, nem vai confundir as pessoas, porque obtém suas
respostas elaborando, conectando e relacionando ideias com base em seu
treinamento que consiste em mais de dois mil textos da Igreja Católica’.
No entanto, ele diz
que ‘todas as inteligências artificiais estão nos estágios iniciais de seu
desenvolvimento, por isso podem estar erradas’, e acrescenta que ‘o usuário tem
a função de comprovar que essa informação esteja correta’.
Para Artieda, Magisterium
AI é muito atrativo, porque ‘não tínhamos uma plataforma deste tipo,
fechada e totalmente católica’. Ele acrescenta que ‘as vantagens da
inteligência artificial são muitas e depende de cada uma das ferramentas’. O
diretor-geral de Catholic-Link está convencido de que com
estas novas tecnologias se quebram muitas barreiras que se apresentavam à
evangelização.
‘É uma grande
economia de tempo fazer uma pergunta e, em questão de segundos, a inteligência
artificial me diz em qual documento da Igreja está o que estou procurando’, diz
ele. ‘Essas ferramentas, juntamente com a mente humana, desenvolverão ainda
mais a riqueza intelectual da Igreja’, acrescenta.
Artieda acha que
devemos ter cuidado com a inteligência artificial, porque ‘se não a limitarmos,
pode causar muitos estragos’. E referindo-se às funções criativas dessas
plataformas, diz que é possível que criem ‘falsificações profundas (deep
fakes), que é preciso saber regular’ porque ‘podem ser usadas para o mal’.
Artieda fala com
precaução das ‘funções humanas’ dessas ferramentas, dizendo que, no futuro, a
inteligência artificial poderia substituir as pessoas para fazer tarefas tão
delicadas como ‘criar filhos ou fazer justiça’. Segundo ele, essas plataformas ‘nunca
serão capazes de compreender o que é a misericórdia, por exemplo. É aí que
vamos ter problemas muito sérios’. Se, a certo ponto, ‘tentarmos atribuir
funções humanas à inteligência artificial, acabaremos por nos desumanizar’,
diz.
‘Não se deve ter
muito medo da inteligência artificial’, conclui Artieda, ‘porque sua
criatividade é limitada porque não é apoiada por experiências ou emoções. Ela
carece de profundidade humana.’
O uso responsável da
inteligência artificial, ‘mais urgente do que nunca agora que tem um
impacto cada vez mais profundo na atividade humana’, será tema do 57ª
Dia Mundial da Paz 2024, que será em 1º de janeiro do próximo ano, anunciou
o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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