Por Eliana Maria
(Ir. Gabriela, Obl. OSB)
jornalista
‘Quem já fez alguma
busca por assuntos filosóficos no YouTube ou nas redes sociais provavelmente já
percebeu que o estoicismo entrou na moda neste pós-pandemia, transcorridos
2.300 anos desde o seu surgimento na Grécia Antiga.
Trata-se
de uma escola de filosofia fundada por Zenão de Cítio, em Atenas, no início do
século III a.C. O estoicismo destaca o autocontrole emocional como o caminho
para o fortalecimento do caráter e para a vivência da virtude, encarando as
provações com resignação e os prazeres com indiferença. Desta forma, o estoico pretende
livrar-se dos altos e baixos dos sentimentos.
É
uma filosofia baseada no conceito grego de ‘eudaimonia’, ou seja, de
felicidade entendida como realização pessoal decorrente de uma vida virtuosa,
regida pela lógica e pela ética natural. Os entusiastas contemporâneos do
estoicismo também o associam a um estilo de vida minimalista e desapegado,
focado no autoaprimoramento.
Muito
embora não se trate de uma filosofia religiosa, há no estoicismo um quê de
monástico, dada a sua ênfase numa vida sóbria e afastada dos apegos passionais
e materiais. Desta perspectiva, podemos listar vários pontos de convergência
entre o estoicismo e o catolicismo. Aqui vão 6 exemplos :
1 | Busca da virtude e da sabedoria de vida
A
valorização da virtude faz parte da própria descrição do que é o estoicismo, e
as virtudes não são menos importante para os católicos. A Igreja enfatiza em especial
as virtudes teologais da fé, esperança e caridade, mas também as virtudes
cardeais da prudência, justiça, fortaleza e temperança, que estão na base das
demais virtudes. Buscar uma vida virtuosa, por sua vez, está na essência da
sabedoria de vida, já que o sábio não é necessariamente aquele que detém
maiores conhecimentos intelectuais, e sim aquele que entendeu com mais clareza
a diferença entre aquilo que importa e aquilo que é meramente secundário.
2 | Autodomínio
Já
vimos que, no tocante às virtudes, temperança ocupa espaço fundamental – e ela
é tão valorizada pelo estoicismo quanto pelo catolicismo. Temperança envolve
equilíbrio emocional e ponderação, o que viabiliza uma aceitação mais serena
dos desafios da vida. Católicos e estoicos ensinam o domínio próprio como
básico para vencer as tendências passionais e crescer em virtude. Ambas as
doutrinas destacam também a importância de se cultivar o equilíbrio da mente.
3 | Aceitação da ordem natural – ou da vontade divina
O
estoicismo ensina a aceitar com serenidade a ordem da natureza, incluindo o
conjunto frio e objetivo dos fatos da vida que fogem ao nosso controle e que
simplesmente são como são, gostemos ou não deles. De maneira semelhante, o
catolicismo ensina os fiéis a enxergarem na ordem da natureza um indício da
sabedoria divina que supera a nossa capacidade de entendimento, aceitando os
desígnios de Deus com fé, ainda que frequentemente fujam à nossa compreensão e
nos exijam sacrifícios. As duas doutrinas incentivam os seus seguidores a focarem
naquilo que lhes cabe e está ao seu alcance, aceitando que o resto flui com
base na ordem natural – e, no caso católico, também na ordem sobrenatural.
4 | Responsabilidade moral
O
estoicismo ressalta a responsabilidade moral e a importância de agir com retidão
e justiça no cumprimento do próprio dever. No catolicismo, a responsabilidade
moral também ocupa uma dimensão central na vida cristã, em coerência com a
doutrina das virtudes teologais e cardeais. Assim, católicos e estoicos são
incentivados a buscar o bem, praticar a caridade e arcar com as
responsabilidades pelos próprios atos.
5 | Gratidão
O
estoicismo enfatiza a postura serena de receber os fatos da vida tais como são,
o que vale tanto para aceitar as adversidades quanto para apreciar as dádivas.
No catolicismo, isto se reflete na gratidão, entendida como uma atitude de
reconhecimento pelas graças de Deus. Ambas as doutrinas identificam uma
correlação entre o apreço pelas dádivas e o cultivo da paz interior.
6 | Desapego material e preferência pelo bem comum
O
estoicismo promove o desprendimento material e a busca pela virtude como fonte
da felicidade. O catolicismo também ensina o desapego dos bens transitórios e a
preponderância do bem comum sobre os bens individuais. Ambas as doutrinas,
portanto, incentivam a focar em valores mais elevados que a matéria.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://pt.aleteia.org/2023/08/03/6-convergencias-entre-o-estoicismo-e-o-catolicismo/
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