Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Luís Eugênio Sanábio e Souza
‘A teologia oferece a sua contribuição para que a fé se
torne comunicável. A teologia, que obedece ao impulso da verdade que tende a
comunicar-se, nasce também do amor e do seu dinamismo: no ato de fé, o homem
conhece a bondade de Deus e começa a amá-lo, mas o amor deseja conhecer sempre
melhor aquele a quem ama. Portanto, a fé procura compreender. Neste sentido,
Santo Agostinho pôde concluir : ‘eu creio para compreender e compreendo para
melhor crer’.
A
teologia católica reconhece a primazia da Palavra de Deus. Certa vez, o Papa
emérito Bento XVI disse : ‘São Tomás de Aquino, com uma longa tradição, diz que
na teologia Deus não é o objeto do qual falamos. Esta é a nossa concepção
normal. Na realidade, Deus não é o objeto; Deus é o sujeito da teologia. Quem
fala na teologia, o sujeito falante, deveria ser o próprio Deus. E o nosso
falar e pensar deveria servir apenas para que possa ser ouvido, para que o
falar de Deus, a Palavra de Deus possa encontrar espaço no mundo. Assim de
novo, somos convidados para este caminho da renúncia a palavras nossas; a este
caminho da purificação, para que as nossas palavras sejam só instrumento
mediante o qual Deus possa falar, e assim Deus seja realmente não objeto, mas
sujeito da teologia’ (Papa Bento XVI: homilia na concelebração eucarística com
os membros da Comissão Teológica Internacional em 06/10/2006). Para
explicar a cooperação humana com a graça divina, Santo Tomás de Aquino definiu
assim : ‘Credere est actus intellectus assentientis veritati divinae ex
imperio voluntatis a Deo motae per gratiam’ = ’Crer é um ato da
inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus
através da graça’. O Catecismo da Igreja Católica explica que ‘a fé é certa,
mais certa que qualquer conhecimento humano, porque se funda na própria Palavra
de Deus, que não pode mentir. Sem dúvida, as verdades reveladas podem parecer
obscuras à razão e à experiência humanas, mas ‘a certeza dada pela luz divina é
maior que a que é dada pela luz da razão natural’ (Santo Tomás de Aquino)
(Catecismo da Igreja Católica n° 157).
Dado
que o homem tende sempre a relacionar os seus conhecimentos uns com os outros,
também o conhecimento de Deus se organiza de modo sistemático. A verdade
revelada de Deus ao mesmo tempo exige e estimula a razão do crente. O diálogo
entre fé e razão, entre teologia e filosofia, é necessário não só à fé, mas
também à razão, como explicou São João Paulo II . É
necessário porque uma fé que rejeita ou despreza a razão arrisca cair na
superstição ou no fanatismo, enquanto uma razão que deliberadamente se fecha
para a fé, não alcançará a máxima possibilidade do que pode ser conhecido. A
reta razão demonstra os fundamentos da fé, e, iluminada pela luz desta última,
cultiva o entendimento das coisas divinas, enquanto a fé liberta e protege a
razão de erros e lhe proporciona conhecimentos numerosos. Pode-se dizer, com
toda certeza, que nenhuma filosofia de vida alcança a verdade plena sem a
religião, pois ‘só Deus satisfaz’ (São Tomás de Aquino). A razão precisa da fé.
‘A fé, dom de Deus, apesar de não se basear na razão, decerto não
pode existir sem ela; ao mesmo tempo, surge a necessidade de que a razão se
fortifique na fé, para descobrir os horizontes aos quais, sozinha, não poderia
chegar’ (Papa São João Paulo II : Encíclica Fides e ratio nº 67).
Um
critério da teologia católica é que ela tem a fé da Igreja como fonte, contexto
e norma. Crer é um ato pessoal e ao mesmo tempo eclesial. A fé da Igreja
precede, gera, suporta e nutre a fé do fiel católico. A Igreja é a Mãe de todos
os crentes. No longínquo século III, São Cipriano pôde dizer : ‘Ninguém pode
ter a Deus por Pai, se não tiver a Igreja por Mãe’.
O
teólogo é membro e filho da Igreja e portanto deve respeitar a função e as
diretrizes próprias do seu Magistério, isto é, do Papa e dos Bispos em comunhão
com ele. ‘O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou
transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja
autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, isto é, foi confiado aos bispos
em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma’ (Catecismo da Igreja
Católica n° 85 citando o Concílio Vaticano II: DV 10).
O
Magistério, por sua vez, conta com a colaboração dos teólogos.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-08/o-sentido-da-teologia.html
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