Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘Qual
o sentido em falar de Páscoa, ‘passagem’ para uma vida nova, em meio às
tantas contradições e divisões? Como falar de esperança, até mesmo contra toda
esperança, em meio à tanto medo e sofrimento?
Muitos
insistem em vincular o Deus da vida a um projeto de ódio e discriminação. Mas a
nossa esperança cristã tem um nome : Jesus
Cristo. E se fundamenta em um fato : sua ressurreição. Os
cristãos devem dar sempre ‘razão da esperança’ no meio de uma sociedade
desesperançada. O ‘princípio esperança’ dos discípulos missionários de
Jesus tem seu fundamento na própria esperança iniciada por ele. Nosso Deus não
é Deus dos mortos. É Deus dos vivos. A ressurreição de Jesus é a maior prova
disso. É a maior prova do amor do Pai para com o Filho.
Carlos
Mendoza-Álvarez, teólogo dominicano escreve na introdução do seu
livro A ressureição como antecipação messiânica : ‘Crer na
ressurreição será, em suma, insurreição de vida nova, praticada com
dignidade, resiliência e esperança pelas pessoas e comunidades sobreviventes de
hoje’. Crer na ressurreição é crer na vitória da vida sobre a morte.
Crer na ressureição é crer no Cristo que diz : ‘Eu sou a ressureição e a
vida’. Crer na ressurreição é colocar a vida em relevo. A Igreja
proclama, professa em seu Credo : ‘creio na ressurreição da carne
e na vida eterna’. Nós cremos na ressurreição! Nós cremos na vida!
Para
o teólogo Hans Urs von Balthasar, Jesus Cristo em sua missão e Ressureição,
caminha em direção contraria àquela das doutrinas filosóficas gregas sobre a
morte : ‘não se trata de se desapegar das coisas transitórias para buscar
refúgio em um Eterno, mas, ao contrário de lançar as sementes da eternidade nos
campos do mundo, deixando que o reino de Deus venha brotar nesses mesmos campos’.
É
interessante observar que as primeiras testemunhas da ressureição de Jesus
foram as mulheres. Por razões óbvias, pois elas que cuidaram de Jesus durante a
vida, souberam cuidar na morte. Essas mulheres, nos ensinam que quem permanece
cuidando até o fim, são as primeiras testemunhas do mistério da ressurreição.
O
crer, o testemunhar à ressureição, está vinculado ao saber cuidar. A
Páscoa é tempo de renovar esse valor ético, responsável por
manter e recriar a própria vida. É tempo de revisitarmos a
ética do cuidado se, desejamos continuar a existir neste Planeta
chamado Terra.
A
fé cristã, revela, ‘um Deus sensível ao coração’. Amar,
sem medo, ensina os evangelhos, porque a morte não é a última palavra, mas nos
integra e reúne, para toda a eternidade...
Todos
os dias Jesus morre crucificado devido nosso egocentrismo e ressuscita no saber
cuidar de homens e mulheres generosos e solidários. A ressureição de Jesus de
Nazaré abre um futuro de vida plena, plena vida para toda a humanidade. Sua
ressurreição é o fundamento e a garantia da nossa ressurreição.
A
fome, as guerras, os genocídios e os terrorismos já não tem a última palavra :
A vida ressurge dos escombros da morte. Jesus, o Vivente está no meio, no
coração da comunidade cristã e diz para cada um de nós : ‘Coragem! Eu
venci a morte.’’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://domtotal.com/noticia/1574668/2022/04/crer-na-ressureicao/
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