Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Alessandro Gisotti
‘Às
vezes são os pequeninos que têm o maior amor e coragem. Do evento festivo na
Praça São Pedro que viu o Papa Francisco encontrar uma multidão de adolescentes
italianos, o testemunho de Mattia Piccoli, de 12 anos, que há alguns anos se
tornou o anjo da guarda de seu pai que sofria da doença de Alzheimer,
permanecerá na memória de todos. Em dezembro do ano passado, Mattia recebeu do presidente
Sergio Mattarella a ilustre honra de Alferes da República Italiana. ‘Pelo
amor e cuidado com que ele acompanha a doença de seu pai diariamente e o ajuda
a combatê-la’, lê-se na motivação do Quirinale. Na segunda-feira do Anjo
(18/04), Mattia testemunhou esse amor e cuidado com a espontaneidade de um
adolescente que teve que ‘crescer’ rapidamente para ajudar seu pai
Paolo. ‘Eu nunca fiz nada de má vontade ou por obrigação’, disse ele,
enquanto o Papa e os adolescentes o ouviam com atenção e emoção. ‘Eu queria
ajudar meu pai como um ato de amor, pensando em tudo o que ele tinha feito por
mim’. Mattia disse que quando criança ele só pensava em brincar, mas de
repente ele começou a notar que seu pai não parecia mais ser ele, parecia
diferente e às vezes se esquecia de fazer as ações mais importantes, como
pegá-lo na escola.
‘Eu
simplesmente não entendia o que estava acontecendo com meu pai’,
confidenciou, ‘mas em 19 de dezembro de 2016, recebemos a notícia que
mudaria a vida da minha família : meu pai foi diagnosticado com Alzheimer
precoce’. Uma doença devastadora, que parece quase esquiva porque paralisa
a mente e os sentimentos de forma ‘misteriosa’, levando a pessoa afetada
pela doença a uma dimensão de estranheza mesmo em relação aos afetos e recordações
mais queridas. Uma doença que muitas vezes lança famílias, nas quais irrompe,
num estado de solidão. Mas mesmo o Alzheimer não foi capaz de afastar um pai do
filho que, com amor criativo e teimosia, o mantém perto dele, não o deixa ir. ‘A
partir daquele dia’, disse Mattia, ‘minha tarefa, sem ajuda externa, era
ajudar meu pai nas coisas diárias que ele não podia mais fazer sozinho, como
tomar banho, amarrar os sapatos ou dar-lhe conforto quando não sabia onde
estava’. O filho, portanto, protege o pai. Ajuda-o a dar passos incertos no
caminho da vida, assim como seu pai havia feito com ele apenas alguns anos
antes. Há alguns meses concluímos a celebração do ano especial dedicado a São
José, testemunha e exemplo de paternidade. Nesta história extraordinária, é
como se esse menino tivesse assumido as qualidades distintivas da paternidade,
coragem, ternura e acolhimento, para proteger e encorajar seu próprio
pai. Patris Corde torna-se assim Filii Corde.
Onde,
pode-se perguntar com razão, um garoto encontrou essa força, todo esse amor
para enfrentar uma provação maior que ele? ‘Esta força’, disse ele no
encontro de segunda-feira, ‘me vem graças à minha família : à coragem da
minha mãe, ao apoio do meu irmão e até mesmo do meu grande pai que sempre
ajudou as pessoas e me ensinou o valor da solidariedade. A fé cristã também me
ajuda muitas vezes quando estou triste e pra baixo, porque sinto muita falta do
pai que eu tinha antes’. Mattia lembrou quando todos se reuniram na igreja
para acender uma vela, confiando que seus pedidos fossem atendidos ou como seu
pai ficava feliz quando cantava com o coral da paróquia. Uma história que, com
o imediatismo de uma experiência vivida intensamente, tocou o coração de quem a
ouviu. Em poucas palavras, em poucos minutos, o pequeno Mattia ofereceu assim
um grande dom : testemunhou que o amor de um filho, a unidade de uma
família e a solidariedade de uma comunidade de fé podem ajudar a suportar todas
as provações.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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