segunda-feira, 31 de maio de 2021

Como saber se você está sendo orientado(a) pelo Espírito Santo

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Philip Kosloski,

escritor e designer gráfico


‘Nós sempre pedimos a orientação do Espírito Santo, em vários momentos da nossa vida, especialmente quando precisamos tomar uma decisão importante.

No entanto, às vezes nos frustramos, pois o Espírito Santo nem sempre nos dá uma orientação audível.

Mas como reconhecer a voz do Espírito Santo?

1. Reveja o estado da sua alma

Santo Inácio de Loyola fala sobre discernimento em seus Exercícios Espirituais, e observa que é importante compreender o estado de nossa alma antes de podermos reconhecer a voz de Deus.

Por exemplo, Inácio escreve que se a alma está se movendo de ‘bom para melhor’, o Espírito Santo pode nos cutucar ‘docemente’, com sentimentos de paz.

Por outro lado, se nossa alma está indo de ‘mal a pior’, então o oposto é verdadeiro. Neste caso, o Espírito pode parecer penetrante, tentando nos empurrar de volta na direção certa.

Precisamos ser honestos conosco e entender se estamos seguindo os mandamentos de Deus ou nos afastando deles.

2. Sentimentos de paz

Em geral, se estamos nos esforçando para nos aproximar de Deus, ele nos falará no silêncio de nossos corações com paz e alegria. Provavelmente não será na forma de um terremoto, relâmpago ou chamas de fogo, mas como Elias ouviu, em ‘voz mansa e delicada’.

Ao contemplar uma decisão que estamos prestes a tomar, se nosso coração estiver em paz, então o Espírito pode estar nos movendo nessa direção.

Se nosso coração estiver ansioso, isso pode ser um sinal de que o Espírito quer que reconsideremos nossa situação.

Nunca pare de invocar o Espírito Santo e abrir seu coração para qualquer coisa que ele tenha a lhe dizer.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/05/31/como-saber-se-voce-esta-sendo-orientadoa-pelo-espirito-santo/

domingo, 30 de maio de 2021

Testemunhos Patrísticos sobre a Santíssima Trindade

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo da seção 'Pais da Igreja' (Ecclesia)


‘As citações seguintes testemunham o que os primeiros cristãos pensavam sobre a fé na Santíssima Trindade.

«No que diz respeito ao Batismo, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não houver água corrente, batizai em outra água; se não puder batizar em água fria, façai com água quente. Na falta de uma ou outra, derramai três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»

(Autor desconhecido, ano 90, Didaqué 7,1-3).

«Um Deus, um Cristo, um Espírito de graça»

(Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios 46,6).

«Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito Santo»

(Clemente de Roma, ano 96, Carta aos Coríntios 58,2).

«Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado para o alto pelo guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o Espírito Santo como corda».

(Inácio de Antioquia, ano 107, Carta aos Efésios 9,1).

«Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteral a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual.»

(Inácio de Antioquia, ano 107, Carta aos Magnésios 13,1-2).

«Que não somos ateus, quem estiver em são juízo não o dirá, pois cultuamos o Criador deste universo, do qual dizemos, conforme nos ensinaram, que não tem necessidade de sangue, libações ou incenso. [...] Em seguida, demonstramos que, com razão, honramos também Jesus Cristo, que foi nosso Mestre nessas coisas e para isso nasceu, o mesmo que foi crucificado sob Pôncio Pilatos, procurador na Judéia no tempo de Tibério César. Aprendemos que ele é o Filho do próprio Deus verdadeiro, e o colocamos em segundo lugar, assim como o Espírito profético, que pomos no terceiro. De fato, tacham-nos de loucos, dizendo que damos o segundo lugar a um homem crucificado, depois do Deus imutável, aquele que existe desde sempre e criou o universo. É que ignoram o mistério que existe nisso e, por isso, vos exortamos que presteis atenção quando o expomos.»

(Justino Mártir, ano 151, I Apologia 13,1.3-6).

«Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos.»

(Justino Mártir, ano 151, I Apologia 61).

«Eu te louvo, Deus da Verdade, te bendigo, te glorifico por teu Filho Jesus Cristo, nosso eterno e Sumo Sacerdote no céu; por Ele, com Ele e o Espírito Santo, glória seja dada a ti, agora e nos séculos futuros! Amém.»

(Policarpo, ano 156, Martírio de Policarpo 14,1-3).

«De fato, reconhecemos também um Filho de Deus. E que ninguém considere ridículo que, para mim, Deus tenha um Filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiavam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são em nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o Pai e o Filho um só. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por unidade e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos ocorre perguntar o que quer dizer ‘Filho’, eu o direi livremente : o Filho é o primeiro broto do Pai, não como feito, pois desde o princípio Deus, que é inteligência eterna, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como procedendo de Deus, quando todas as coisas materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas idéia e operação».

(Atenágoras de Atenas, ano 177, Súplica pelos Cristãos, 10,2-4).

«Como não se admiraria alguém de ouvir chamar ateus os que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e o Espírito Santo, ensinando que o seu poder é único e que sua distinção é apenas distinção de ordens?»

(Atenágoras de Atenas, ano 177, Súplica pelos Cristãos 10).

‘Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade : de Deus [=Pai], de seu Verbo [=Filho] e de sua Sabedoria [=Espírito Santo]’

(Teófilo de Antioquia, ano 181, Segundo Livro a Autólico 15,3).

«Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus...»

(Ireneu de Lião, ano 189, Contra as Heresias I,10,1).

«Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto dele antes de toda a criação».

(Ireneu de Lião, ano 189, Contra as Heresias IV,20,4).

«Foi estabelecida a lei de batizar e prescrita a fórmula : 'Ide, ensinai os povos batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo'».

(Tertuliano, ano 210, Do Batismo 13).

«Cremos... em um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que há no céu e na terra. [...] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o qual falou pelos Profetas».

(1º Concílio de Nicéia, ano 325, Credo de Nicéia).

Outras fontes :

Tertuliano : (ano 216) Contra Praxéas 2; 9; 25.

Orígenes : (ano 225) Doutrinas Fundamentais IV,4,1.

Hipólito de Roma : (ano 228) Refutação de Todas as Heresias 10,29.

Novaciano : (ano 235) Tratado sobre a Trindade 11.

Papa Dionísio : (ano 262) Carta a Dionísio de Alexandria 1; 2; 3.

Gregório Taumaturgo : (ano 265) Declaração de Fé.

Sechnall de Irlanda : (ano 444) Hino a São Patrício 22.

Patrício : (ano 447) O Peitoral de São Patrício 1; (ano 452) Confissão de São Patrício 4.


As citações seguintes testemunham o que os primeiros cristãos pensavam sobre a existência de um Deus em Três Pessoas.

‘E mais, meus irmãos : se o Senhor [Jesus] suportou sofrer por nós, embora fosse o Senhor do mundo inteiro, a quem Deus disse desde a criação do mundo : 'façamos o homem à nossa imagem e semelhança', como pode ele suportar sofrer pela mão dos homens?’

(Autor desconhecido, ano 74, Carta de Barnabé 5,5).

«Por isso vos peço que estejais dispostos a fazer todas as coisas na concórdia de Deus, sob a presidência do bispo, que ocupa o lugar de Deus, dos presbíteros, que representam o colégio dos apóstolos, e dos diáconos, que são muito caros para mim, aos quais foi confiado o serviço de Jesus Cristo, que antes dos séculos estava junto do Pai e por fim se manifestou. [...] Correi todos juntos como ao único templo de Deus, ao redor do único altar, em torno do único Jesus Cristo, que saiu do único Pai e que era único em si e para ele voltou. [...] Existe um só Deus, que se manifestou por meio de Jesus Cristo seu Filho, que é o seu Verbo saído do silêncio, e que em todas as coisas se tornou agradável àquele que o tinha enviado».

(Inácio de Antioquia, ano 110, Carta aos Magnésios 6,1; 7,2; 8,2).

«Amigos, foi do mesmo modo que a Palavra de Deus se expressou pela boca de Moisés ao indicar-nos que o Deus que se manifestou a nós falou a mesma coisa na criação do homem, dizendo estas palavras : 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança'. [...] Citar-vos-ei agora outras palavras do mesmo Moisés. Através delas, sem nenhuma discussão possível, temos de reconhecer que Deus conversou com alguém que era numericamente distinto e igualmente racional. [...] Mas esse gerado, emitido realmente pelo Pai, estava com ele antes de todas as criaturas e com ele o Pai conversa, como nos manifestou a palavra por meio de Salomão».

(Justino Mártir, ano 155, Diálogo com o Judeu Trifão 62,1-2.4).

«Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo eterno e celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja dada glória a ti, com Ele e o Espírito, agora e pelos séculos futuros. Amém».

(Policarpo de Esmirna, ano 155, Martírio de Policarpo 14,3).

«[O Pai] enviou o Verbo como graça, para que se manifestasse ao mundo. [...] Desde o princípio, ele apareceu como novo e era antigo, e agora sempre se torna novo nos corações dos fiéis. Ele é desde sempre, e hoje é reconhecido como Filho».

(Quadrato, ano 160, Carta a Diogneto 11,3-4).

«Portanto, não foram os anjos que nos plasmaram - os anjos não poderiam fazer uma imagem de Deus - nem outro qualquer que não fosse o Deus verdadeiro, nem uma Potência que estivesse afastada do Pai de todas as coisas. Nem Deus precisava deles para fazer o que em si mesmo já tinha decretado fazer, como se ele não tivesse suas próprias mãos! Desde sempre, de fato, ele tem junto de si o Verbo e a Sabedoria, o Filho e o Espírito. É por meio deles e neles que fez todas as coisas, soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige quando diz : 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança'».

(Ireneu de Lião, ano 189, Contra as Heresias IV,20,1).

«Anatematizamos todos aqueles que seguem o erro de Sabélio, os quais dizem que o Pai e o Filho são a mesma Pessoa».

(Concílio de Roma, ano 382, Tomo do Papa Dâmaso, cânon 2).

Outras fontes :

Hermas : (ano 80) O Pastor 12.

Tertuliano : (ano 216) Contra Praxéas 2,3-4; 9,1.

Hipólito de Roma : (ano 228) Refutação de Todas as Heresias 9,7.

Novaciano : (ano 235) Tratado sobre a Trindade 26.

Papa Dionísio : (ano 262) Cartas ao Bispo Dionísio de Alexandria 1,1.

Gregório Taumaturgo : (ano 262) Confissão de Fé 8; 14.

Metódio : (ano 305) Prece ao Salmo 5.

Atanásio : (ano 359) Cartas a Serapião 1,28; (ano 360) Discurso contra os Arianos 3,4.

Fulgêncio de Ruspe : (ano 513) A Trindade 4,1.’

 

Fonte : *Artigo na íntegra http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/testemunhos_patristicos_sobre_santissima_trindade.html

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Charles de Foucauld: o irmão universal

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Francisco Tallys Rodrigues


‘Na dinâmica da boa-nova do Reino de Deus anunciado por Jesus, aqueles que acolheram sua proposta deverão se distinguir pela capacidade de amar, de renunciar aos próprios interesses e viver a fraternidade numa comunidade de irmãos e irmãs. Por conseguinte, a simplicidade emerge como característica inerente àquele que tornou o bem-amado Jesus, o centro e sentido de sua vida. Nesta esteira, Charles de Foucauld apresenta-se como testemunho da radicalidade e acolhida evangélica expressos na simplicidade e cuidado com o próximo.

Charles de Foucauld era originário de uma família abastada da França, tendo acesso às melhores possibilidades oferecidas pelos bens materiais. Faltava-lhe, entretanto, uma razão/sentido pela qual gastar a vida, engajar as suas melhores energias. Seguindo o caminho de seu avô, ele entra no exército e destaca-se, desde o início, por sua enorme capacidade intelectual.  A experiência da expedição francesa no norte da África, no contato com os mulçumanos, aprofunda o seu desejo por buscar o sentido para a sua vida. De volta a França, a confissão diante do padre Huvelin marca um momento de virada em sua vida. Descobre a existência de um Deus que o ama e pelo qual deveria viver. Diante disso, torna-se necessário abandonar qualquer conforto, luxo ou riqueza para dedicar-se a Jesus.

Tem início um longo itinerário de busca por um seguimento mais radical do evangelho. A austeridade vivida no exército abre caminhos para a busca de uma vida mais simples, despojada, mas ainda pequena, insuficiente diante do evangelho. Peregrina até a Terra Santa, passando por mosteiros e congregações no desejo de viver mais semelhante a Jesus, por ele chamado de Bem-amado. A experiência em Nazaré o marca profundamente. Ele se impressiona com a pobreza e simplicidade do local onde morava Jesus. Como o Bem-amado poderia ter vivido tanto tempo num lugar tão simples?

A experiência em Nazaré o faz compreender que é preciso tornar a vida mais simples, mais despojada e aberta ao próximo. É necessário, como Jesus, ocupar o último lugar, aquele espaço que ninguém deseja, que ninguém quer. Passa-se da riqueza e do acesso aos bens para a pobreza e a simplicidade evangélica. Não é preciso estar em Nazaré para viver como Jesus. Cada espaço pode tornar-se uma nova Nazaré : espaço de oração, acolhida, simplicidade e fraternidade.

Charles torna-se padre a fim de anunciar o Evangelho a todos os povos. Procura os locais mais escondidos e necessitados. Encontra Tamanrasset, um vilarejo de mulçumanos, esquecido em meio ao deserto do Saara. Torna aquele espaço a sua morada. A casa de Charles é local de acolhida e descanso de viajantes, peregrinos e pessoas necessitadas. Todos podem entrar e sair, encontrando acolhida na casinha de Nazaré.

A simplicidade de vida experimentada em Tamanrasset permite que Charles estabeleça um diálogo fecundo com o Islã. Diálogo que não se prende a questões teóricas, mas que se experimenta na concretude da vida, nos gestos, palavras e partilhas vividos. Procura ajudar a todos em suas necessidades, fazendo-se presente na vida do povo, dividindo seu tempo entre orações, trabalhos, acolhida e vivência com os moradores. Entretanto, durante um longo período de seca, será a vez de Charles receber ajuda ao invés de oferecê-la. Doente e à beira da morte, os seus amigos mulçumanos andam mais de quarenta quilômetros para encontrar leite suficiente a fim de que Charles possa ter suas forças reestabelecidas. Ele se estabeleceu em Tamanrasset com a finalidade de salvar aquele povo por meio do anúncio do Evangelho, agora eram eles que o salvavam da morte. Enfim, a simplicidade permite ultrapassar barreiras religiosas, étnicas e culturais a fim de garantir a vida.

A vida do irmão de Nazaré ensina que cada um deverá fazer o melhor que pode em cada ação que realiza por menor que seja. As pequenas atitudes vividas com sabedoria e simplicidade podem transformar pessoas, famílias e comunidades. Mais do que nunca se torna necessário insistir na vivência da fraternidade que se expressa na escuta atenta a cada pessoa. Viver uma vida simples numa fraternidade procurando acolher o outro que necessita de escuta e atenção, estando atento às suas necessidades. Charles tinha o sonho de que todos pudessem entender-se como responsáveis pelo anúncio do evangelho por meio do testemunho de vida. Para ele, o ponto de convergência era o batismo. Todos são convidados a responder este chamado onde quer que se encontrem : padres, irmãs/irmãos, leigos, animadores.

Charles morreu em 1916, vítima de um conflito entre grupos rivais no entorno de Tamanrasset. Morreu inocente e vítima como tantos e tantas outras num século marcado por guerras e agitações. Porém, mesmo antes de sua canonização, o seu testemunho tem alimentado e animado batizados e batizadas na vivência do Evangelho. As fraternidades, congregações e institutos nele inspirados, procuram tornar cada lugar um espaço de acolhida e fraternidade, assumindo a vida oculta de Nazaré, isto é, dando testemunho da boa-nova do Reino Deus numa vida simples e austera juntos aos sofredores e esquecidos. Oxalá possamos assumir a mesma paixão que animou a vida do irmãozinho de Nazaré e repetir, como ele, na oração do abandono : ‘Meu Pai a vós me abandono : fazei de mim o que quiserdes! ... Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas...

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1518294/2021/05/charles-de-foucauld-o-irmao-universal/ 

terça-feira, 25 de maio de 2021

Fé, Esperança e Caridade: a bela história das 3 filhas de Santa Sofia

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Alienor Goudet


‘Não houve adversários mais cruéis para os cristãos do que aqueles dos primeiros séculos. Naquela época, as terras do Império Romano eram mais regadas com sangue do que com água. Quem se dedicava a Cristo corria o risco de sofrer e morrer. Mas nesta escuridão, o brilho da fé de Santa Sofia e de suas filhas (Fé, Esperança e Caridade) se destacou.

No ano de 137, quando os cristãos de Roma fugiam dos soldados do imperador, um boato se espalhou pela cidade. Uma viúva de Milão passava seus dias nas áreas pobres da cidade cuidando mais necessitados.

Com a ajuda de suas três filhas, a viúva chamada Sofia alimentava, cuidava dos pobres e os confortava. Sua gentileza a tornou apreciada por todos. O mesmo vale para suas filhas, tão generosas e prestativas quanto a mãe.

Mas dizem que, ao cair da noite, Sofia fugia para as prisões da cidade. Ela comprava os guardas e visitava os prisioneiros cristãos. Ela orava com eles e os abençoava, lembrando-os da promessa do reino vindouro.

Muitos cristãos passavam por sua provação com os corações iluminados pelas palavras de Sofia. Tão virtuosas quanto ela, Pistis (Fé), Elipis (Esperança) e Agape (Caridade) sempre a seguiam. Mas Sofia e suas filhas sabiam que não poderiam ser fiéis a Cristo fugindo para sempre.

A lenda do martírio

Elas serviam incessantemente a seus irmãos. A chama da fé cristã era reacesa a cada uma de suas orações. Roma não podia ignorar este fogo brilhante que aquecia o coração dos cristãos. Mas Sofia e suas filhas foram presas e levadas à justiça perante o próprio Imperador Adriano. Entretanto diante da beleza e da simplicidade das rés, os juízes ficaram transtornados. Elas seriam, então, soltas sem punição se renunciassem a Cristo. Sem medo, Sofia respondeu que não iria trair o filho de Deus.

O martírio de Fé, Esperança e Caridade

As três meninas foram questionadas separadamente, a fim de usar sua juventude. À Fé, a mais velha, de 12 anos, ofereceram-se belos presentes. Mas ela os rejeitou com desdém. Um carrasco a chicoteou e depois cortou seus seios, antes de mergulhá-la em óleo fervente. Mas a pureza de sua alma não deixou que nenhuma dor a afetasse.

Os torturadores fizeram as mesmas promessas à Esperança, de 10 anos, e a ameaçaram com o destino de sua irmã. Sem hesitar, ela escolheu seguir a irmã mais velha. Ela também não sentiu as chamas queimando-a ou os ganchos rasgando sua carne. 

Caridade, a mais nova, de 9 anos, foi decapitada.

O coração de Sofia, que assistiu a tudo, se dividiu entre a dor de uma mãe que perdeu suas filhas e a alegria de saber que elas estavam perto de Cristo. Porque elas não desistiram de sua pureza. Por crueldade, ela foi autorizada a enterrar os restos mortais de suas filhas, mas foi morta no mesmo local do enterro.

Uma devoção tenaz ao longo dos séculos

 A história confirma a existência e o martírio das quatro santas, mas os detalhes deste último são difíceis de verificar. A lenda da tortura testemunha da mesma forma o impacto que essas santas tiveram sobre a população cristã da época. Essa devoção era particularmente notável em Bizâncio e no mundo eslavo.

Os nomes das quatro santas também fornecem uma boa metáfora. A sabedoria gera e guia a fé, a esperança e a caridade, as três virtudes teologais que todo cristão deve seguir e aplicar.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/05/25/fe-esperanca-e-caridade-a-bela-historia-das-3-filhas-de-santa-sofia/

domingo, 23 de maio de 2021

Fui expulso do seminário por ser muito negro. Mas Deus não me deixou ir!

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo do padre Bruce Wilkinson, ordenado na arquidiocese de Atlanta, é sacerdote católico há 40 anos. Depois de servir como pároco por 33 anos, agora se aposentou para seguir suas outras paixões de toda a vida : ser um astrônomo amador e viajar de trem. @padreInAtlanta


‘Eu não cresci em um lar religioso e meus pais não fizeram parte do meu processo de discernimento. Frequentei o Morehouse College e descobri a fé católica por meio de amigos e de uma inspiradora comunidade paroquial. Decidi ser batizado católico e, eventualmente, ser padre.

Você não sabe no que está se metendo’, advertiu meu pai. ‘Você não está entendendo como a Igreja Católica é realmente’. Eu não sabia na época, mas meu pai teve algumas experiências com vários católicos que nutriam o racismo. Ele me disse que se eu realmente quisesse entrar no ministério sacerdotal, devia tentar como pastor batista.

Mas eu segui meu chamado para o seminário. Quando cheguei para minha orientação vocacional, uma coisa ficou imediatamente clara : entre centenas de vocacionados, eu era a única pessoa negra.

Tive colegas de classe maravilhosos no seminário, mas também havia vários seminaristas que eram abertamente hostis comigo. Quando voltei das férias de Natal, entrei no meu quarto e havia uma cruz queimando na minha mesa. Desnecessário dizer que foi muito perturbador.

Fui falar com um padre da administração do seminário sobre o que havia acontecido, e a primeira coisa que me disse foi : ‘O que você fez?’. Ele insistiu que ninguém teria queimado uma cruz em meu quarto sem motivo, então eu devia ser culpado, pelo menos de alguma forma.

Talvez seja porque não gostarem de negros’, sugeri. O padre desconsiderou o que eu disse e continuou cavando para descobrir o que devia ter feito para merecer tal perturbação.

No começo, estava convencido de que acabei falando com o padre errado. Alguém na administração seria mais compreensivo, eu tinha certeza. Mas todos com quem conversei tinham a mesma preocupação : não podemos fazer disso um grande problema porque não parece bom.

Não parecia bom, porque não era bom.

Passe despercebido! Fique quieto! Não diga nada! Isso foi o que me disseram. As pessoas me diziam que estava criando uma má reputação para mim mesmo, porque estava falando sobre coisas que outras pessoas do seminário não queriam discutir.

Como a hostilidade e a omissão continuaram, não recebi nenhum apoio. Tentei perseverar, mas meus dias ficaram marcados pela humilhação e pela dor.

Fui para minha casa em Chicago para trabalhar naquele verão. Quando o intervalo de férias chegou ao fim, recebi uma ligação preocupante de meu diretor vocacional perguntando por que não tinha voltado para o seminário.

Eu me sentia perturbado. Disse a ele que, é claro, planejava voltar e perguntei o que o motivou a fazer tal pergunta. Segundo o padre, o seminário havia dito que meu nome não constava da lista. Sabendo que algo estava muito errado, mas incapaz de descobrir o que era, liguei diretamente para o seminário. Quando falei com o vice-reitor, que era um homem gentil e solidário, inicialmente pareceu tão surpreso quanto eu. Garantindo que devia haver algum engano, pediu-me para esperar enquanto esclarecia a situação.

Quando voltou ao telefone alguns minutos depois, seu tom mudou. Ele me disse com urgência que eu precisava ir ao seminário pessoalmente o mais rápido possível. Pressionei para obter detalhes, mas foi tudo o que ele me disse.

Como eu não tinha carro próprio, precisava envolver meus pais se quisesse fazer a viagem de oito horas até o seminário e descobrir o que estava errado. Sabia que eles não ficariam entusiasmados com a longa viagem, especialmente porque, de qualquer maneira, nunca gostaram da ideia de eu frequentar o seminário. Disse a eles que precisava ir, mas não expliquei completamente por quê. Eles ficaram confusos, mas para minha surpresa, concordaram sem muito barulho.

Depois de várias horas no carro, chegamos ao seminário e me sentei com o reitor. Eu disse ao padre quão confuso foi meu telefonema com meu diretor vocacional e depois com o vice-reitor. Eu disse a ele que havia feito todos os arranjos adequados. Disse ao padre que havia dirigido todo aquele caminho só porque queria descobrir o que estava acontecendo.

O diretor sugeriu que eu não tinha preenchido a papelada necessária. Claro, eu sabia que sim. Eu até tinha sido designado para um quarto específico e coloquei todos os meus pertences lá. ‘Há algo que você não está me dizendo’, disse, procurando por alguma pista sobre a verdade.

Finalmente, o padre me disse que o seminário não queria que eu voltasse. Quando o ouvi dizer isso, fiquei chocado. Ele passou a me acusar de sempre trazer à tona coisas que lembram as pessoas que eu sou negro.

Você olha para mim e sabe que sou negro. Não há necessidade de lembrar a ninguém’, respondi.

O reitor manteve a calma e disse que a situação era simplesmente algo que o seminário não queria resolver e que a decisão já havia sido tomada.

Deixe-me ter certeza de que entendi isso’, gaguejei lentamente. ‘Você está me dizendo que não posso vir aqui, e o único motivo é que eu sou negro. Não porque eu quebrei alguma regra. Não porque eu tenha violado qualquer doutrina da Igreja. Não porque eu não tenho uma diocese que paga pelos meus gastos. Só porque eu sou negro’.

Estou lhe dizendo que você não se encaixa aqui’, respondeu imediatamente. ‘Você deixa as pessoas desconfortáveis porque você é negro’.

Eu odiava o que estava ouvindo, mas me contive. Nós dois nos levantamos. Ele se afastou de mim, não apertou minha mão.

Completamente abatido e em estado de choque, fui até a recepção e pedi para entrar em meu quarto para poder pegar minhas coisas. Coloquei tudo em um carrinho e saí pela porta.

Quando meus pais me viram empurrando um carrinho em direção ao carro, seus rostos continham muitos sentimentos : confusão, frustração, preocupação e raiva. Quando eles começaram a me perguntar o que estava acontecendo, implorei que esperassem até que eu pudesse colocar minhas coisas no carro. Eu só queria ir embora, para ficar bem longe dali. Finalmente, eles disseram que não sairíamos daquele local até que eu me explicasse.

Fui expulso’. Disse a eles, isso foi o que aconteceu.

Meu pai ficou louco. ‘Isso é o que eu disse sobre se envolver com a Igreja Católica. Olhe para você. Você arruinou sua vida. Você poderia ter uma carreira promissora. Agora olhe para você, levando seus pertences para fora do seminário, forçado a ir para casa’.

Foi um dos momentos mais dolorosos que já experimentei. A viagem de oito horas que se seguiu foi um sofrimento. Minha mãe não falava muito, mas meu pai continuou falando. Fiquei pensando que ele estava certo. Ele tinha me avisado antes, e agora eu sabia que estava certo.

Quando finalmente chegamos em casa em Chicago, eu não conseguia mais ouvi-lo. Eu fui caminhar rapidamente e apenas andei indo a lugar nenhum em particular e tentando desesperadamente limpar minha cabeça.

Parei de ir à missa diária. Perguntei para mim mesmo se ainda poderia ser católico, e ainda continuar no caminho do sacerdócio em outro lugar. Senti-me magoado e sozinho.

Depois de superar um pouco da minha raiva e tristeza na reflexão e na oração, porém, percebi algo importante : eu não ia permitir que o ódio das outras pessoas controlasse minha vida.

É claro que, quando expressei isso a meu pai, ele não ficou nada satisfeito. ‘Não entendo o que há de errado com você’, disse. ‘Você deveria parar agora, saia enquanto pode’.

Eu realmente acredito que o Espírito Santo estava me movendo quando eu disse : ‘Pai, não posso. Eu simplesmente não posso parar’.

Eu sei que, eventualmente, meu pai foi capaz de ver isso também. Anos mais tarde, depois que fui ordenado, ele viu o trabalho que estava fazendo e meu compromisso com a vocação. ‘Eu era contra você fazer isso’, falou um dia. ‘Mas vejo agora que isso te deixa feliz. E o que você está fazendo é deixar outras pessoas felizes. Portanto, saiba que estou orgulhoso de você’.

Meu pai se esforçou para entender as escolhas que minha fé me levou a fazer, mas com o tempo, nós dois sabíamos a verdade : eu não podia deixar de estar apaixonado por Deus, e Deus não me largaria nunca.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1517350/2021/05/fui-expulso-do-seminario-por-ser-muito-negro-mas-deus-nao-me-deixou-ir/

sábado, 22 de maio de 2021

O que é o dia de Pentecostes? Qual é seu significado?

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo da Respostas Bíblicas


‘O Pentecostes foi o dia em que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos pela primeira vez. Antes disso, o Pentecostes era uma festa judaica instituída por Deus, para celebrar a colheita. O Pentecostes era comemorado 50 dias depois da Páscoa.

Origem do Dia de Pentecostes

A Festa que chamamos de ‘Pentecostes’ (quinquagésimo dia, em grego) teve início quando o povo de Israel estava prestes a sair do Egito. Na noite de sua partida, Deus orientou que celebrassem a ‘Pessach’ - Páscoa (passagem em hebraico), marcando suas portas com o sangue do cordeiro.

Assim o anjo ‘passaria’ e pouparia os filhos primogênitos dos hebreus. Essa foi a primeira Páscoa dos filhos de Israel. Deus ordenou que essa festa se repetisse anualmente relembrando a saída e libertação de Israel escravidão no Egito.

Cinquenta dias depois do êxodo, os israelitas chegaram ao monte Sinai. Ali, Deus lhes deu a Lei por intermédio de Moisés e ordenou que observassem os seus mandamentos e comemorassem aquele dia também anualmente. Esse foi o primeiro Pentecostes e deveria ser lembrado como o dia da promulgação da Lei de Deus.

A Páscoa cristã nasceu com a ressurreição de Cristo, o Cordeiro de Deus, que nos liberta da escravidão do pecado. Cinquenta dias depois, aconteceu o dia de Pentecostes - o Espírito Santo veio de acordo com a promessa de Cristo, e deu-nos uma nova lei. Não mais escrita em tábuas de pedras, mas, em corações humanos. Essa é a comemoração do dia de Pentecostes para os cristãos hoje.

O presente do Espírito Santo

A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes (narrada em Atos 2) confirmou a realidade da presença, poder e comunhão de Deus com o seu povo. Ele prometeu estar juntos daqueles que creem e isso acontece através da pessoa do Espírito Santo. Cinquenta dias depois da ressurreição de Jesus Cristo, o Espírito de Deus veio habitar nos crentes :

E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. João 14:16,17

No Pentecostes houve o cumprimento da promessa de Jesus, que não deixaria seus seguidores sozinhos (João 15:26). Além dessa, outras profecias do Antigo Testamento foram cumpridas com a vinda do Espírito Santo (Joel 2:28-29), (Isaías 44:3), (Ezequiel 39:29). Através desse maravilhoso cumprimento, o dia de Pentecostes deu prova inquestionável:

  • Da verdade das promessas de Deus - profecias do Antigo e Novo Testamentos
  • Da realidade do Evangelho e da missão de Cristo - O Espírito Santo é quem os faria lembrar das palavras de Cristo e revelaria o significado da Sua mensagem (João 14:26).
  • Convence aos pecadores do pecado, do juízo e da justiça de Deus (João 16:8)
  • Da verdade de Cristo aos corações dos salvos - O Espírito testifica ao nosso coração hoje que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que somos filhos de Deus (Romanos 8:16).

A descida do Espírito

Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Atos 2:1-4

As circunstâncias relacionadas ao evento são bastante significativos :

Tempo - Dia de Pentecostes

Início da festa da Colheita, simbolizando a inauguração das muitas colheitas que viriam por meio da atuação da Palavra da fé e ação do Espírito de Deus. Cristo semeou Sua vida na Páscoa e agora a colheita dos frutos viria através do Seu Santo Espírito.

Estado - União dos cristãos

Estavam todos reunidos num só lugar. Apesar das diferenças, os crentes podem estar em acordo no que é essencial, vivendo o amor fraternal. Os cristãos hoje não podem estar todos juntos num só lugar, mas podem ter o mesmo espírito, a mesma fé, o mesmo amor (Efésios 4:5), sem preconceitos, partidarismo e divisões.

‘De repente’ - tempo de Deus

Deus está trabalhando nos corações e agindo em todo tempo, apesar de não parecer para os expectadores que seja assim. O Espírito de Deus está secretamente atuando vivamente através da Palavra de Cristo, repentinamente, coisas maravilhosas e surpreendentes acontecem.

Um ‘som do céu’ - vento muito forte

A semelhança do som com o vento é muito sugestiva nesta ocasião. Provavelmente os discípulos devem ter se lembrado de quando Jesus lhes disse ‘O vento sopra onde quer...’ João 3:8. Os que são nascidos de Deus precisam nascer da água (batismo) e do Espírito (João 3:5). Outras ocorrências do vento que vivifica com o espírito aparecem em Gênesis e Ezequiel. Deus soprou e o homem tornou-se alma vivente Gênesis 2:7. E, na visão do vale de ossos secos, vemos outra associação do vento com o Espírito vivificante Ezequiel 37:9-10. Desde o Pentecostes, Deus dá vida à sua igreja por meio do Espírito Santo. Esta ocasião marcou o início de colheita de almas e de uma nova vida transformadora e inspiradora para a Igreja.

Semelhança de Línguas de fogo

O fogo também os lembraria da pregação de João Batista : ‘Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo...’ Mateus 3:11. O fogo é poderoso, ele ilumina, purifica, queima (pecados e injustiças) e inflama os corações de paixão para cumprir o propósito de Cristo.

Outro símbolo interessante é a semelhança com línguas repartidas - o poder para anunciar o Evangelho não vem de espadas ou estratégias humanas, mas da palavra (do argumento) usada no poder do Espírito. ‘Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor...’ (Zacarias 4:6). Homens simples e fragilizados foram fortalecidos para anunciar a Palavra da redenção em Jesus, da Judéia até os confins da terra Atos dos Apóstolos 1:8.

Cheios do Espírito falaram noutros idiomas

Por ocasião da festa havia muitas pessoas piedosas reunidas no dia de Pentecostes para celebrar a entrega da Lei de Deus no monte Sinai. Eram pessoas vindas de diferentes lugares do mundo e que agora passavam a ouvir a mensagem de Cristo nos seus próprios idiomas. Como isso era possível se eram pessoas analfabetas (iletradas)? Todos ficaram maravilhados com isso Atos dos Apóstolos 2:5-12.

Depois da ousada pregação de Pedro, essas pessoas ficaram grandemente impactadas, aflitas pela sua condição e culpa. Pedro apenas apresentou as ‘boas-novas’ de que Cristo pagou o preço por eles e os perdoaria se se arrependessem (Atos dos Apóstolos 2:38). O grande resultado foi o arrependimento e batismo de cerca de 3 mil pessoas.

O significado do Dia de Pentecostes

O Pentecostes foi um marco de transição na história. Este evento não só marcou a vida daquelas pessoas no primeiro século, como também marcou o início da Igreja Cristã. Ocorreu no dia de Pentecostes a reforma e reorganização do Judaísmo na Fé Cristã. Milhares de judeus compreenderam a revelação clara e perfeita concedida através da chegada do Espírito do Senhor.

Deus concedeu a Sua Lei perfeita, através do Verbo que se tornou carne -Jesus Cristo - e agora confirmava a Sua presença, através da pessoa do Espírito Santo. Essa chegada cumpriu a promessa do dom do Espírito, feita a todos quanto o Senhor chamar (de todos os povos, línguas e nações) - Atos dos Apóstolos 2:38-39. A Nova Aliança confirmada pelo sangue e pelo Espírito, agora marcava o início do fim. Sem sombras ou figuras, o Espírito Santo agora governaria sobre a Igreja do Senhor.

O Pentecostes no Velho Testamento

Pentecostes é uma palavra grega que significa ‘quinquagésimo’, porque acontecia 50 dias depois da Páscoa. Outros nomes que a Bíblia dá ao Pentecostes são :

  • Festa das Semanas – porque acontecia sete semanas depois da Páscoa (50 dias são sete semanas) – Levítico 23:15-16
  • Festa da Colheita dos Primeiros Frutos – porque celebrava o início da colheita desse ano – Números 28:26

A festa do Pentecostes servia para agradecer a Deus pela comida que Ele providenciava. Acontecia no fim da primeira colheita do ano e os judeus se juntavam para oferecer uma porção da colheita a Deus. O Pentecostes era uma grande celebração, que todos os judeus deviam participar em Jerusalém.

O Pentecostes também se tornou uma celebração da Lei de Deus. Algumas semanas depois da primeira Páscoa, quando os israelitas saíram do Egito, eles chegaram ao monte Sinai, onde Deus deu a Moisés os Dez Mandamentos e a Torá. É muito significativo a associação entre a origem do Pentecostes no AT, em que a Lei de Deus foi promulgada, e em Atos 2, onde a presença de Deus foi concedida, marcando o início da Igreja de Cristo.

O Pentecostes no Novo Testamento

No tempo de Jesus muitos judeus moravam em outros países mas eles visitavam Jerusalém para celebrar o Pentecostes (Atos dos Apóstolos 2:5). Depois que Jesus morreu e ressuscitou na Páscoa, seus discípulos ficaram em Jerusalém, esperando a chegada do Espírito Santo.

No domingo de Pentecostes, pela manhã, o Espírito Santo desceu como um vento forte e línguas de fogo e os discípulos começaram a falar em outras línguas que não conheciam (Atos dos Apóstolos 2:1-4). Os judeus de outros países ficaram surpreendidos porque cada um ouvia a língua de seu país! Então Pedro pregou o evangelho para a multidão e nesse dia três mil pessoas se converteram.

O Pentecostes foi a primeira vez que os discípulos receberam o Espírito Santo e pregaram o evangelho completo. Também marcou o início da expansão da igreja, que continua até hoje.

O Pentecostes no Velho Testamento era um símbolo apontando para o Pentecostes do Novo Testamento. Naquele dia, os discípulos fizeram a primeira grande ‘colheita’ do evangelho (Atos dos Apóstolos 2:40-41). Também nesse dia foi anunciado aos judeus a nova Lei de Deus : a lei da graça e da salvação em Jesus.

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://www.respostas.com.br/o-que-e-o-pentecostes/

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Charles de Foucauld e o deserto da vida

 Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo do Padre Geovane Saraiva,

jornalista, colunista e pároco

de Santo Afonso de Fortaleza, CE


‘É do conhecimento de muitos, na civilização cristã, que Jesus de Nazaré confidenciou a São Bernardo que sua maior dor, desconhecida em parte pela criatura humana, é a chaga decorrente do peso de sua cruz salvadora, na seguinte manifestação : ‘Eu tinha uma chaga profundíssima no ombro, sobre o qual carreguei minha pesada cruz. Era ela a chaga mais dolorosa de todas, a qual as pessoas ainda hoje não a conhecem’. Fica, pois, o convite para que, por essa chaga, seja Deus honrado e louvado. Confiemos, pois, na sua segura resolução e retribuição, de tudo fazer por meio de suas feridas ocultas, na certeza de que nelas se encontram as dores da humanidade.

Em Charles de Foucauld, com seus propósitos concretos de vida no imenso deserto do Saara, temos o encontro e a descoberta progressiva e sempre maior do absoluto de Deus. Neste tempo que precede sua canonização, somos desafiados a percebermos um Deus verdadeiramente amigo, irmão e companheiro. Temos que ter como fundamento sua espiritualidade, do mais profundo do coração, envolvido e mergulhado no mistério de Deus. Nos seus ensinamentos do Evangelho, o da Cruz do Senhor, o deserto quer ser a água miraculosa e redentora para aqueles momentos difíceis, sequiosos e de grande aridez. A solidão, ou aridez, no exemplo do irmão D’Foucauld, permite-nos continuar a jornada do dia a dia, como sendo algo precioso e raro, uma dadivosa manifestação da bondade afável e terna de Deus : mérito, dom e graça.

Que o Evangelho da Cruz de Charles de Foucauld, aos olhos da fé, ajude o nosso deserto, despojando-nos de tudo o que nos impede de vivermos a proposta do Reino como um tempo de graças especiais. Deus quer se manifestar, abrindo caminhos, animando-nos com o alimento e com a água verdadeira, que, no seu próprio exemplo, fez sair água das pedras ou do rochedo, matando a fome e a sede de sua esposa sedenta : o povo de Israel. Na travessia do primeiro deserto, nota-se que se sucedeu o mesmo na vida das pessoas, mas com sua presença no meio do seu povo, na alegoria de Israel representado como se fosse sua esposa, que nem sempre soube corresponder ao amor de Javé.

Naqueles 40 anos no deserto, com limitações e vacilos pelos caminhos áridos, estéreis e enfadonhos, com Deus abominando a deslealdade e a infidelidade de seu povo, ele não deixou de lançar um didático convite, com o pedido clamoroso de não endurecer seu coração (cf. Sl 95, 8). Sua promessa, concedendo generosos benefícios, Deus quis contar com a adesão e a aquiescência da esposa : a de andar pelos bons caminhos e observar sua Lei, falando ao coração de sua gente, convocando para a conversão. Que o bem-aventurado Charles de Foucauld interceda a Deus por nós, acompanhando-nos e abençoando-nos em nossos desertos da vida. Assim seja!

 

Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1516939/2021/05/charles-de-foucauld-e-o-deserto-da-vida/