Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
O então padre Jorge Bergoglio e sua avó Rosa Vassallo
*Artigo
de Mirticeli Dias de Medeiros,
jornalista e mestre em História da Igreja, uma das
poucas brasileiras
credenciadas como vaticanista junto à Sala de Imprensa
da Santa Sé
‘Quando o papa está ‘quieto demais’, mesmo que esse
adjetivo não combine tanto com Francisco – convenhamos –, é sinal de que
decisões importantes estão por vir.
Em abril, depois de 3 semanas sem atividades de grande destaque
dentro do Vaticano, a aparente calmaria deu lugar a uma sequência de mudanças
que só demonstram o quanto o pontífice está empenhado em seu projeto de
reforma. O pragmatismo do santo padre é tão evidente, que ele nem esperou a
publicação da nova constituição apostólica de reestruturação da cúria romana,
prevista para junho, para mexer em algumas questões.
Do ponto de vista administrativo, o fim do foro privilegiado dos
cardeais foi, sem dúvida, a medida que mais chamou a atenção. Porém, não foi só
a estrutura que sentiu o impacto dos ‘ventos bergoglianos’, que quando
pairam sobre Cúria Romana, vêm em forma de rajada. Esta semana, as paróquias do
mundo todo foram surpreendidas com a notícia de que o ofício de catequista
passará a ser um ministério instituído, como os ministérios acolitado e leitorado,
por exemplo. O decreto entra em vigor no dia 11 de maio através da publicação
do motu proprio Antiquum Ministerium. Mas o que muda?
Ao que tudo indica, o texto estabelecerá regras para a escolha e
formação dos catequistas. E a atividade, até então considerada bastante
informal, receberá, na prática, um reconhecimento especial e oficial por parte
da instituição.
Quem não se lembra daqueles que nos prepararam para a primeira
comunhão? Esses ‘mestres da fé’ certamente integram a lista de memórias
da nossa infância. E mesmo que o ex-catequizando não continue participando da
Igreja, nunca vai esquecer onde ouviu a história do filho pródigo, de Noé ou de
Jonas pela primeira vez. Como usar a expressão ‘fazer o bem sem olhar a quem’
sem associá-la à parábola do bom samaritano?
O nome do documento, que oficializa a decisão do pontífice, já é,
em si, bastante sugestivo. Em português, significa ‘ministério antigo’,
já que, de fato, é uma das atividades mais antigas da história da Igreja. Sem
contar que Francisco já planejava elevar esse serviço à qualidade de ministério
há alguns anos, por considerá-lo uma vocação, não uma simples função pastoral.
Maria foi a catequista do Filho de Deus. Jesus Cristo catequizou
seus discípulos. Os primeiros cristãos criaram uma verdadeira escola de
preparação para o batismo. E, nessa época, o papel das mulheres se destaca, uma
vez que, em algumas comunidades cristãs, eram justamente as diaconisas as
formadoras dos recém-convertidos.
A catequese sempre foi considerada a essência da ação
evangelizadora do catolicismo. Francisco, como bom jesuíta, sabe disso. E como
neto de dona Rosa, ‘la luchadora’, como ele carinhosamente se refere à
mãe do seu pai, também. Foi ela quem ensinou o garoto Jorge a ir às procissões
da Semana Santa, a fazer reverência ao crucifixo, a rezar o terço.
Como isso, ele também homenageia sua avó e tantas outras que, até
hoje, prepararam jovens e adultos para receber os sacramentos. Ele acredita
que, por trás de um bom padre – com ‘cheiro de ovelhas’, como ele gosta
de dizer –, muitas vezes há um ótimo catequista que o instruiu. E por trás de
um bom catequista, um bom cristão. E é esse ciclo que Francisco não quer
romper.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1514747/2021/05/o-poder-dos-catequistas-na-visao-de-francisco/
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