Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo da reportagem local da Aleteia
‘O tema de Cabo Delgado esteve em destaque ontem na apresentação
em Lisboa do Relatório
sobre a Liberdade Religiosa no Mundo da Fundação AIS.
Guilherme d’Oliveira Martins, que apresentou o documento, classificou de ‘dramática’
a situação que se vive nesta província no norte de Moçambique, e considerou
essencial a cooperação entre todas as organizações presentes no terreno no apoio
às populações.
‘A situação é dramática e é indispensável que todos ajudem
estas populações, designadamente as instituições da sociedade civil e as
organizações de base religiosa [que] não podem deixar de ter um papel positivo
sobretudo na proteão das pessoas que estão vulneráveis e que são objeto de
violência de morte.’
O administrador-executivo da Fundação Calouste Gulbenkian
sublinhou durante a sessão de apresentação do Relatório, que decorreu ontem de
manhã numa sessão virtual, o papel que o Estado moçambicano deve desempenhar
neste conflito causado por grupos terroristas que têm vindo a atacar aldeias,
vilas e cidades desde 2017 e que já causaram mais de dois mil mortos e mais
também de 700 mil deslocados.
Vazio de autoridade
‘É indispensável que haja uma intervenção corajosa por parte da
Estado moçambicano’, disse Oliveira Martins, acrescentando que ‘esta questão é
absolutamente crucial para não gerar situações de vazio de autoridade’. ‘Deve
haver [também] um apoio da comunidade internacional para que não haja um vazio
de autoridade e para que haja a possibilidade efetiva de proteção e de
salvaguarda das populações’, disse ainda.
Posição semelhante foi tomada por Catarina Martins de Bettencourt.
A diretora da Fundação AIS em Portugal enfatizou o papel da sociedade civil e
da Igreja no trabalho crucial de apoio às populações deslocadas pelo conflito,
lembrando que ‘Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, e as pessoas
desta região [de Cabo Delgado] são já de si muito pobres também…’
Catarina Bettencourt lembrou ainda que a Fundação AIS pertence a
uma ‘plataforma de várias organizações que está a tentar fazer um ‘lobby’
positivo no sentido de trazer esta questão para a agenda política de Portugal’,
sublinhando ainda o papel que o governo de Lisboa pode desempenhar durante o
primeiro semestre deste ano que corresponde à presidência portuguesa do
Conselho da União Europeia.
Catástrofe humanitária
Sobre o trabalho efectivo da Fundação AIS na ajuda humanitária às
populações de Cabo Delgado, lembrou que ‘já no fim do ano passado’ foi
enviada ‘ajuda de emergência para a Igreja alimentar, vestir, cuidar destes
milhares e milhares de deslocados’, e que sem essa ajuda, que tem de
continuar, ‘podermos assistir a uma calamidade, uma catástrofe humanitária
ainda maior’.
O caso de Cabo Delgado foi discutido já na parte final da
apresentação do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, trabalho de
investigação produzido a nível internacional pela Fundação AIS. Moçambique faz
parte de um conjunto de países retratados a vermelho no Mapa do Relatório por
causa da ‘perseguição’ e ‘discriminação’ aos crentes. É um mapa
que engloba o Afeganistão, o Bangladesh, mas também a China, Mianmar, Irão,
Coreia do Norte, Líbia ou Índia, num total de 26 países. O caso da Índia
mereceu comentários por parte de Guilherme d’Oliveira Martins, em resposta a
uma questão colocada no final da sessão de apresentação do Relatório. O facto
de estar agendada para a cidade do Porto uma cimeira entre a União Europeia
[EU] e a Índia, no âmbito da presidência portuguesa, pode ser importante para o
debate das questões relacionadas com os direitos humanos.’
Fonte : *Artigo na íntegra https://pt.aleteia.org/2021/04/25/mocambique-a-situacao-e-dramatica-em-cabo-delgado/
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