Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo de Fabrício Veliq,
teólogo protestante
‘A mensagem de Jesus é bem conhecida
por todos que se dizem cristãos e que, em algum momento, leram os evangelhos.
Ainda que muitas vezes não praticada, dificilmente alguém diria desconhecê-la.
Ou seja, qualquer um que se professa cristão, ao ser perguntado sobre a
mensagem de Jesus, tende a falar que esta trata do amor – ao próximo e a Deus.
Desse modo, o seguimento à vontade divina envolve, necessariamente, uma atitude
de amor frente ao mundo.
Contudo, mesmo sabendo e recitando
isso, percebe-se que não são tantos assim os que estão dispostos a esse
seguimento, o que se verifica tomando como prova nossa própria nação. Segundo o
último censo, cerca de 80% dos brasileiros se nomeiam cristãos. Entretanto,
somos um dos países de maior desigualdade social no mundo. Ora, tendo uma
maioria declaradamente cristã, o Brasil não deveria ser um lugar onde os
princípios do Reino seriam marca distintiva do viver de sua população? Sendo
composto majoritariamente por seguidores e seguidoras de Jesus, não deveria ser
um exemplo para o mundo de como é viver os princípios ensinados pelo Mestre?
Em outras palavras, ter uma população
que se denomina majoritariamente cristã e, ao mesmo tempo, ser um país exemplo
daquilo que Jesus não pregou – e, muito menos, viveria – é forte indício da
distinção e separação abissal entre essa suposta profissão de fé e o seguimento
real do Cristo.
Com isso em mente, pergunta-se : por
que, afinal de contas o conhecimento da mensagem evangélica não se converte em
prática? A meu ver, uma possível resposta está no fato de que amor não se dá
pelo conhecimento dogmático ou, muito menos, doutrinal de determinada religião.
Por mais que possamos, através de uma pedagogia do amor, mostrar como deve ser
a sociedade desejada pela mensagem de Jesus, amar é sempre decisão que parte do
indivíduo na direção do outro.
Essa decisão, por sua vez, não tem
como ser forçada. Não há como obrigar alguém a amar o outro, assim como não há
como amar por ele. Nesse sentido, a exigência de seguimento de Jesus demanda
uma escolha que deve ser tomada por cada pessoa, individualmente.
Quando lemos nos Evangelhos o chamado
de Jesus aos seus discípulos, o máximo que ele fez foi convidar : ‘Segue-me’.
A decisão de abandonar tudo e seguir partiu de cada um dos que o ouviram. Em
nenhum momento houve chantagem, coerção, proselitismo, vingança pelo não
seguimento. Ainda que os discípulos, em certa ocasião, tenham quisto atear fogo
celeste, consumindo todos aqueles que não quiseram seguir a mensagem
evangélica, Jesus os repreendeu afirmando que não sabiam sobre o espírito que
os animava.
Assim, o seguimento de Jesus, que é o
seguimento do amor – o que implica em buscar, na medida do possível, fazer
sempre o bem ao próximo –, rompe com toda lógica meramente discursiva e condena
todo discurso amoroso que não se mostra em atos.
Entre dizer que devemos amar uns aos
outros e, efetivamente, amarmos uns aos outros é que se encontra o desafio do
seguimento de Jesus. Só se aprende a amar amando e tal decisão é sempre
individual, que ninguém pode tomar por mim. Ficar no campo do discurso,
obviamente, é bem mais fácil. Porém, o que Jesus ordena a seus discípulos e
discípulas é amar por meio de ações concretas que visam o bem da humanidade. E
isso, necessariamente, demanda uma decisão da nossa parte.
Será que estamos dispostos a ouvir
esse chamado ao seguimento do Senhor hoje?’
Fonte : *Artigo na íntegra https://domtotal.com/noticia/1508906/2021/04/a-decisao-de-amar/
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