quarta-feira, 10 de julho de 2019

A vida de São Bento como uma reflexão para os dias de hoje


Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
*Artigo de Maíra Pires


‘G. K. Chesterton diz que cada século é salvo pelo santo que lhe é mais contrário. A simplicidade monástica de São Bento era justamente a resposta de que a corrupção e a opulência do decadente Império Romano precisavam. Ele respondeu à luxúria com a pureza, à avareza com a simplicidade, à ignorância com a sabedoria, à decadência com a indústria e ao cinismo com a fé. Suas comunidades nas montanhas se tornaram faróis em uma época de trevas e um refúgio para as tempestades que estavam prestes a cair.’

Falar das grandezas do reino dos céus sem escrever sobre São Bento é deixar de lado um dos maiores soldados de Jesus, sua fé transformou o ocidente de uma maneira única. Os mosteiros criados por ele são um reflexo da fé e da disciplina deste homem que de maneira tão simples, operou grandes milagres na terra. Alguns destes milagres, trarei neste texto, para tentar retratar a infinita beleza de sua obra.

São Bento de Núrsia, nascido Benedetto de Nórcia, nasceu na Umbria, Italia no ano de 480. Desde muito pequeno já demonstrou um gosto especial pela oração. O inicio de sua vida religiosa se deu em Núrsia, onde começou os primeiros estudos religiosos. Depois foi enviado para Roma para estudar retórica e filosofia.

A vocação de Bento o chamou para aprofundar seu aprendizado em uma gruta, ajudado por um abade Romano mudou-se com o intuito de viver como Eremita. As razões que fizeram São Bento deixar Roma são muito discutidas e aos olhos do mundo, pouco compreendidas, é o olhar da fé que torna claro suas razões. Bento foi chamado por Deus para viver o primeiro mandamento de forma radical, ao deixar a civilização Romana ele entendeu que para ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’ ele precisaria abandonar o mundo como o conhecia.

Trarei alguns milagres realizados por São Bento para mostrar a magnitude da fé deste monge (todos os milagres foram retirados do livro Diálogos de São Gregório Magno) :

No inicio do retiro, Bento foi tentado pelo demônio de diversas formas, vencidas as tentações, São Bento foi convidado para viver em um mosteiro, como Pai (este termo era usado pelos monges, e designava o mestre do mosteiro, homem o qual todos deviam seguir), Bento recusou este convite algumas vezes, mas pela insistência dos monges, acabou aceitando. Viveram alguns dias, e a piedade com que Bento tratava os aprendizes e as pessoas que iam até o Mosteiro começou incomodar os monges. Uma noite um deles envenenou o vinho de São Bento. Ele se sentou a mesa para comer e fez o sinal da cruz em frente ao alimento. O copo com vinho envenenado estourou, e percebendo o que aconteceu São Bento resolveu se retirar do monastério.

Um dia, Plácido, um dos monges do mosteiro, saiu para pegar água, ao se debruçar no rio, ele caiu na água, São Bento estava em oração e conseguiu ver o que se passava, chamou Mauro, um monge fiel que sempre o ajudava nas tarefas, para ir buscar o menino. Mauro saiu como o ordenado e foi até o rio. Chegando lá, pegou o menino pelos cabelos e o levou para a margem. Ao chegar a margem, Mauro viu que um milagre tinha acontecido : Ele não saiu molhado do rio, pelo contrário, a fé de São Bento construiu uma ponte, e ele pode andar sobre as águas. Ao voltar ao mosteiro, comentaram isto com o monge que atribui o fato a obediência de Mauro. Este fato foi relatado pelos monges que viveram com São Bento.

Em uma ocasião, a fome devastava a região do mosteiro, já faltava trigo para fazer pão e os monges tristes olhavam para São Bento que os dizia : não fiquem tristes, se falta trigo hoje, amanhã o teremos com abundância. Na manhã do dia seguinte, apareceram 200 sacos de farinha na porta do mosteiro, até hoje ninguém sabe como apareceram lá. Este trigo foi suficiente para alimentar os monges por um bom tempo.

Estes relatos mostram como a fé e a oração de São Bento sempre orientaram e auxiliaram os monges de diversas maneiras. De uma maneira virtuosa, os instruía e disciplinava, trazendo Cristo para a vida daquele mosteiro e dos diversos que até hoje seguem sua regra.

São Bento assimilou os ensinamentos de Jesus, e tornou a cruz possível, não existe dor que não foi aliviada aos pés do Nosso Senhor, nada é difícil se a certeza da cruz é um norte para sua vida, se a fé é viva e forte, o céu é sempre um destino alcançável.

A Regra de São Bento

Hoje a palavra regra vem carregada de um sentimento negativo, muitas pessoas ao ouvirem esta palavra hoje já negam no primeiro instante. É importante ressaltar que regra significa uma norma de vida um caminho seguro a se seguir.

‘A lei não visa, em primeiro lugar, rejeitar a liberdade das pessoas, mas sim, salvar justamente o bem comum da própria sociedade ou de qualquer comunidade. Neste sentido, uma lei justa não se apresenta como imposição, mas sim como a revelação de um modo de agir, como um caminho, que em certos casos pode ser o único, para impedir a desgraça. Por isso mesmo, existem normas que não necessitam ser formuladas por nenhuma autoridade, para serem válidas, pois já estão presentes nas próprias consciências das pessoas, tais como : ‘não deverás fazer aos outros o que não desejas que te façam; não matarás, não roubarás, não levantarás falsos testemunhos, não cobiçaras as coisas alheias’, e antes de qualquer outra : ‘amarás o seu Senhor teu Deus e ao teu irmão, como a ti mesmo’.

A Regula Benedicti foi destinada aos Monges de uma comunidade, mas deve ser seguida por todos, ela ressalta a autoridade de um abade e orienta as pessoas a crescerem no corpo de Cristo.

A regra de São Bento, também conhecida como Regula Benedicti, é o único documento deixado por São Bento para orientar seus discípulos. Ainda hoje, a regra de São Bento é uma escola para servir a Deus.

O objetivo não é criar um caminho árduo e sofrido, mas uma disciplina necessária que deve ser seguida para chegar ao céu. Ela estabelece sete horas de oração diárias. É composta por cento e cinquenta salmos que devem ser cantados ou rezados. A regra de São Bento é inspiração para qualquer Cristão nos dias de hoje.

A repetição dos versos mostram a beleza e a assiduidade da regra. É seguida até hoje pela beleza de seu conteúdo, ela valoriza os momentos de silencio e devoção que mostram que seguindo a regra chegaremos a Deus. Uma das características principais desta regra é a moderação.

A vida monástica para São Bento era uma forma de viver em comunidade para servir a Deus, a preferência por Cristo e pelo trabalho faz com que a opção pelas leis de Deus seja um exercício de amor e doação que mostram sua beleza.

Diferentemente das leis comuns, as regras cristãs orientam seus seguidores em como viver uma vida de oração e um caminho visando o desapego do mundo e do pecado, e buscam o amor pleno a Deus. Este caminho é traçado de acordo com o despertar da consciência dos cristãos.

São Bento nos mostra que todas as escolhas que tomamos ao longo da vida orientadas por Deus, serão sempre escolhas seguras. O silêncio e o afastamento do mundo são necessários para deixar que Deus cresça.

Bento nos mostra também que a oração é o caminho mais rápido para alcançar a Deus, que sua fé inabalável e sua piedade nos sirvam de exemplo.

A beleza da vida de São Bento mostra que todas as maravilhas que foram feitas em nossa alma são construídas por Deus. Se deixarmos as sementes florescerem teremos um jardim maravilhoso, no qual Cristo rega o crescimento de cada flor.


Fonte :

4 comentários:

Unknown disse...

Muito lindo! Que bela leitura.obrigada.

Gil disse...

Fica cada vez mais evidente que a oração e o começo e o fim de todas as necessidades, inclusive para chegarmos ao ceu.

Gil disse...

Fica cada vez mais evidente que a oração e o começo e o fim de todas as necessidades, inclusive para chegarmos ao ceu.

Alex disse...

Pela poderosa intercessao de nosso Santo Pai Bento consegui alguns milagres em minha vida. Esse texto só me inspira mais ainda para perserverar com muita confianca na fé!

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