Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Silvonei José,
jornalista
‘O
Vaticano voltou a reafirmar nesta semana a inviolabilidade do segredo da
confissão em resposta a iniciativas legislativas de vários países para revelar
casos de abuso sexual de padres conhecidos em confissões.
Numa
nota da Penitenciaria Apostólica, a Santa Sé indicou que não admite exceções ‘nem
no âmbito eclesial nem no âmbito civil’ ao segredo da confissão, porque ‘provém
diretamente do direito divino revelado’ e ‘está enraizado na própria natureza
da Santa Comunhão’.
‘De
fato, a essência do cristianismo e da Igreja está encerrada no sacramento da
Reconciliação’, acrescenta a nota assinada pelo penitenciário-mor, cardeal
Mauro Piacenza, que foi aprovada no dia 21 de junho passado pelo Papa Francisco
e divulgada nesta semana.
Aponta-se
que ‘uma certa ânsia de informação se espalhou nas últimas décadas... até o
ponto em que o 'mundo da comunicação' parece querer 'substituir' a realidade’.
Segundo
a Penitenciaria, ‘ao invocar a opinião da opinião pública como último
tribunal, muitas vezes são divulgadas informações de todos os tipos, inclusive
em relação às esferas mais privadas e confidenciais’.
Isso
inevitavelmente afeta a vida eclesial e induz a ‘julgamentos imprudentes,
prejudicando de forma ilegítima e irreparável a boa reputação dos outros, bem
como o direito de cada pessoa a defender sua privacidade’, observa a nota.
Fala-se
da existência de um ‘preocupante preconceito negativo para com a Igreja
Católica’, especialmente a partir dos escândalos de abusos, ‘horrivelmente
perpetrados por alguns membros do clero’.
Por
esta razão, acrescenta-se que, mesmo depois das declarações dos episcopados de
países que tentam introduzir iniciativas contra o segredo da confissão, a Santa
Sé intervém para reafirmar os princípios do segredo confessional.
‘O
confessor, segundo o Código de Direito Canônico, nunca está autorizado, por
qualquer razão, a trair o penitente com palavras ou de qualquer outra forma’,
recorda.
É
também ‘absolutamente proibido ao confessor fazer uso do conhecimento obtido
com a confissão’.
O
sigilo sacramental ‘deve ser mantido’ mesmo se o confessor não conceda a
absolvição.
O
cardeal Piacenza recordou ao Vatican News que ‘é oportuno destacar que o
texto da Nota não pode e não quer ser de algum modo uma justificação ou uma
forma de tolerância dos execráveis casos de abusos perpetrados por parte de
membros do clero’. ‘Nenhum compromisso é aceitável no promover a
proteção dos menores e das pessoas vulneráveis e na prevenção e combate a todas
as formas de abuso, no espírito do que tem sido constantemente reafirmado pelo
Papa Francisco e recentemente regulado com o Motu Proprio 'Vox estis lux mundi'
(7 de maio de 2019)’.
‘Ao
publicar a Nota sobre a importância do fórum interno e a inviolabilidade do
sigilo sacramental - acrescenta -, é certa convicção da Penitenciaria de que ‘a
defesa do sigilo sacramental e a santidade da confissão nunca poderão
constituir alguma forma de conivência com o mal, ao contrário, representam o
único verdadeiro antídoto ao mal que ameaça o homem e o mundo inteiro; são a
real possibilidade de abandonar-se ao amor de Deus, de deixar-se converter, e
transformar-se por este amor…’.
De
acordo com o penitenciário-mor, além disso, no que diz respeito à ‘absoluta
inviolabilidade do sigilo sacramental’, ‘é essencial insistir sobre a
incomparabilidade do sigilo confessional com o sigilo profissional a que estão
sujeitas certas categorias (médicos, farmacêuticos, advogados, etc.), a fim de
evitar que as legislações seculares a apliquem ao sigilo - inviolável –,
derrogações legitimamente previstas para o segredo profissional.’
O
segredo da confissão ‘não é uma obrigação imposta a partir do exterior, mas
uma exigência intrínseca do sacramento e, como tal, não pode ser cancelado nem
mesmo pelo penitente’. O penitente não fala ao confessor-homem, mas a Deus,
portanto tomar posse daquilo que é de Deus seria um sacrilégio.’
Fonte
:
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2019-07/o-penitente-fala-a-deus.html
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