Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo do Padre José Antonio Pagola
‘A Jesus preocupava-o que os seus seguidores
terminassem um dia desalentados ao ver que os seus esforços por um mundo mais
humano e ditoso não obtinham o êxito esperado. Esqueceriam o reino de Deus?
Manteriam a sua confiança no Pai? O mais importante é que não esqueçam nunca
como hão de trabalhar.
Com exemplos tomados da experiência dos camponeses
da Galileia anima-os a trabalhar sempre com realismo, com paciência e com uma
confiança grande. Não é possível abrir caminhos para o reino de Deus de
qualquer forma. Têm de ver como Ele trabalha.
O primeiro que têm de saber é que a sua tarefa é
semear, e não colher. Não viverão pendentes dos resultados. Não lhes há de
preocupar a eficácia nem o êxito imediato. A sua atenção deverá centrar-se em
semear bem o Evangelho. Os colaboradores de Jesus devem ser semeadores. Nada
mais.
Depois de séculos de expansão
religiosa e grande poder social, nós cristãos temos de recuperar na Igreja o
gesto humilde do semeador. Esquecer a lógica do colhedor, que sai sempre a
recolher frutos, e entrar na lógica paciente do que semeia um futuro melhor.
O início de todo o semear é sempre humilde. Mais
ainda, trata-se de semear o projeto de Deus no ser humano. A força do Evangelho
não é nunca algo espetacular ou clamoroso. Segundo Jesus, é como semear algo
tão pequeno e insignificante como «um
grão de mostarda», que germina secretamente no coração das pessoas.
Por isso o Evangelho só se pode semear com fé. É o
que Jesus quer lhes fazer ver com as suas pequenas parábolas. O projeto de Deus
de fazer um mundo mais humano leva dentro uma força salvadora e transformadora
que já não depende do semeador. Quando a Boa Nova desse Deus penetra numa
pessoa ou num grupo humano, ali começa a crescer algo que a nós nos transborda.
Na Igreja não sabemos nestes momentos como atuar
nesta situação nova e inédita, no meio de uma sociedade cada vez mais
indiferente e niilista. Ninguém tem a receita. Ninguém sabe exatamente o que
deve fazer. O que necessitamos é procurar caminhos novos com a humildade e a
confiança de Jesus.
Tarde ou cedo, os cristãos, sentiremos a
necessidade de voltar ao essencial. Descobriremos que só a força de Jesus pode
regenerar a fé na sociedade descristianizada dos nossos dias. Então
aprenderemos a semear com humildade o Evangelho como início de uma fé renovada,
não transmitida pelos nossos esforços pastorais, mas sim gerada por Ele.’
Fonte :
Nenhum comentário:
Postar um comentário