Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Fabrício Veliq,
teólogo
protestante
‘‘Não
acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e
onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu,
onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem
furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração. Mateus
6:19-21’
Esses versículos, inseridos no chamado Sermão do
Monte que segue de Mateus 5 e vai até o capítulo 7 são muito conhecidos. Mesmo
sendo comumente ouvidos, na maioria das vezes, são associados somente às
questões de cunho espiritual e usados para fazer uma total dicotomia entre
coisas do céu e coisas da terra, termos esses entendidos não no sentido
bíblico, mas no sentido literal.
A princípio, podemos pensar que Jesus está fazendo
uma mera contraposição entre céu e terra e que, assim, devemos pensar somente
nas coisas que são do alto e ignorar as coisas que estão na parte de baixo,
numa espécie de pensamento de que nada aqui vale a pena e, ainda pior, que tudo
que é terreno recebe a reprovação de Deus.
Porém, ao se ter em mente que céu na Bíblia é
simplesmente um nome para Deus é possível reler esse versículo como sendo um
conselho para que guardemos nossos tesouros em Deus. Qual seria o motivo para isso? O texto nos
mostra dois: porque ali a ferrugem e a traça não o destroem e, o mais
importante de todos, porque ali onde está nosso tesouro ali estará o nosso
coração, o que, de maneira inversa pode ser dito que, onde está o nosso
coração, ali está o nosso tesouro.
Dizer que nosso coração está em algo quer dizer que
esse algo é o que define nossas prioridades e nosso comportamento diante das
situações do cotidiano. Dessa forma, se queremos encontrar onde está nosso
coração basta perceber onde ou em que colocamos a maioria das nossas forças e
nossa maior porção de tempo.
A chamada de Jesus, desse modo, nos confronta para
uma tomada de decisão que é justamente onde guardaremos nosso tesouro, se nas
coisas de Deus, ou se nas coisas terrenas. Se atentarmos ao Evangelho pregado
por Jesus é possível identificar quais são as coisas dos céus e quais são as
coisas da terra. As coisas dos céus, que é o mesmo que dizer a respeito das
coisas de Deus, são aquelas que têm a ver com o se importar com pobres,
marginalizados e esquecidos da sociedade, o que o texto de Mateus 25 deixa
muito claro quando afirma que fazer algo aos pequeninos é fazer ao próprio
Deus. Nesse sentido, empatia e misericórdia é o modo de viver de todo/a
aquele/a que decide por guardar seus tesouros nas coisas de Deus.
Por outro lado, com relação às coisas terrenas, é
sempre importante lembrar que terra aqui não tem a ver com o planeta, antes com
um sistema e uma forma de vida. Ser terreno, nesse sentido, é viver uma vida
que é voltada somente para si, movida pelo individualismo e sem se importar com
outros. Dessa forma, individualismo e egoísmo são marcas de todos/as que
decidem guardar o seu tesouro nas coisas terrenas.
Por sua vez, esse lugar onde nosso tesouro está não
fica em secreto de maneira que os outros não têm como saber onde o guardamos.
Lao Tsé já dizia que ‘A alma não tem
segredos que o comportamento não revele’. Esse ensinamento, então, serve de
critério para avaliação de toda coadunação entre discurso e prática. Em outras
palavras, muito além do discurso, é o comportamento que nos indica onde está o
nosso tesouro e, ao mesmo tempo, torna-o visível para todos/as que os observam
e estão atentos ao nosso modo de viver. Nesse sentido, é importante lembrar que
o grito de nosso comportamento é sempre maior que a ênfase de nossas palavras e
que nosso esforço deve ser sempre de, assim como Jesus, viver uma vida na qual
a nossa prática manifeste nosso discurso e nosso discurso seja reflexo de nossa
prática.’
Fonte :
* Artigo na íntegra http://domtotal.com/noticia/1269003/2018/06/onde-esta-o-seu-tesouro-ai-esta-o-teu-coracao/
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