Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
‘No Consitório Ordinário público desta quinta-feira
(28/06), serão criados pelo Papa Francisco 14 novos cardeais. A história do
cardinalato tem origens longínquas. A palavra deriva do latim ‘cardo/cardinis’,
em português ‘gonzo ou eixo’, algo que gira, neste caso, em torno do Papa. De
fato, o papel dos cardeais está estreitamente ligado não apenas com a eleição
do Pontífice, mas à colaboração com o Papa na sua função de Pastor da Igreja
universal, como explica o Código de Direito Canônico em mérito.
A origem dos cardeais
Na Igreja antiga o Papa tinha como colaboradores
alguns presbíteros responsáveis pelo cuidado das mais antigas igrejas de Roma,
diáconos que administravam o Palácio de Latrão e os sete departamentos de Roma,
e os bispos suburbicários, ou seja das dioceses próximas de Roma. A partir dos
colaboradores nasceram os cardeais e as três ordens : os cardeais-bispos, os
cardeais-presbíteros e os cardeais-diáconos.
Mas foi com Nicolau II, em 1059, que a eleição foi
reservada apenas aos cardeais bispos romanos e não mais ao clero da Diocese de
Roma. Em 1179, Papa Alexandre III ampliou este direito a todos os cardeais, e
foi no século XII que começaram a ser nomeados cardeais também os prelados
residentes fora de Roma.
Quem pode
ser nomeado cardeal
Até o século XX os leigos também podiam ser
nomeados cardeais e logo depois recebiam a ordenação diaconal, mas em 1918
Bento XV decidiu que todos os cardeais deveriam ser ordenados presbíteros. João
XXIII decidiu que deveriam ser ordenados bispos. Atualmente os cardeais podem
ser livremente eleitos pelo Papa entre os clérigos que tenham recebido pelo
menos o presbiterado. De fato, os últimos três Papas, elevaram à dignidade
cardinalícia também sacerdotes com mais de 80 anos, portanto sem direito a voto
no Conclave.
O
Consistório
Os novos cardeais são criados no Consistório.
Voltando atrás no tempo pode-se ver como o termo tenha suas origens na antiga
Roma : o ‘sacro consistório’ era o
conselho privado do imperador formado pelos seus colaboradores mais próximos.
Portanto os Consistórios são reuniões do Colégio Cardinalício e se dividem em
ordinários e extraordinários : os primeiros com os cardeais residentes em Roma,
enquanto que nos extraordinários devem participar todos os cardeais. O
Consistório para a criação de cardeais é o Ordinário Público.
Também é interessante saber que nem todos os nomes
dos cardeais são conhecidos com antecedência, pois há casos raros que o nome
não é revelado por razões de perigo e portanto para protegê-lo.
O
Conclave
No Conclave, os cardeais elegem o Pontífice.
Enquanto nos primeiros séculos o número oscilava entre 20 e 40, com o Papa
Sisto V, em 1586, foi fixado em 70, e por fim Paulo VI elevou o número de
cardeais eleitores para um máximo de 120. Um limite confirmado pelos
Sucessores, com algumas derrogações. Atualmente o Colégio conta com 212
cardeais, dos quais 114 eleitores e 98 não eleitores, e com o Consistório desta
quinta-feira (28/06) se somarão outros 14 novos cardeais, dos quais 3 não eleitores.
Foi o próprio Paulo VI com a Carta Apostólica Ingravescentem Aetatem a estabelecer o
limite de 80 anos para os cardeais que elegem o Papa. Hoje os cardeais são
provenientes dos cinco continentes e precisamente de 83 países.
Entre os cardeais há o Decano do Colégio
cardinalício, que é eleito e preside o Colégio dos Cardeais e o Conclave.
Também há a figura do Camerlengo que administra os bens da Santa Sé, assume a
sede vacante e convoca o Conclave. O primeiro dos cardeais-diáconos chama-se
protodiácono (que é cardeal há mais tempo) e deve anunciar ao povo cristão a
eleição do novo Papa com o conhecido Habemus
Papam.
Os sinais
Os sinais que distinguem a nomeação cardinalícia
são a designação de uma igreja de Roma (Título ou Diaconia), o anel, em uso
desde o século XII, e o barrete vermelho púrpura. Uma cor que caracteriza as
vestes dos purpurados e retoma o sinal de disponibilidade ao martírio.
Papa
Francisco e os cardeais
Nos Consistórios realizados pelo Papa Francisco, ele
recordou a todos os novos cardeais a sua vocação a servir. ‘Ele não vos chamou para vos tornardes
‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’.
Chama-vos para servir como Ele e com Ele. Para servir ao Pai e aos irmãos’,
disse no Consistório público de 28 de junho de 2017.
Convidou também para gastar a própria vida apoiando
a esperança do povo, como ‘sinais de
reconciliação’. ‘Amado irmão
neo-cardeal – disse em 2016 - o caminho para o céu começa na planície, no
dia-a-dia da vida repartida e compartilhada, de uma vida gasta e doada : na
doação diária e silenciosa do que somos. O nosso cume é esta qualidade do amor;
a nossa meta e aspiração é procurar na planície da vida, juntamente com o Povo
de Deus, transformar-nos em pessoas capazes de perdão e reconciliação’.
Outras significativas palavras do Papa foram no
Consistório de 2015, quando recordou aos neo-cardeais que o chamado é para
serem homens de esperança e caridade e no ano anterior dissera para serem
homens de paz.
Também recorda-se que o Papa Francisco, com um
Quirógrafo de 2013, instituiu o Conselho de Cardeais, chamado C9, para
coadjuvá-lo no governo da Igreja universal e propor a revisão da Constituição
Apostólica Pastor
bonus sobre a Cúria Romana.’
Fonte :
* Artigo na íntegra https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2018-06/papafrancisco-consistorio-cardeais-neocardeais.html
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