‘A Abadia
São Mauricio de Agaunum (Saint-Maurice de Agauno), no Cantão
suiço de Valais, celebra com um Ano Jubilar, a ser concluído em 22 de setembro
– os 1.500 anos de fundação. Em 1º de agosto passado, acolheu o 95º abade de
sua história, Jean Cesar Scarcella.
Foi
por desejo do Rei dos burgúndios, Sigismundo – o primeiro rei bárbaro a
converter-se ao cristianismo – que a Abadia de Saint-Maurice foi construída, em
22 de setembro de 515, sobre um maciço de rocha nos Alpes, em torno ao vale do
Rio Rodão. Sigismundo, que sucedeu ao pai Gondebaudo em 516, fez da abadia uma
meta de peregrinação para o seu povo, obrigado a segui-lo na adesão à nova fé.
Talvez por isto, tenha escolhido o lugar em que, em 381, o Bispo de Martigny eregiu
um primeiro santuário dedicado a acolher os restos mortais de São Maurício.
Também Maurício era pagão, um general romano que, convertendo-se ao
cristianismo, foi morto junto a todos os soldados da Legião Tebaica no final do
século III, pois se recusava a oferecer sacrifícios ao imperador.
A
mais antiga abadia da Europa Ocidental ocupada de modo permanente, desempenhou
um papel fundamental na história da região. O centro monástico – não obstante o
saque dos Longobardos em 574 – floresceu nos primeiros dois séculos de
existência, com 500 monges que se alternavam dentro da Igreja para oficiar o
rito da laus
perennis. O
ininterrupto louvor a Deus era o preço da expiação de seu fundador, Sigismundo,
manchado pela morte do filho Sigerico. Esta forma de oração foi mantida até o
século IX. No entanto, a presença dos monges começou a declinar, enquanto
diversos terremotos, obrigaram a reconstrução dos prédios.
Reis
e Imperadores arrogaram a sua posse na mudança das dinastias e das alianças
políticas. O Rei dos francos, Carlos, o Calvo (840-877) a obtém por meio do tio
materno Umberto, que a presenteou ao sobrinho Boson V de Provença. Em 888, foi
coroado em Saint-Maurice o primeiro Rei da Borgonha, Rodolfo.
Entre
1103 e 1147, Amadeu III de Savoia, que era um abade leigo, favoreceu o
renascimento do complexo monástico. Em 1128 os canônicos, que neste meio tempo
haviam substituído os monges - abraçaram a regra de Santo Agostinho.
A
Alta Idade Média foi o período em que a abadia desempenhou um relevante papel
político no território, pelos abades que acabaram tornando-se também Bispos de
Sion e portanto, Condes de Valais, e em outros casos, se aliando com a Casa de
Savoia em oposição ao Bispo-conde de Valais. Esta influência política cessou em
1789 com a revolução valesana, quando a Saint-Maurice torna-se abadia
territorial.
Em 3
de Julho de 1840 com o breve ‘In
amplissimo’ do Papa Gregorio XVI dirigido aos abades de Saint-Maurice, foi
concedido ‘in perpetum’ o título de
Bispos de Belém. Em 4 de agosto do mesmo ano, o próprio Papa com o breve ‘Ea est dignitas’ concedeu à abadia
numerosos privilégios, enquanto os confins com a Diocese de Sião foram
sancionados em 11 de outubro de 1933 com a Bula ‘Pastoralis cura’, do Papa Pio
XI
A
abadia, assim como a localidade de Saint-Maurice, formam o percurso da Via
Francígena – a antiga via das peregrinações em direção à Roma – e se coloca no
centro do diálogo intercultural e inter-religioso das diversas Igrejas Cristãs
presentes em seu percurso.
Em
1º de agosto, Jean Cesar Scarcella, o 95º abade da história da Abadia de
Saint-Maurice, recebeu das mãos do Bispo de Sion, Jean-Marie Lovey, as
insígnias pontifícias – o anel, a mitra e o báculo – enquanto a leitura do
mandato apostólico do Papa Francisco assinalou a ligação com a Igreja
universal. ‘Sim, o quero’, respondeu
o abade às perguntas do rito : a fidelidade ao compromisso canônico, a
instrução e a guia dos irmãos, a obediência à Igreja, a oração pelo povo de
Deus.
Em
um comunicado redigido pelo abade anterior, Joseph Roduit, os prelados da
Conferência Episcopal Suiça, da qual o abade faz parte, sublinharam a
importância da religião na história do país, ‘quer na promoção do bem, quer, às vezes, do mal, infelizmente
suscitado. Mesmo que a Suiça tenha conhecido as tristes guerras de religião – reiteram - é necessário reconhecer o papel essencial
das Igrejas. Elas perseveraram no anúncio do Evangelho’.
‘No contexto de um mundo que muda
constantemente – escreveu ainda o Abade Riduit – esta abadia permanece como um farol dentro da tempestade de ideias
que em tantas ocasiões buscaram desacreditar os valores da oração e a ação
cristã inspirada no Evangelho’.
São
Maurício é um dos santos mais populares da Europa ocidental. Existem mais de
650 lugares sagrados que levam seu nome na França. Mais de setenta cidades levam
o nome dele. Sua memória, junto com seus companheiros, é celebrada na Igreja em
22 de setembro. A maioria das relíquias dos corpos dos soldados cristãos da
Legião Tebana, são veneradas no Convento de São Mauricio de Agaunum’.
Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/os-1500-anos-da-abadia-de-saint-mauriceum-farol-de
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