Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
Missionário
Comboniano
Tomo a frase de uma intervenção do senhor cardeal
António Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (chamada
no passado de Propaganda Fide e que na recente reforma da Cúria Romana faz
parte do agora chamado Dicastério para a Evangelização).
Mas o Papa Francisco também usa o verbo
«contar», anunciar em relação à missão cristã. Como quando diz
(na A Alegria do Evangelho (AE), números 8 e 9)
que «se alguém descobriu o amor (de Cristo) que lhe restitui o sentido da vida,
como pode conter o desejo de o (contar) comunicar aos outros?’ Ou quando
recorda a expressão de São Paulo «Ai de mim se não anuncio o Evangelho!» (1 Cor
9, 16). Ou quando refere que «o anúncio renovado é fonte de fecundidade
evangelizadora», pois Cristo é uma boa notícia eterna, «o mesmo hoje e sempre»
(Heb 13, 18). Ou quando nos recorda que a narrativa cristã não envelhece e que
«da vitalidade original do Evangelho nascem novos caminhos, formas de
expressão, sinais eloquentes, palavras cheias de fecundo significado’ (AE, 11).
Ao contar a história de Jesus, o Papa Francisco dedica
todo o capítulo terceiro da exortação apostólica A Alegria do Evangelho (números
111-175) reforçando a convicção de que a missão cristã vive da palavra das
testemunhas, de todos os cristãos e não só da homilia do sacerdote na
celebração eucarística; das testemunhas espera-se que contem o que viram e
ouviram, como já afirma São Paulo a respeito do querigma, do
anúncio, cristão : «transmiti-vos o que eu mesmo recebi» (1 Cor 11, 23).
Também no âmbito cultural, social e familiar, o Papa
Francisco insiste na importância do contar, da transmissão oral das
narrativas entre as gerações, particularmente quando se dirige aos jovens e
quando fala da necessidade de conservar as próprias raízes; ou quando fala dos
idosos e da necessidade de os jovens ouvirem os idosos e as narrativas que eles
verbalizam, para saberem de onde vêm e para onde vão, para serem ajudados no
desafio de encontrarem sentido para as próprias vidas.
Voltando ao nosso título e à expressão do cardeal, na
abertura de um simpósio universitário que debate a história de uma instituição,
em que os holofotes estão voltados para tantas histórias (de papas e cardeais,
de instituições e documentos...), a interrogação soa a provocação : «No mundo
contemporâneo, da inteligência artificial, do extremismo, da polarização, da
indiferença religiosa, da emigração forçada, dos desastres climáticos... como
será contada a história de Jesus? E quem contará esta história?»
Sim, num mundo com tantas histórias a contenderem a
primeira página dos jornais, a audiência das televisões, as emoções que correm
nas redes sociais, a nossa própria atenção e interesse, como será contada a
história de Jesus e quem a contará, se nós cristãos a não contarmos? Os
missionários – que abraçam o mandato de Jesus «ide pelo mundo inteiro’ –
respondem à nossa interrogação; mas o desafio de contar a história de Jesus
dirige-se a todos os cristãos e aguarda de todos nós uma resposta criativa, à
altura dos tempos que nos toca viver.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/892/quem-contara-a-historia-de-jesus/
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