Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
da Redação da Além-Mar
‘José Ambrosoli nasceu a 25 de Julho de 1923 em Como,
no Norte da Itália. Depois do ensino secundário, José inscreveu-se na Faculdade
Médico-Cirúrgica da Universidade de Milão, mas teve de interromper os seus
estudos por causa da Segunda Guerra Mundial.
Após o armistício de 8 de Setembro de 1943 [Armistício
de Cassibile, mais propriamente a rendição incondicional da Itália], arriscando
a sua vida, comprometeu-se a ajudar um grande número de judeus, ex-militares e
desertores da República Italiana, destinados aos campos de concentração nazis,
a procurar refúgio na Suíça. As autoridades da República de Salò alistaram-no e
enviaram-no com outros estudantes de Medicina para a Alemanha para o campo de
treino em Heuberg (Estugarda). Durante este tempo, amadureceu a sua vocação
missionária.
Após a guerra, retomou os seus estudos médicos e
formou-se em 1949. Ingressou nos Missionários Combonianos do Coração de Jesus.
Fez os seus primeiros votos e foi ordenado sacerdote a 17 de Dezembro de 1955.
Partiu para África um mês e meio depois. Na missão de Kalongo fundou o hospital
que serviu como médico-cirurgião por mais de trinta anos.
Médico
da caridade
Em Kalongo, José contribuiu com o seu trabalho incansável
para levar a pleno florescimento as obras de saúde da missão. Com o seu
trabalho desenvolve o centro de saúde de Kalongo e consegue que seja declarado
hospital. A estrutura é grande e funcional : 350 camas e 30 pavilhões. Também
inicia uma escola para preparar obstetras e enfermeiras. Mais tarde, associou
também o hospital de Kalongo aos centros que podiam atender os doentes de
lepra.
O serviço do P.e José, realizado com
tenacidade e fortaleza, foi constantemente inspirado por uma frase sua que o
definiu e o fez entrar no coração de todos os que eram tratados por ele com
total dedicação, infinita ternura e competência : «Deus é amor e eu sou seu
servo para o povo sofredor.» O P.e José caracterizava-se pela
sua grande hospitalidade e generosidade, foi para todos os que o encontravam a
boa notícia do Deus Pai misericordioso.
Em 1984, os médicos detectaram-lhe uma insuficiência
renal significativa e aconselharam-no a não voltar a África ou, no máximo, a
dedicar-se apenas a tarefas administrativas e a abster-se de fazer trabalho que
ocasionasse um grande desgaste físico, nomeadamente realizar operações.
Entretanto, a guerra civil, que varreu o Norte do
Uganda, causou bastante problema ao P.e José. Os soldados do
Norte, enfurecidos pela derrota, procuravam pessoas do Sul para vingar-se. O
hospital estava cheio de ugandeses do Sul que tinham procurado refúgio. Mais de
uma vez, o missionário teve de enfrentar soldados armados no portão do
hospital, pois queriam entrar à procura de «inimigos escondidos».
Em Janeiro de 1986, o novo regime de Yoweri Kaguta
Museveni instalou-se em Campala. Após alguns meses de relativa calma, os
soldados acholis reorganizaram-se e lançaram um movimento guerrilheiro. Em
Janeiro de 1987, o exército, incapaz de resistir à situação de assédio
constante por parte dos guerrilheiros, forçou todo o pessoal de Kalongo a
abandonar a missão.
Os missionários foram para a cidade de Lira. A única
preocupação do P.e José era encontrar um novo lugar para a
escola de parteiras, para que as alunas não perdessem o ano letivo. Depois de
um mês de esforços e dificuldades intermináveis, a escola estabeleceu-se na
missão de Angal, na região ugandesa do Nilo Ocidental.
A saúde do P.e José, já minada por
graves insuficiências renais, agravou-se em resultado destes enormes esforços e
sacrifícios. Quando regressou a Lira, no início de Março de 1987, para
organizar a transferência das alunas e das religiosas responsáveis pela escola,
adoeceu com insuficiência renal aguda.
Colaborou em tudo para se preparar e partir ao
encontro de Deus. Coube ao P.e Marchetti, seu companheiro,
colher as suas últimas palavras no dia 27 de Março de 1987 : «Senhor, faça-se a
tua vontade – depois como um suspiro – mesmo que fosse uma centena de vezes.»
Beatificação
O P.e José foi beatificado no dia 20
deste mês de Novembro (a cerimónia foi adiada dois anos por causa da pandemia),
na paróquia de Kolongo, lugar onde viveu e trabalhou como missionário. No dia
28 de Novembro de 2019, o Papa Francisco tinha autorizado a Congregação para as
Causas dos Santos da Santa Sé a publicar os decretos relativos a três milagres,
de entre os quais o milagre atribuído à intercessão do novo beato: uma senhora
com um tumor maligno foi curada miraculosamente no hospital de Kalongo.’
Fonte : *Artigo na íntegra
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