Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)
*Artigo
de Rita Valadas,
Presidente da Cáritas portuguessa
‘No horizonte do Dia Mundial dos Pobres, somos este ano
provocados pelo Santo Padre a «refletir sobre o nosso estilo de vida e as
inúmeras pobrezas da hora atual», somos naturalmente convocados a olhar o que
fazemos. São tempos muito difíceis estes. A realidade do mundo, a nossa
realidade social e a consciência do muito que está já a chegar, não nos sossega
e não nos deixa distrair. Entre crises sucessivas, desastres naturais e
sanitários, guerras, desinformação, riscos, angústia e fome, percebemos que temos
de olhar a pobreza de uma forma ativa que envolva todos os recursos e conte com
todas as pessoas, mesmo as mais vulneráveis. Todos temos trunfos que devem ser
usados no apoio às vulnerabilidades e muitas vezes ousamos não os considerar.
Agir
em rede é um imperativo e um desafio que a rede Cáritas tem tentado perseguir
no âmbito local, diocesano, nacional e mundial. A pobreza ouve-se e vê-se se
estamos próximos, mas numa crise distante também podemos fazer a diferença, se
agirmos em rede. O olhar atento para o que se passa junto de nós (nas
paróquias) e a atenção comprometida com os apelos de emergência para o que vai
acontecendo no mundo.
Agir
sobre as realidades sociais é uma missão tão complexa quanto maior é a
complexidade dos problemas sociais que enfrentamos. Não há receitas prontas e a
solução que é boa num território pode não o ser num território vizinho. Não há
uma só pobreza, nem a pobreza é um fenómeno só do mundo do rendimento. A falta
de saúde, o isolamento, as fragilidades do ensino e conhecimento, a pobreza
digital e energética, todos os tipos de iliteracia configuram fragilidades que
nos atiram para a pobreza.
Há
um fenómeno de proteção que nos torna desatentos quando uma novidade se
sobrepõe a outra. Uma crise faz normalmente esquecer a outra e isso não pode
acontecer. Hoje, ainda temos de manter a proteção contra o contágio da
pandemia, prevenir problemas e riscos na saúde e ir acompanhando os novos
sinais. Este é o repto. Ouvir e cuidar, com a serenidade possível, os recursos
que pudermos partilhar, manter a consciência do que se passa no mundo e não
deixar de olhar para perto de nós.
«Não
é o ativismo que salva, mas a atenção sincera e generosa que me permite
aproximar dum pobre como de um irmão que me estende a mão para que acorde do torpor
em que cai», diz o papa. A guerra da Ucrânia fez brotar uma enorme onda
solidária e espero que, de forma organizada, possa ser um caminho e não um
acontecimento. Temos uma solidariedade abundante que não podemos deixar que se
torne em desperdício. Não podemos, como se usa dizer, deixar ninguém para trás.
Temos de pôr a render competências e talentos, reconfigurar a nossa ação para
podermos agir com propósito, resultados e harmonia e, ainda, reafirmar os afetos
com uma nova proximidade e o adequado distanciamento.
Com
o Dia Mundial dos Pobres inicia-se também a campanha 10 Milhões de
Estrelas – Um Gesto pela Paz. Uma iniciativa da Cáritas que,
simbolicamente, se materializa na venda de uma pequena vela, mas que tem um
significado muito maior do que isso. Mesmo gestos pequenos podem fazer a
diferença. Francisco diz esperar que o Dia Mundial dos Pobres «seja uma sadia
provocação». Vamos, então, fazê-lo
juntos.’
Fonte : *Artigo na íntegra
https://www.combonianos.pt/alem-mar/opiniao/4/835/dia-mundial-dos-pobres-uma-sadia-provocacao/
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